INSTITUTO DE ECONOMIA
CURSO DE GRADUAÇÃO
CE908 (catálogo até 2009) / CE858 (catálogo a partir de 2010) – TÓPICOS ESPECIAIS DE ECONOMIA III – “ECONOMIA NO CINEMA” (ELETIVA)
Prof. Dr. Fernando Nogueira da Costa
Objetivo: delinear uma alternativa ao ensino tradicional de Economia via livro-texto: usar filmes para aplicar conhecimento econômico em suas interpretações. O documentário é um meio visual e de áudio poderoso e atraente para a transmissão de informações. Complexos e, por vezes, intrigantes conceitos econômicos podem ser mais facilmente digerido por alunos cinéfilos. Eles se beneficiam de exemplos retirados de filme para ilustração de temas cuja análise pode ser reforçada através de discussão em classe. Conceitos podem ser introduzidos com de leitura de livros, reforçados através do cinema e, em seguida, fixados através de discussão. A intuição e a imaginação dos alunos estão envolvidos nesse processo por meio da ação de relacionar os conceitos que aprenderam, lendo ou assistindo aulas/palestras, com a “vida no mundo real” retratada de maneira artística nos filmes. Assim estimulados, os alunos se moverão em direção à apropriação intelectual do tema apresentado, o que implicará em retenção mental, em longo prazo, de conceitos econômicos.
Programa e Bibliografia:
Horário: terça-feira (21:00-23:00) e quinta-feira (19:00-21:00)
- 20/02/14 (5a.) – Apresentação da proposta do curso
Cena inicial de: 2001: Uma Odisséia no Espaço — flash-forward (também chamado de flash-ahead) em uma narrativa ocorre quando a sequência primária dos eventos na história é interrompida pela interposição de uma cena representando um evento esperado, projetado ou imaginado que ocorre no tempo futuro. Flashforwards são, usados para contar fatos que acontecerão após a sequência primária de eventos da história ou para completar um ponto crucial posterior ao momento, ou seja, histórias que se completam. Na direção oposta, um flashback revela eventos que ocorreram no passado. A técnica é usada para continuar a desenvolver um personagem. No caso dessa sequência inicial de cenas do 2001, ela é considerada a que contempla o mais longo flashforward já filmado, representando a evolução do ser humano desde as savanas até o espaço sideral.
Documentário da BBC sobre “Instintos Humanos” (4 Episódios: Sobrevivência; Desejo; Competição; Proteção), seguida de debate a respeito de roteiros e comportamentos instintivos ou racionais dos personagens.
Economia no Cinema: Experiência com Interdisciplinaridade
ROSENSTONE, Robert A. A História nos Filmes, Os Filmes na História. SP; Paz & Terra; 2010. pp. 262.
2. 25/02/14 (3a.): A Guerra do Fogo (1981) – 1:35:46
AULA 1 – Economia na Pré-História
3. 27/02/14 (5a.): EVOLUÇÃO HUMANA
Documentário em DVD duplo da National Geographic, baseado no livro: DIAMOND, Jared. Armas, Germes e Aços: Os Destinos das Sociedades Humanas. Apresentação do Vol. 1: Saindo do Jardim do Eden: razões do sucesso europeu encontradas 13.000 anos, quando a agricultura e a pecuária começaram a se desenvolver na geografia privilegiada do “Crescente Fertil” no Oriente Médio / Conquista: Por que 168 conquistadores espanhois derrotaram um exército de 80.000 soldados do Império Inca no Peru? — 106 min – 1h:46min
Armas, Germes e Aço: Os Destinos das Sociedades Humanas
Observação: CARNAVAL no dia 04/03/14 (3a.)
4. 06/03/14 (5a ) Apresentação do segundo DVD e Debate do Livro: DIAMOND, Jared. Armas, Germes e Aços: Os Destinos das Sociedades Humanas. Rio de Janeiro: Editora Record, 2001, original de 1997. Apresentação do Vol. 2: Entre os Trópicos: apesar da Geografia ter favorecido ao desenvolvimento europeu, quando os conquistadores enfrentaram o clima tropical encontraram dificuldades inesperadas na África, continente pleno de recursos naturais, mas ainda é o mais pobre do planeta. Por que? — 53 min
Leitura básica: Cap. 1, 4 e 5.
Leitura complementar:
Desenvolvimento do Cérebro Humano
O Terceiro Chimpanzé: A Evolução e o Futuro do Ser Humano I; O Terceiro Chimpazé II; O Terceiro Chimpanzé III
DIAMOND, Jared. O Terceiro Chimpanzé: A Evolução e o Futuro do Ser Humano. Rio de Janeiro: Record, 2010. pp. 430.
