Apenas uma das quatro ações dos grandes bancos brasileiros ganha do CDI em mais de cinco anos

Michael Viriato (FSP, 12/04/24) analisa sobre um tema a ser explorado na minha próxima aula: relação renda fixa / renda variável no Brasil.

Quando se fala em viver de renda com dividendos e em ações pagadoras de dividendos, logo vem a mente o nome dos grandes bancos brasileiros. Os quatro maiores bancos nacionais ganharam fama pela frequência e montante de dividendos pagos. Entretanto, nos últimos cinco anos, eles viveram só da fama, pois retorno que é bom, os acionistas não estão vendo.

Empresas pagadoras de dividendos são usualmente aquelas de setores maduros e sem grandes oportunidades de crescimento. A maturidade da empresa proporciona a geração de caixa. Já a ausência de oportunidades de investimentos permite que a destinação deste caixa seja direcionada aos acionistas ao invés de crescimento futuro. Logo, os dividendos destas empresas são maiores.

Setores que se enquadram nestas características são setores de concessões públicas, como energia elétrica, saneamento e rodovias, mas também o setor de bancos.

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Grandes Fundos de Investimento Internacionais: Alocação de Capital na Economia Global

Artigo de Marcos de Vasconcelos (FSP, 14/04/24) é útil para meu relatório de pesquisa sobre Alocação da Riqueza na Economia Global. Compartilho-o abaixo apesar de seu viés ideológico revelado de início, denominando de “governo petista” um governo de Frente Ampla.

“O governo petista acaba de ganhar mais munição para brigar por mudanças na direção da Vale. Dois gigantes internacionais decidiram, na última semana, rebaixar suas recomendações em relação às ações da empresa: Bank of America (BofA) e UBS.

Ambos os bancos recomendavam a compra dos papéis VALE3, mas, nos últimos dias, ajustaram os ponteiros para “neutro”, o que significa que não veem mais boas chances de crescimento.

Esses relatórios são o tipo de coisa que chega nas mãos de quem realmente muda o preço de ações de gigantes como a mineradora —e a pontuação do Ibovespa—: grandes fundos de investimento internacionais.

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O que é polywork: Fenômeno da Geração Z

O polywork é uma tendência em alta entre a geração z: trabalhar em dois empregos simultaneamente. De acordo com dados mais recentes da PNAD Contínua do terceiro trimestre de 2023, obtidos pelo Valor (12/04/24), 544.691 brasileiros de 14 a 29 anos declararam ter 2 empregos e 27.907 possuíam 3 ou mais ocupações. Os dados são relacionados a ocupações formais e informais.

Os motivos principais para que os jovens estejam aderindo ao fenômeno estão ligados à própria necessidade de obter mais renda. “O mercado de trabalho está mais limitado em questões salariais, principalmente, no início da carreira, que é a fase em que o polywork está mais tendencioso a acontecer. Por uma necessidade de melhorar salário e rendimentos para começar a vida profissional, eles [geração z] acabam aderindo a esse formato de trabalho”, explica Martins.

O conceito do polywork é aproveitar as habilidades que o profissional tem para poder desenvolver trabalhos múltiplos em projetos diferentes e em diferentes empresas.

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População nativa do Japão diminui a quase 100 pessoas por hora

FINANCIAL TIMES

A população nativa do Japão está diminuindo a uma taxa de quase 100 pessoas por hora, apesar dos esforços intensificados pelo governo para aumentar a baixa taxa de fecundidade do país.

De acordo com dados oficiais, o número de japoneses diminuiu pelo maior volume no período de um ano desde que registros comparáveis começaram a ser feitos em 1950: uma queda de 837 mil pessoas nos 12 meses anteriores a 1º de outubro de 2023.

Essa queda representa uma redução diária média de 2.293 pessoas, ou pouco menos de 96 por hora.

O mesmo relatório, publicado pelo Ministério dos Assuntos Internos e Comunicações, mostrou que a população total do Japão era de 124,3 milhões em outubro de 2023 —a redução é de 595 mil em relação ao ano anterior e após ajuste com níveis constantemente crescentes de trabalhadores imigrantes, estudantes estrangeiros e residentes permanentes estrangeiros.

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Baixo Investimento no Brasil diante o Resto do Mundo

Lucianne Carneiro (Valor, 10/04/24) informa: a taxa de investimento do Brasil em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) era, em 2022, inferior a nada menos que a de seis diferentes medidas de comparação internacional. O percentual de 17,8% do Brasil era menor que os 26,2% da média mundial, 22,8% do mundo sem incluir a China, 33,7% do grupo de países com renda média superior (os chamados UMICs), 21,7% dos UMICs sem Brasil e sem China, 22,5% das nações de renda alta e dos 21,5% da média da América Latina sem Brasil. E a taxa de investimentos caiu ainda mais em 2023, para 16,5% do PIB.

