Chris Anderson é o curador das palestras e o autor de “TED Talks: O guia oficial do TED para falar em público” (Rio de Janeiro; Editora Intrínseca; 2016). “Não existe uma única maneira de dar uma palestra de alto nível. O mundo do conhecimento é amplo demais, e a gama de palestrantes e de plateias, demasiado variada. Qualquer tentativa de aplicar uma fórmula predefinida provavelmente será um tiro pela culatra. O público percebe isso na hora e se sente manipulado”.
Com efeito, mesmo que existisse uma fórmula infalível em determinado momento, ela não seria infalível por muito tempo. Isso porque parte vital do êxito de uma palestra de alto nível é seu ar de novidade.
Somos humanos. Não apreciamos os artifícios de sempre. Se sua palestra se parece demais com uma que alguém já ouviu, ela fatalmente exercerá menos impacto. E a última coisa que queremos é que todo mundo diga a mesma coisa ou que alguém pareça estar inventando o que diz.
Então, Chris Anderson diz: “não julgue os conselhos deste livro como regras que prescrevem uma forma única de falar. Em vez disso, pense que o livro está lhe oferecendo um conjunto de ferramentas que buscam incentivar a variedade. Utilize as que sejam convenientes para você e para a palestra que vai dar. Suas únicas obrigações reais ao dar uma palestra são ter algo de importante a comunicar e se mostrar autêntico à sua maneira.”
Busque contar uma história. Enquanto você fala, cada ouvinte imagina os fatos narrados. A imaginação gera as mesmas emoções sentidas pelos personagens da história. Esse é um processo de enorme eficácia. Trata-se do alinhamento literal de muitas mentes, formando uma consciência comum. Durante certo tempo, os ouvintes agem como se fossem uma única forma de vida. A partir dessa experiência comum, estão perto de desejar agir juntos, perto de resolver se reunir.
Para um líder — ou um militante —, a fala em público é fundamental para:
- gerar empatia,
- provocar emoções,
- compartilhar conhecimentos e ideias,
- promover um projeto em comum.
De fato, a palavra falada ganhou novos poderes. Agora, nossa “reunião em torno da fogueira”, frequente no passado sem energia elétrica, onde a comunidade transmitia suas experiências, é o mundo inteiro. Graças à internet, uma palestra realizada em um local pode ser vista por milhões de pessoas.
Se a imprensa e o livro ampliaram enormemente o poder de jornalistas e escritores, a internet tem ampliado muitíssimo a influência dos palestrantes. Ela permite que, em qualquer lugar, qualquer um com acesso on-line (e podemos esperar que, dentro de uns dez anos, quase todas as aldeias do mundo estejam conectadas) receba em casa os maiores professores do mundo e aprenda diretamente com eles. De repente, uma arte antiga – “contar histórias” – ganhou alcance global.
“Essa revolução levou ao renascimento da arte de falar em público. Muitos de nós já aguentamos anos de aulas maçantes na universidade, sermões intermináveis em igrejas e discurseiras políticas previsíveis. Mas as coisas não precisam ser assim.
Feita de forma correta, uma palestra é capaz de galvanizar uma sala e transformar a visão de mundo de uma plateia. Feita de forma correta, uma palestra [ouvida e visualizada] é mais eficaz que qualquer texto escrito.”
Agora, em sala-de-aula ou em auditório, temos:
- a capacidade de exibir — e em alta resolução — qualquer imagem que um ser humano tenha fotografado ou imaginado,
- a capacidade de interligar vídeo e música,
- a capacidade de recorrer a instrumentos de pesquisa que apresentam todo o conjunto do conhecimento humano a qualquer um que disponha de um smartphone.
Essas qualificações podem ser ensinadas. Qualquer um pode se beneficiar da competência comunicativa. Vivemos em uma época em que a melhor maneira de causar uma modificação no mundo pode não ser escrever uma carta ao editor de um jornal ou publicar um livro. Talvez seja simplesmente ficar de pé e dizer algo… porque, agora, tanto as palavras quanto a paixão com que são pronunciadas podem se espalhar pelo mundo em uma velocidade alucinante.
No século XXI, a competência comunicativa deveria ser ensinada em todas as escolas. Na verdade, antes da Era dos Livros, ela era considerada parte essencial da educação, embora com um nome antiquado: retórica. Hoje, na Era da Conexão, deveríamos ressuscitar essa nobre arte e torná-la uma das bases da educação: leitura, escrita, matemática… e retórica.
A palavra “retórica” significa simplesmente “a arte de falar com eficácia”. É esse o tema fundamental deste livro de autoria de Chris Anderson, “TED Talks: O guia oficial do TED para falar em público”.
- Reformular a retórica para a Era Moderna.
- Proporcionar contribuições úteis para uma nova competência comunicativa.
Sua experiência com o TED no decurso dos últimos anos pode ajudar a apontar o caminho. O TED começou como uma conferência anual, com palestras nos campos da Tecnologia, do Entretenimento e do Design (daí o nome). Nos últimos anos, porém, o programa se expandiu e passou a cobrir qualquer tópico de interesse público. Os palestrantes procuram difundir suas ideias entre pessoas que não atuam em seu campo, e para isso realizam palestras breves preparadas com todo cuidado.
Para sua satisfação, essa forma de falar em público se mostrou um retumbante sucesso on-line: hoje, as Conferências TED contabilizam mais de um bilhão de visualizações por ano.
Seus colegas e Chris Anderson já trabalharam com centenas de palestrantes, ajudando-os a aprimorar suas mensagens e a determinar o melhor modo de apresentá-las. Tiveram a oportunidade de lhes pedir conselhos sobre a melhor forma de preparar e proferir uma palestra fascinante.
As ideias não têm dono. Elas adquirem vida própria. Chris Anderson, em seu livro “TED Talks: O guia oficial do TED para falar em público”, espera contribuir para o renascimento da arte da oratória, onde quer que isso aconteça e independentemente de quem seja o orador.
Assim, este livro não busca apenas mostrar a melhor forma de fazer uma Conferência TED. Sua finalidade é bem mais ampla: impulsionar qualquer forma de oratória que pretenda explicar, motivar, informar ou persuadir, seja em empresas, instituições educacionais ou locais públicos.
Todos os elementos importantes do progresso só ocorreram porque indivíduos comunicaram ideias a outros e depois todos colaboraram para fazê-las virar realidade. As pessoas transformaram comunicações orais em assombrosas realizações conjuntas.
Hoje, mais do que nunca, precisamos disso. Muitas vezes, ideias que poderiam solucionar nossos problemas mais prementes permanecem desconhecidas porque as pessoas brilhantes que as tiveram carecem de autoconfiança ou de conhecimentos para transmiti-las com eficácia. Isso é uma tragédia.
Em uma época em que as ideias certas, apresentadas da forma certa, podem correr o mundo em tempo real, gerando cópias de si mesmas em milhões de mentes, é extremamente útil criar os melhores meios de disseminá-las, tanto para você, um possível palestrante, quanto para Chris Anderson, curador da “TED Talks”, enfim, de todos nós que precisamos saber o que você tem a dizer.