AULA 2- Leis de Movimento da Economia das Sociedades Humanas
5. 11/03/14 (3a.) ASCENSÃO E QUEDA DE IMPÉRIOS
Extras de Roma (HBO) – 1ª Temporada – Disco VI: Em Roma / Roma (HBO) – 2ª Temporada – Disco I: Um Conto de Duas Romas / Disco IV: Ascensão de Otávio: Primeiro Imperador de Roma (20 minutos cada extra).
Hebreus: Profetas Sociais Como Porta-Vozes do Deus da Cidadania
Cidadania em Cidades-Estado da Antiguidade Clássica
Ascensão e Queda das Grandes Potências
Apresentação de Grupo de Alunos e Debate do Livro: KEYNNEDY, Paul. Ascensão e Queda das Grandes Potências: Transformação Econômica e Conflito Militar de 1500 a 2000. Rio de Janeiro, Editora Campus, 1989. 675 páginas. Introdução, Cap. 1, 3 e 8.
AULA 3 – Economia na Antiguidade – Queda dos Impérios
Jaime Pinsky e Carla Bassanezi Pinsky (org.). História da Cidadania (6a. ed.). São Paulo; Contexto; 2013. 573 páginas
6. 13/03/14 (5a.) CIVILIZAÇÃO
Palestra legendada em português: http://blog.ted.com/2011/09/19/the-6-killer-apps-of-prosperity-niall-ferguson-on-ted-com/
Documentário Civilização: Ocidente X Oriente. Cap. 1 – Competição – 0:50min
Civilização: Ocidente X Oriente
Teorias dos Ciclos de Civilização
Capitalismo: Surgimento Tardio
Era das Grandes Navegações: Competição
Apresentação de Grupo de Alunos e Debate dos Capítulos: FERGUSON, Niall. Civilização: Ocidente X Oriente. São Paulo: Planeta, 2012. Prefácios e Introdução – pp. 9-44, Cap. 1 – Competição – pp. 45-77, e Conclusão: os Rivais – pp. 345-376
Aula 4 – Economia Medieval e Civilização Europeia
7. 18/03/14 (3a.) Documentário Civilização: Ocidente X Oriente. Cap. 2 – Ciência – 0:50min
Relação entre Religião e Ciência
Apresentação de Grupo de Alunos e Debate do Capítulo: FERGUSON, Niall. Civilização: Ocidente X Oriente. São Paulo: Planeta, 2012. Cap. 2 – Ciência – pp.78-126
8. 20/03/14 (5a.) Documentário Civilização: Ocidente X Oriente. Cap. 3 – Propriedade – 0:50min
Colonização das Américas e Direito à Propriedade
Apresentação de Grupo de Alunos e Debate do Capítulo: FERGUSON, Niall. Civilização: Ocidente X Oriente. São Paulo: Planeta, 2012. Cap. 3 – Propriedade – pp. 127-174
9. 25/03/14 (3a.) Documentário Civilização: Ocidente X Oriente. Cap. 4 – Medicina – 0:50min
Apresentação de Grupo de Alunos e Debate do Capítulo: FERGUSON, Niall. Civilização: Ocidente X Oriente. São Paulo: Planeta, 2012. Cap. 4 – Medicina – pp. 175-234
10. 27/03/14 (5a.) Documentário Civilização: Ocidente X Oriente. Cap. 5 – Consumo – 0:50min
Apresentação de Grupo de Alunos e Debate do Capítulo: FERGUSON, Niall. Civilização: Ocidente X Oriente. São Paulo: Planeta, 2012. Cap. 5 – Consumo – pp. 235-301
Processo Civilizador: de Guerreiros a Cortesãos
Processo Civilizador: Revolução Econômica
Revolução Industrial e Sociedade de Consumo em Massa
11. 01/04/14 (3a.) Documentário Civilização: Ocidente X Oriente. Cap. 6 – Ética do Trabalho – 0:50min
Apresentação de Grupo de Alunos e Debate do Capítulo: FERGUSON, Niall. Civilização: Ocidente X Oriente. São Paulo: Planeta, 2012. Cap. 6 – Ética do Trabalho – pp. 302-344
Antecedentes Hobbesianos e as Eras das Dinastias e Religiões
Três Correntes na Era da Soberania
Ideologias Contra-Iluministas e as Eras do Nacionalismo e da Ideologia
Civilização: Ascensão Lenta, Queda Súbita
12. 03/04/14 (5a.) ECONOMIA NA ERA DAS REVOLUÇÕES – TEMA: REVOLUÇÃO INGLESA (GUERRA CIVIL – REVOLUÇÃO GLORIOSA)
Cromwell (1970) – 2h15min – Início da projeção às 18:30.