O retrato da situação dos investimentos no Brasil frente ao contexto mundial é de estudo do economista sênior da LCA Consultores Francisco Pessoa Faria, publicado no blog do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre).

Se a distância entre a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) no Brasil e em outros países é mais debatida, o trabalho traz um recorte adicional, que pouco é tratado nas comparações internacionais da taxa de investimentos: o dos grupos de ativos fixos (construção; máquinas e equipamentos e outros).

A taxa de investimento em construção no Brasil, na média entre 2010 e 2021, era de 8,9% do PIB no Brasil, abaixo dos 9,9% nos países de renda per capita alta e dos 13,9% nos países de renda per capita média alta.

Quando se considera a rubrica de máquinas e equipamentos, no entanto, a taxa no Brasil era de 6,8%, acima dos 6,3% dos países de renda alta e abaixo dos 8,6% dos de renda média alta.

No grupo outros – em que aparecem produtos de propriedade intelectual, como pesquisa e desenvolvimento de softwares -, o investimento no Brasil corresponde a 2,3% do PIB, menos da metade dos 4,9% dos países de renda alta.

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Liderança em Exportações de 10 Produtos do Agro em 2023

O ano passado foi tão favorável ao agronegócio brasileiro no comércio exterior que o país assumiu a liderança mundial de exportações de mais dois produtos agrícolas. Agora são dez.

Foram acrescentados à lista milho e farelo de soja. Com relação ao milho, o Brasil ocupa o lugar dos Estados Unidos. No caso do farelo, preenche a liderança deixada pela Argentina, país que sofreu forte influência do clima no ano passado.

Além dos novos produtos, o Brasil liderou, em 2023, as exportações mundiais de soja, açúcar, café, suco de laranja, carne bovina, carne de frango, tabaco e celulose.

Apesar da queda média dos preços internacionais das commodities, o agronegócio brasileiro atingiu o recorde mundial de US$ 167 bilhões em exportações no ano passado, 5% a mais do que em 2022.

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Inteligência Artificial e Mobilidade Social

Steve Lohr (THE NEW YORK TIMES apud FSP, 05/04/24) publicou a reportagem abaixo.

David Autor é um improvável otimista em relação à inteligência artificial. O economista do trabalho do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts) é mais conhecido por seus estudos detalhados mostrando o quanto a tecnologia e o comércio erodiram os rendimentos de milhões de trabalhadores dos Estados Unidos ao longo dos anos.

Mas, desta vez, Autor defende que a nova onda tecnológica —a IA generativa, que pode produzir imagens e vídeos hiper-realistas e imitar convincentemente vozes e textos humanos— pode reverter essa tendência.

“Se usada corretamente, a IA pode ajudar a restaurar, no mercado de trabalho dos EUA, as vagas de nível médio e a classe média que foram esvaziadas pela automação e globalização”, escreveu Autor em um artigo publicado na revista Noema em fevereiro.

A opinião de Autor sobre a IA parece uma mudança impressionante para um especialista de longa data sobre os efeitos da tecnologia no mercado de trabalho. Mas ele disse que os fatos e sua forma de pensar mudaram.

A IA moderna, disse, é uma tecnologia fundamentalmente diferente, abrindo portas para novas possibilidades.

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Cooperativas fazem repasse do BNDES para MPME e MEI

As cooperativas de crédito ampliaram a participação como agentes repassadores de recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A fatia das cooperativas nos repasses totais do banco de fomento alcançou uma marca inédita no ano passado. Elas representaram 13,6% dos R$ 174,5 bilhões aprovados para todas as operações de crédito do banco – diretas e indiretas – em 2023. Em 2013, essas instituições representaram apenas 1% dos R$ 239,6 bilhões em aprovação.

O montante das aprovações por meio de cooperativas de crédito ou bancos cooperativos disparou 811,5% em dez anos: passou de R$ 2,6 bilhões em 2013 para R$ 23,7 bilhões em 2023.

O BNDES realiza dois tipos de operações financeiras. As diretas, como diz o nome, são contratadas diretamente com o BNDES, geralmente por empresas de grande porte. Já as indiretas são realizadas por meio de instituições financeiras credenciadas, como bancos comerciais públicos e privados e cooperativas de crédito.

No Brasil, as cooperativas de crédito são supervisionadas pelo Banco Central (BC) e oferecem os mesmos tipos de produtos e serviços de um banco comercial, tendo depósitos garantidos pelo Fundo Garantidor do Cooperativismo de Crédito (FGCoop), criado em 2014.

