Foi resgatado pelo UOL (07/04/11) levantamento feito pelo Centro de Estudos de Finanças Pessoais e Negócios (Cefipe), em 2008, que conclui com base em dados estimados algo que está intuitivo para o proprietário de automóvel em São Paulo. Em metrópole com 7 milhões de veículos e vários problemas de trânsito como São Paulo, quem opta por circular de táxi pela cidade pode economizar mais de R$ 1 mil por mês em relação àquele que tira da garagem o carro próprio para se deslocar. Cabe atualizar o estudo e fazer uma conta pouco diferente.
Na realidade, poucos percebem essa grande economia, pois a maioria das pessoas considera apenas o combustível, o seguro, a manutenção e os impostos no cálculo do custo do segundo carro próprio. É necessário acrescentar à conta uma série de outros fatores, como a depreciação do automóvel e o que o proprietário ganharia se a mesma quantia estivesse investida em aplicação financeira, isto é, o custo de oportunidade. Andar de táxi é mais barato do que ter que pagar IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores), gasolina, seguro e todas as outras despesas.
O estudo da Cefipe foi realizado há três anos, com o objetivo de mostrar que, na maior parte dos casos, ter segundo carro na garagem, para ser usado no “dia do rodízio”, não é vantajoso para as famílias se deslocarem em centros urbanos como São Paulo. Atualizados pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor – Amplo), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), os valores da tabela acima devem receber acréscimo de 15%.
O levantamento realizado pelo Cefipe considerou todos os custos que incidem sobre carro de R$ 40 mil, desde taxas e impostos, como licenciamento e IPVA, até os gastos com manutenção e seguro, passando pelas despesas do dia a dia – combustível, lavagem e troca de óleo, entre outras.
De acordo com o Cefipe, há custos que geralmente não são levados em consideração por aqueles que elaboram conta mental rápida, antes de se decidir pelo carro próprio. A depreciação, por exemplo, dependendo do modelo ou do ano, um carro chega a perder 1% de seu valor por mês, neste caso, foi considerado R$ 400.
O cálculo da depreciação varia de acordo com o modelo do segundo veículo. No caso de automóveis de luxo, a comercialização é voltada ao status e design atualizado, tendendo de fato à depreciação considerável (20% logo que sai “zero km” da agência de automóveis) por causa da baixa procura pelos modelos usados. Por isso, para quem não é “novo rico”, e não liga tanto para status, mas sim para o valor de uso do carro, o melhor negócio é comprar importado alemão, depois do fim do prazo de garantia, e ficar 20 anos com ele. É o que fazem os milionários tradicionais norte-americanos.
Mas, em se tratando de veículos compactos, como os “populares” e as pickups de modelos leves, a depreciação não é tão grande, chegando no teto de 10% ao ano. Nesse caso, a grande ressalva refere-se à variação do mercado: se surgir algum compacto mais barato, o preço do usado pode depreciar em níveis maiores. Em contrapartida, se o modelo aumentou de preço até o momento da venda, o usado acompanhará essa alta.
Outro cálculo necessário é o custo de oportunidade do carro. É quando se considera a oportunidade de ganho desperdiçada se o mesmo dinheiro, em vez de empregado para comprar o automóvel, fosse investido em alguma aplicação financeira. Na caderneta de poupança, o produto financeiro mais simples do mercado, R$ 40 mil representariam R$ 265 mensais.
Além dos R$ 665 até aqui contabilizados, o cidadão que optasse pelo táxi no lugar do carro próprio ficaria livre de multas, “zona azul”, estacionamentos e, no caso de batida no trânsito, ter de pagar a franquia do seguro. No total, segundo esse levantamento já bastante defasado, especialmente considerando-se o custo diário (R$ 15) ou mensal (R$ 300) de estacionamento, o custo mensal com carro próprio chegava a R$ 1.900. Eu contabilizaria em vez de R$ 167 com estacionamento (mensal, avulso e Zona Azul) cerca de R$ 450, ou seja, mais R$ 300. Considerando a equivalência em corridas de táxi, a despesa (R$ 2.200) permitiria, em média, 100 corridas por mês – ou cerca de três por dia: casa-escola/bar-casa!
Existem outros aspectos que contam a favor do táxi em relação ao carro próprio, como a possibilidade de não precisar se enervar com o trânsito, não perder tempo em busca de vaga para estacionar e poder falar ao celular sem receio de ser multado, bater ou ser assaltado. Se não se enervar com o rádio do motorista do táxi, ou com o próprio, ótimo!
Alguns chefes de família já se desfizeram do segundo carro, deixando as chaves do único automóvel da casa com a mulher, que faz uso do carro para levar e buscar os filhos na escola, fazer compras de supermercado, etc. Dirigem apenas nos fins de semana. De segunda a sexta, chamam táxi quando tem pressa, ou pegam ônibus, metrô e caminham a pé. É mais rápido do que engarrafamento e faz bem à saúde.
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