13. 08/04/14 (3a.) Seminário sobre Revolução Inglesa: Transição Monarquia Absolutista – Parlamentarista (Conquista dos Direitos Civis)
Revolução Inglesa: Cidadania Liberal
Revolução Inglesa: Respeito aos Direitos dos Indivíduos
Revolução Inglesa: De Súditos A Cidadãos Eleitores
Seminário sobre Revolução Inglesa
14. 10/04/14 (5a.) ECONOMIA NA ERA DAS REVOLUÇÕES – TEMA: REVOLUÇÃO AMERICANA (GUERRA DA INDEPENDÊNCIA)
Revolução (1985) – 2h06min /O Último dos Moicanos (1992) – 2h02min – Início da Projeção: 18:50.
15. 15/04/14 (3a.) Seminário sobre Revolução Americana: Individualismo e Liberalismo (Conquista dos Direitos Políticos)
Revolução Americana: Estados Unidos, Liberdade e Cidadania
Cidadania Norte-Americana: Inclusiva Para Alguns E Excludente Para Muitos
Da Hegemonia Europeia À Hegemonia Norte-Americana
O Peso do Estado na Pátria do Mercado: Os Estados Unidos como País em Desenvolvimento
Políticas de Desenvolvimento da Infraestrutura por Governos dos Estados Unidos da América
Mudanças Estruturais dos Estados Unidos no Século XIX
Sociedade Norte-Americana: Urbano-Industrial e Financeira
O Departamento de Guerra e o Desenvolvimento Econômico Americano: 1776-1860: Resenha
Relação entre o Estado e o Desenvolvimento Econômico Americano
Departamento de Guerra e Desenvolvimento Americano 1776-1860 Tese de Nicholas Trebat UFRJ
16. 17/04/14 (5a.) ECONOMIA NA ERA DAS REVOLUÇÕES – TEMA: REVOLUÇÃO FRANCESA
Obs.: Pelo calendário escolar não haverá atividades nesta data e na segunda-feira, dia 21 de abril. Assistir, em casa, algum filme sobre Revolução Francesa.
Casanova e a Revolução (1982) – Dirigido por Ettore Scola – 2h06min
17. 22/04/14 (3a.) Seminário sobre Revolução Francesa: Conquista dos Direitos Humanos
Revolução Francesa: Liberdade, Igualdade e Fraternidade Como Metas Coletivas
Ideias Socialistas Que Romperam Fronteiras
18. 24/04/14 (5a.) ECONOMIA NA ERA DAS REVOLUÇÕES – TEMA: REVOLUÇÃO SOVIÉTICA
Sergei Eisenstein – Outubro (1928) – 1h43min
19. 29/04/14 (3a.) Seminário sobre Revolução Soviética: Democracia em Socialismo Realmente Existente (Conquista dos Direitos Sociais) X Estado de Bem-Estar Social (Social-Desenvolvimentismo)
Revolução no Cinema: O Encouraçado Potemkin
Outubro de 1917 por Serguei Eisenstein
Cidadania em SOREX: Socialismos Realmente Existentes
Estado de Bem-Estar Social e Defesa do Multiculturalismo
Reforma do Modelo Sueco do Estado de Bem-Estar Social
20. 01/05/14 (5a.) FERIADO – ECONOMIA PERIFÉRICA NO CINEMA – TEMA: DESCOLONIZAÇÃO
Assistir ao Filme: Hotel Ruanda (2004) – 2h:01min
21. 06/05/14 (3a.) Apresentação de Grupo de Alunos e Debate dos Capítulos: DIAMOND, Jared. Colapso: Como as Sociedades escolhem o fracasso ou o sucesso. Rio de Janeiro: Record; 2005. pp. 680. Cap. 10 – Malthus na África: o Genocídio em Ruanda / Cap. 11 – Uma ilha, dois povos, duas histórias: a República Dominicana e o Haiti
Palestra legendada em português: http://www.ted.com/talks/jared_diamond_on_why_societies_collapse
20 Anos Após: O Genocídio em Ruanda (por Ban-ki-moon)
Sequelas do Genocídio em Ruanda
Genocídio em Ruanda: Malthus na África
Ilusões Populares e a Loucura das Massas
22. 08/05/14 (5a.) ECONOMIA DO PETRÓLEO
Syriana, a Indústria do Petróleo (2005) – 2h06min
23. 13/05/14 (3a.) Apresentação de Grupo de Alunos e Debate do Livro: YERGIN, Daniel. O Petróleo: Uma História Mundial de Conquistas, Poder e Dinheiro. Rio de Janeiro: Paz & Terra; 2010. pp. 1080. Prólogo e Parte I – pp. 19-186 e Epílogo – pp. 887-900
Documentário da BBC Baseado no Livro O Petróleo de Autoria de Daniel Yergin
Política Energética no Brasil: A Questão do Petróleo