O país conta atualmente com 823 cooperativas de crédito e dois bancos cooperativos, segundo dados do BC. São, ao todo, cerca de 16 milhões de brasileiros cooperados e 9.122 mil agências físicas em território nacional.

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Dívidas Diretas de Empresas pagam Dívidas Bancárias e rolam Debêntures

Em meio à queda das taxas de remuneração das debêntures, as companhias brasileiras têm planejado ofertas visando o pagamento de dívidas e a recompra de emissões anteriores. Cerca de 40% das emissões de debêntures registradas em março tiveram como objetivo a gestão do passivo, conforme levantamento feito pelo Valor (08/04/24) a partir de informações enviadas à Comissão de Valores Mobiliários.

O cenário atual é propício para esse tipo de operação. Com as taxas mais baixas e o aumento do interesse dos investidores, as empresas estão olhando mais para o passivo, procurando o que dá para melhorar, para alongar ou trocar por outra dívida.

A expectativa é daqui para frente aparecerem ofertas de títulos com prazos mais longos para a recompra de dívidas mais curtas, além de operações “casadas”, nas quais são negociadas com investidores, por exemplo, a entrega de uma debênture nova em troca de um papel mais antigo.

Essa possibilidade de troca de dívidas, porém, não é para todas as empresas.

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Ranking Anual de Bilionários publicado pela Revista Forbes 

O ranking anual da Revista Forbes foi publicado no dia 1º de abril [“mentiram a respeito de minha entrada na lista!’]. São 2.781 no mundo todo, com uma fortuna somada de US$ 14,2 trilhões –141 pessoas a mais do que em 2023 e 26 a mais do que em 2021, quando o recorde foi estabelecido.

O montante, na mesma base de comparação, subiu US$ 2 trilhões desde 2023, e US$ 1,1 trilhão desde o recorde de 2021.

O empresário Bernard Arnault, CEO e presidente do conglomerado de luxo LVMH, se consagrou como o mais rico do mundo pelo segundo ano consecutivo. Dono de grifes como Louis Vuitton, Christian Dior, Tiffany & Co e Sephora, o francês de 74 anos tem um patrimônio líquido estimado em US$ 233 bilhões.

Ele é seguido por Elon Musk, dono da Tesla, SpaceX e X, ex-Twitter, com US$ 195 bilhões, e Jeff Bezos, fundador da Amazon, com uma fortuna de US$ 194 bilhões.

O ranking foi montado a partir do preço das ações das empresas e das taxas de câmbio no dia 8 de março de 2024 – curiosamente no Dia Internacional da Mulher, ainda que nenhuma tenha integrado a lista das dez pessoas mais ricas do mundo.

Como as variáveis que compõem o patrimônio dos super-ricos flutuam dia a dia, o ranking também muda em frações de segundo. A briga pela vice-liderança, de acordo com a Forbes, não foi simples: Bezos e Musk alternaram entre a 2ª e a 3ª posição ao longo de março ao menos uma dúzia de vezes.

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Lixo gerado pela Inteligência Artificial segundo um Neurocientista Ludista

Erik Hoel é neurocientista, romancista e autor da newsletter “The Intrinsic Perspective”. É um ludista contra a IA. Publicou no THE NEW YORK TIMES (01/04/24) o artigo abaixo.

Cada vez mais, um monte de respostas sintéticas geradas por inteligência artificial vagam por nossos feeds e nossas buscas. Os riscos vão muito além do que está em nossas telas. Toda a cultura está sendo afetada pela inteligência artificial, uma infiltração insidiosa em nossas instituições mais importantes.

Falemos da ciência. Logo após o lançamento estrondoso do GPT-4, o mais recente modelo de inteligência artificial da OpenAI e um dos mais avançados atualmente, a linguagem da pesquisa científica começou a se transformar. Especialmente dentro do campo da própria inteligência artificial.

Um novo estudo neste mês examinou as revisões por pares dos cientistas —pronunciamentos oficiais dos pesquisadores sobre o trabalho dos outros que formam a base do progresso científico— em várias conferências científicas de prestígio que estudam inteligência artificial. Em uma dessas checagens, essas revisões usaram a palavra “meticuloso” quase 3.400% mais do que as avaliações do ano anterior. O uso de “louvável” aumentou cerca de 900% e “intrincado” em mais de 1.000%. Outras conferências importantes mostraram padrões semelhantes.

Tais formulações são, é claro, algumas das palavras da moda favoritas dos modernos modelos de linguagem como o ChatGPT. Em outras palavras, um número significativo de pesquisadores em conferências de inteligência artificial foram pegos entregando suas revisões por pares do trabalho dos outros para a inteligência artificial —ou, no mínimo, escrevendo-os com muita assistência da inteligência artificial. E quanto mais próximo de acabar o prazo, mais as revisões enviadas tinham uso de inteligência artificial.

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