Aula sobre Economia do Petróleo no Brasil
15/05/14 (5a.) – PALESTRA
24. 20/05/14 (3a.) – ECONOMIA DA CRISE
https://www.youtube.com/watch?v=XLug0HNFONA
A Grande Virada (“Homens de Negócios” – 2011) – 1h35min
25. 22/05/14 (5a.) ECONOMIA DA ERA NEOLIBERAL
O Que Você Faria? (El Método) – 1h 55 min
26. 27/05/14 (3a.) Seminário sobre Era Neoliberal: Mercado de Trabalho de Economistas
Subversão da Economia: Relações Incestuosas entre Academia, Governo e Mercado
Remuneração de Executivos no Brasil
Remuneração Milionária de Executivos com Bônus
Concentração de Renda: Bônus e PLR dos Executivos Brasileiros
Incentivos de Curto Prazo: PLR e Bônus para Executivos
Top Executive Compensation 2013: Desnacionalização do Mercado de Trabalho de Executivos
27. 29/05/14 (5a.) ECONOMIA DA ERA DAS FINANÇAS
Margin Call – O Dia Antes do Fim (2011)
28. 03/06/14 (3a.) Seminário sobre Era das Finanças
Salário de Diretoria: Isca de Política e/ou Isca de Polícia?
Salário de Alto Executivo de Bancos Internacionais
Remuneração de Diretores e Conselheiros do Banco do Brasil e Petrobras
Remuneração da Diretoria e dos Conselheiros
Receita Federal versus Remunerações com Ações
Rendimentos dos Diretores Financeiros no Brasil: Mérito Profissional e/ou Relacionamento Pessoal?
Remuneração de Diretores e Conselheiros de Administração de Banco
29. 05/06/14 (5a.) – Apresentação do Professor de Uma Síntese do Curso:
https://fernandonogueiracosta.wordpress.com/2014/06/05/era-uma-vez-o-mundo/
30. 10/06/14 (3a.) – Apresentação Oral e Entrega da Resenha Individual Impressa (4 páginas)
Obs.:
12/06/14 (5a.) – Brasil X Croácia – Feriado – Início da Copa do Mundo
17/06/14 (3a.) – Brasil X México – Feriado – 2o. jogo
19/06/14 (5a.) – Corpus Christie – Feriado
Avaliação: apresentação oral na última aula de uma resenha escrita, em 4 páginas, avaliando o curso.
1. Estado da Arte: Qual era o seu conhecimento sobre os temas antes do curso?
2. Resumo do Curso: Descrição sumária do curso
3. Avanço: Quais foram as principais lições econômicas aprendidas nos documentários/filmes?
4. Contribuição pessoal: Qual é sua avaliação do curso? Por que? Sugestões?
Leia como referências para escrever esta resenha:
Economia no Cinema: Experiência com Interdisciplinaridade
https://fernandonogueiracosta.wordpress.com/2014/06/05/era-uma-vez-o-mundo/
https://fernandonogueiracosta.wordpress.com/2014/06/08/historia-da-humanidade/#more-32964
Critérios considerados na avaliação da resenha escrita:
- forma (ortografia, pontuação, acentuação, estilo, etc.);
- conteúdo (domínio da matéria);
- adequação (posicionamento pessoal quanto ao tema solicitado);
- coesão (relacionamento entre as partes, causalidades, deduções, etc.);
- coerência (fio-condutor do argumento, exposição com início-meio-fim, defesa da hipótese levantada, etc.).
Considere as sugestões de: Arte de Escrever e 30 Dicas Para Você Escrever Bem.
Avaliação: Em cada aula, serão avaliadas as apresentações orais (usando ou não PowerPoint) dos resultados de pesquisa por parte dos alunos, divididos em grupos, e as participações individuais no debate, segundo os seguintes critérios (pontos):
- SOFRÍVEL
- REGULAR
- BOA
- MUITO BOA
- EXCELENTE
Média Final Ponderada: ½ para a avaliação da apresentação e/ou participação nos debates durante todo o curso e ½ para a avaliação escrita final.
Prezado Fernando,
Gostaria de dizer-lhe, que venho acompanhado a programação e o conteúdo de seu curso “Economia no Cinema”, em voo solo desde o ano passado, e pelo que veja nos cursos online globalmente, diria, é admirável o conteúdo.
Esse artigo de Martin Jacques é sobre a China e as mudanças da geopolítica:
Martin Jacques: O Sonho Chinês- O Futuro em Perspectiva Histórica
http://engenhonetwork.wordpress.com/2014/02/22/martin-jacques-o-sonho-chines-o-futuro-em-perspectiva-historica/
Prezados geonautas,
Esse artigo de Martin Jacques, que fiz uma tradução livre abaixo, mais uma vez, coloca o mundo ocidental em estado de choque, devido ao tamanho das mudanças quando se olha à frente, é isso que faz com que o mundo ocidental continue em completo “State of Denial”, em quase desespero, quando se olha para o futuro, para as próximas décadas.
Essa foi a visão de Andre Gunter Frank em fins dos anos 80: The World System: Five Hundred Years or Five Thousand? (Sistema capitalista Mundial: 500 anos ou 5.000 anos?).
Essa foi a visão também de Celso Furtado, sua reflexão entre Ocidente e Oriente no fim do século XX e seu discurso de posse na Academia Brasileira de Letras. Que sintetizei em meu artigo de outubro de 2013: Celso Furtado e o Ocidente em ‘State of denial’ .
Essa também foi a visão de Giovanni Arrighi, desde seu artigo de 1993, The Rise of East Asia: One Miracle or Many?, assim como seu livro de 2007, ”Adam Smith in Beijing”, na qual ele dedicou o livro – a primeira página para André Gunter Frank.
Martin Jacques é o intelectual hoje que se especializou nesse tema, nessa ‘big’ mudança global, desde o lançamento do livro em 2009, “Quando a China mandar no Mundo”.
A agenda global da mídia ocidental, está permeada por “political bias”, seja o debate sobre superpopulação, aquecimento global e outros temas, é uma mera desculpa, falta de visão e de coragem, de não saber como encarar a crise do modelo eurocêntrico dos últimos séculos. A sociedade ocidental pode se tornar uma sociedade covarde?
Quem viver verá!
Sds,
Martin Jacques: O sonho Chinês – O Futuro em Perspectiva Histórica (Shanghai, 07/12/2013)
O termo Sonho Chinês tem sido utilizado várias vezes pelo presidente Xi Jinping desde 18 º Congresso do Partido Comunista Chinês, em novembro de 2012. O termo tornou-se um grande foco de discussão na China. O artigo abaixo foi dada como um discurso em uma conferência realizada em Xangai em dezembro pasado.
O Sonho Chinês é um novo ponto de partida – tanto como uma idéia política e slogan (um lema). Trata-se, em primeiro lugar, imediatamente acessível e, como resultado, populista. Todo mundo sabe sobre os sonhos, todos nós temos, seja em nosso estado sub-consciente ou consciente. Sonhos pertencem a todos. Há também uma sensação de liberdade sobre sonhos. Quando sonhamos, não estamos limitados pela circunstância material ou o mundo real, pelo contrário estamos autorizados a escapar desse tipo de restrições. Sonhos empoderam: eles são altamente pessoal, todos e cada um de nós somos autor. A evocação da palavra sonho _ nos convoca a todos, a ser ousado, a imaginar o mundo não como ele é, mas como poderia ser, como gostaríamos que fosse.
O termo Sonho Chinês é do tempo presente: o seu momento chegou. Isso não teria sido adequado em 1978. Que não foi a natureza do daquele momento, daquele tempo. O termo Sonho Chinês chama os chineses a seguir em frente, a pensar de novo e recomeçar, virar uma nova página, para começar um novo capítulo. O Sonho Chinês anuncia o início de algo novo, mas também o fim de algo: o fim da era de Deng Xiaoping.
As prioridades primordiais da era Deng foram o crescimento econômico e a redução da pobreza. Tudo era para ser subordinado a estes objectivos. China buscou preservar um perfil de pouca visibilidade e evitar conflitos com outras nações para a causa maior do crescimento econômico. A política externa foi adaptada aos imperativos nacionais. O país seguiu uma relação amigável com os Estados Unidos porque este foi uma estratégia visto como a chave para o acesso da China ao sistema internacional e os mercados globais. A era Deng exigiu uma extraordinária auto-disciplina e obstinação, bem como enorme esforço. A fuga da pobreza exigiu algo semelhante a uma visão comum por parte dos líderes e do povo também. O grande sucesso da era Deng significa que a China está agora em um lugar muito diferente de onde ele foi mais de três décadas atrás. Ele agora pode começar a sonhar. Sonhar em 1978 era um luxo que não se podia pagar.
A era Deng implicou uma estratégia econômica relativamente simples: a mudança do campo para as cidades, trabalho intensivo de produção-fábrica, uma economia orientada para a exportação e elevados níveis de investimento e medidas sociais, como a política do filho único, que poderia ajudá-la nas prioridades econômicas do país. Seria errado dizer que essas políticas estão agora esgotados – elas ainda são pertinentes para faixas importantes da economia Chinese -, mas agora elas estão em rápido declínio de eficácia e relevância para a economia como um todo. A declaração aprovada pelo Terceiro Plenum projeta uma economia que está irreconhecível em comparação com 1978, propõe um tipo muito diferente de estratégia econômica, e abarca um conjunto muito mais diversificado de objetivos econômicos.
Há dois aspectos da declaração do Terceiro Plenum que são particularmente marcantes. Em primeiro lugar, é um radical – e altamente coerente – documento. É imbuído da crença de que a China chegou ao fim de uma etapa em seu desenvolvimento e agora deve embarcar em um novo. A nova estratégia é o que a declaração está em dizendo. Em segundo lugar, a declaração é caracterizado por uma enorme sensação de confiança tanto sobre a necessidade da mudança e da capacidade da liderança para alcançá-lo. Ele combina uma visão de futuro com um forte praticidade: o métodos testados e comprovados de tentativa e erro vai ser continuado.
A mudança da era Deng ao que, de forma resumida, vou chamar a era Xi, não é simplesmente econômica, mesmo que tenha sido o discurso dominante da era de reforma até então e, em grande medida – embora eu suspeite que cada vez menos no futuro – ainda é. O modelo de Deng era multi-dimensional em caráter: orientada para a exportação e da política econômica de trabalho intensivo, a política do filho único, uma política externa enxuta, um estado reformado e reaproveitado, e assim por diante. Mas as prioridades econômicas que confrontam o país necessariamente em forma e subordinados mais ou menos como todo o resto. O modelo Xi é semelhante multi-dimensional, mas de uma forma diferente e mais complexa. As mudanças econômicas necessárias, é claro, estão em primeiro plano: a mudança de ênfase para o consumo (interno), em vez das exportações, a produção de valor agregado, o setor de serviços, um crescente setor financeiro e um papel cada vez mais importante para sua moeda, o yuan (renminbi). Juntamente com estes, no entanto, estamos vendo o início do fim da política do filho único, a reforma do sistema hukou, uma mudança qualitativa para as prioridades ambientais, uma enorme extensão de segurança social, e um serviço de saúde devidamente financiados e abrangente . Em 2020 a China é encarado como sendo um país moderadamente próspera. Em meados do século, projeta-se que o Sonho Chinês terá sido realizado. O sonho não é concebido apenas em termos econômicos, em busca de prosperidade, mas como todos os sonhos, é sobre a vida em seu sentido mais amplo. Quando você é pobre, a economia é tudo, como você crescer mais rico, em seguida, outras considerações e necessidades assumem um papel muito mais importante. A confiança que estas ambições expressar é impressionante, especialmente para uma liderança, cultura e país que é marcado por sua cautela e sobriedade.
O Sonho Chinês, enfatizando a importância da nação e sua unidade, sugere um tipo diferente de relacionamento entre o Estado ea sociedade. E manifestamente capacita o indivíduo como o indivíduo também é estimulado a sonhar não apenas o futuro do país, mas o seu próprio futuro. Já podemos ver isso entre os jovens, com seu senso de otimismo e possibilidade em relação ao futuro. Os chineses vão, ao longo dos períodos imaginados na declaração Plenum, passar por uma enorme transformação de inúmeras maneiras diferentes: um tipo diferente de indivíduo Chinês, mais cosmopolita, mais global, mais empatia, mais confiante, mais mente aberta, mais consciente ambientalmente , vai surgir. Mas o Sonho Chinês é, no entanto, acima de tudo, um sonho sobre a China, sobre a nação e sua metamorfose.
O Sonho Chinês, como previsto por Xi Jinping, é visto como realizar o grande rejuvenescimento da nação chinesa e, como tal, argumenta ele, é o maior sonho na história moderna do país. O que isso significa? Um aspecto é claramente, a transformação econômica, política, cultural e social do país. Mas “o grande rejuvenescimento da nação chinesa” não é simplesmente um fenômeno nacional. As grandes conquistas da China em dinastias anteriores, como o Tang e Song são reconhecidos como tal, porque os padrões internacionais eram tão avançada para o seu tempo.
So ‘o grande rejuvenescimento da nação chinesa’, que abriga um quinto da população do mundo, deve também e igualmente ser visto como um fenômeno internacional, ainda mais em uma era globalizada, que terá profundos efeitos globais e conseqüências. ‘A grande rejuvenescimento da nação chinesa’ vai transformar o relacionamento da China com o mundo e esta é uma parte integrante do Sonho Chinês. Na verdade, este é um dos elementos mais ousados do Sonho Chinês.
Vamos considerar este aspecto do Sonho Chinês no contexto da história chinesa recente. A característica central da era Deng, ou seja, o período de 1978 e 2013, tem sido uma preocupação exagerada com o presente. Sob as pressões da modernização e da fuga da pobreza, a mente chinesa foi treinado e ensinado a ter um foco estreito – para não viver no passado ou sonho de um futuro diferente, mas concentrar-se predominantemente no presente. A História teve que tomar um banco traseiro (segundo plano) – excepcionalmente na China – por causa das demandas irresistíveis do presente. Quando eu estava escrevendo meu livro, entre 2005 e 2008, fiquei impressionado com o quão pouco havia se pensado sobre o futuro da China por referência à história do país. As exigências do presente feito isso um luxo que o país não poderia se dar ao luxo. Um sinal claro de que a era Deng está chegando ao fim é que Xi agora sente que chegou o momento em que a China pode enfrentar mais uma vez a sua paisagem histórica, que uma perspectiva histórica é mais uma vez uma parte integrante do pensamento atual de que o presente deve ser visto no contexto da história da China – não apenas história pós-1949, mas a história chinesa em um período muito mais longo.
A questão crucial aqui é o ponto de virada no final do século XIX, como precipitado declínio da China veio a minar tanto a integridade interna do país e a posição internacional. O historiador tardio americano , Lucian Pye observou que “a China é uma civilização fingindo ser um Estado-nação, ‘obrigado pela sua própria fraqueza no final do século XIX para se adaptar às normas europeias do sistema internacional. A China, no entanto, já não é fraco, pelo contrário a cada dia que passa torna-se mais forte, é palpável em ascensão, seu humor muda de um de quiescência de manter sua cabeça para baixo para um crescente sentimento de confiança e expansividade. A era que Pye descreve está finalmente chegando ao fim. A China está longe de ser capaz de expressar-se em uma forma concreta a respeito de questões de Pye, mas ele pode, depois de mais de um século em que seu longo declínio e recuo relegou para os livros de história agora começar a explorá-las. Eles estão mais uma vez na ordem do dia. As duas questões levantadas – ou pelo menos insinuado – por Pye são os seguintes. Em primeiro lugar, o que significa ser um estado-civilização, em vez de um Estado-nação e, segundo, quais são as implicações se a China não é mais exigida por sua própria fraqueza para se adaptar ao sistema internacional desenhado pelo Ocidente , mas poderia buscar modificar e moldá-la de acordo com suas próprias necessidades, personalidade e história.
Estas são as perguntas, é claro, para o qual ninguém ainda tem a resposta. Uma coisa, porém, é claro. A continua ascensão da China vai significar uma grande mudança no cenário internacional, o maior desde que a era moderna foi iniciada com a Revolução Industrial na Grã-Bretanha. Em tais circunstâncias, é inconcebível que o sistema internacional tal como a conhecemos hoje vai sobreviver. Ele será transformado em inúmeras maneiras diferentes. Já existe um reconhecimento incipiente que a mudança é inevitável. No entanto, as presentes discussões sobre o futuro do sistema internacional – ou, dito de outra forma, a forma da política global e dos seus diferentes elementos, incluindo os Estados-nação – tendem a ser reduzidos a e assumir a forma de um debate institucional sobre o futuro do FMI e do Banco Mundial. Mas isso é para se perder nos detalhes, para falham em reconhecer a grande imagem e, assim, compreender as questões muito mais amplas em jogo. Ela reflete uma incapacidade fundamental para pensar fora da caixa os termos do atual sistema internacional, uma falha de imaginar algo fundamentalmente diferente, uma incapacidade para apreciar o que será uma grande mudança de paradigma. A ascensão da China requer exatamente esse tipo de pensamento. Apenas o que o mundo pode parecer quando já não é moldada pelo legado da dominação ocidental, representando, como faz, menos de 15% da população do mundo, e em vez disso é formada por aquilo que hoje conhecemos como o mundo em desenvolvimento que representam 85 % da população mundial, com a China, de longe, o jogador mais importante, requer um enorme salto de imaginação. É muito improvável de ser muito semelhança com o mundo como nós o conhecemos agora. Mesmo o domínio do sistema de Estado-nação, como sabemos agora que poderia muito bem ser posta em questão. Não é só a China, como um estado-civilização, que se encaixa, inquieto com as velhas normas europeias do Estado-nação. Isso não é verdade também em várias maneiras de muitos outros países não-ocidentais, como a Índia, o Irã, a Turquia e a Nigéria? As ex-colônias ocidentais tinham pouca opção a não ser adotar a forma de Estado-nação. Mas imagine um mundo em que a China, como um estado-civilização, é a influência dominante. Este poderia muito bem ser o catalisador, em um mundo pós-ocidental, por uma maior diversidade na natureza das formas de estado.
Em meu livro, defendo que a maneira que a China vai ver suas futuras relações com o mundo, e de fato, como se trata de ver a si mesmo em sua encarnação moderna, é obrigado a ser fortemente influenciada pela sua própria história: isso é verdade, em alguma medida com todos os países, é claro, mas no caso da China especialmente. Nenhum país é tão íntimo com, ou influenciada por, sua própria história, como a China. O discurso do Sonho Chinês vai permitir e incentivar os chineses a explorar de uma maneira nova a relação entre a história do país e do seu futuro. História, ao contrário da era Deng, mais uma vez se tornará extremamente importante nas discussões chinesas sobre o futuro. Mas a história não é o único jogador. O futuro da China será moldado pelo seu desenvolvimento moderno, bem como pela sua história. Os dois são muito diferentes. Esse é o ritmo extraordinário e o dinamismo da modernidade da China que a China está passando por um processo de reinvenção constante. Um exemplo fundamental disso é a cultura chinesa. Fundamental, pois é a noção do que é e quem são os chineses do país, a cultura tradicional chinesa é por si só agora sujeito a um profundo processo de reinvenção. Por outro lado, é claro, o mundo mudou muito em comparação com o que era um século ou mais atrás. Não é razoável argumentar que o pensamento da China sobre a Ásia Oriental será influenciado pela experiência do sistema tributário, mas seria ingênuo sugerir que qualquer futura ordem do Leste Asiático irá espelhar o sistema tributário: a questão-chave é de que forma issa experiência histórica pode moldar a Ásia Oriental e de que forma ela não vai moldar.
Isso me leva ao meu ponto final. Há uma crescente confiança sobre a maneira em que a China vê o futuro e seu próprio lugar dentro dele. Há duas razões subjacentes para isso. A primeira razão é a própria transformação da China. Seu sucesso tem imbuído o país e sua liderança com um forte senso de auto-garantia e auto-confiança, e isso também investeeles com uma forte ligação e compromisso com a importância e a virtude da mudança. A segunda razão envolve uma tela muito mais ampla, ou seja, uma transformação global mais amplo. Isto pode ser resumido como se segue. O centro de gravidade global está se deslocando do mundo desenvolvido, onde vive uma pequena minoria, para o mundo em desenvolvimento, onde vivem a grande maioria da população do mundo. Um grande número de países já estão em processo de modernização. Esta é a tendência fundamental do nosso tempo. China, além disso, está em processo de estabelecer-se como a agência de chave e catalisador para o seu desenvolvimento. Da África e da América Latina para o Sudeste Asiático e Ásia Central, Ela está desempenhando um papel cada vez mais importante. Ou, dito de outra forma, na tendência que define a nossa época, a China ocupa uma posição estratégica chave. Seu próprio desenvolvimento requer importações de muitos países em desenvolvimento, enquanto o último precisa do mercado chinês como uma fonte de demanda por seus produtos. Cada vez mais eles também exigem empréstimos chineses e investimento interno. Em outras palavras, existe uma relação de interdependência crescente, daí a ênfase Chinês em interesses mútuos, desenvolvimento comum e uma relação ganha-ganha. China tornou-se o motor de transformação do mundo em desenvolvimento. Ao mesmo tempo, é também um microcosmo do que pode ser alcançado por outros países em desenvolvimento. Como um país desenvolvido, é impossível para os Estados Unidos jogar, exerger essa função, este tipo de papel. Trata-se, neste contexto, estar do lado errado da história. Enquanto ela procura fortalecer o sistema internacional existente, o mundo em desenvolvimento estão no centro de uma nova ordem mundial, que acabará por substituir.
O Sonho Chinês, portanto, não se limita à China. Trata-se também o papel da China na transformação do mundo em desenvolvimento e, no processo, a transformação do mundo. A crença de que a ascensão da China está alinhado com essa transformação global mais amplo é extremamente poderosa. Não é de surpreender que a China está se sentindo cada vez mais confiante. Parece que a história está do lado da China: que a China está do lado da mudança, e que a mudança está do lado da a China. Uma combinação poderosa.
Grato, Oswaldo.
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Boa tarde Fernando. Você saberia informar quando será ofertado esse Curso sobre a África e o Oriente Médio? Tenho muito interesse em ingressar.
Obrigado
Alex
Prezado Alex,
antes de confirmá-lo, necessito conversar com a Coordenação de Ensino. Depois, fazer o Programa e Bibliografia e divulgá-lo. Finalmente, verificar se haverá demanda.
Isso tudo se eu não me aposentar até o fim-do-ano. Senão, o oferecimento será no Primeiro Semestre Letivo de 2015.
Grato pela manifestação de interesse.
abraço