Rodrigo Polito (Valor, 10/04/17) informa que a queda do volume de reservas de petróleo e gás natural da Petrobras em 2016, ante o ano anterior, não é algo específico da estatal brasileira. Levantamento feito pelo Valor com dados das principais petroleiras mundiais indica que praticamente todas as grandes empresas do setor tiveram redução do número de reservas no ano passado, em comparação com 2015. A exceção foi a petroleira anglo-holandesa Shell, que adquiriu no ano passado a britânica BG e registrou aumento de 12,7% do volume de reservas em 2016, para 13,2 bilhões de barris de óleo equivalente (boe) de petróleo e gás.
Em janeiro, a Petrobras reportou o total de suas reservas em 31 de dezembro de 2016, de 12,5 bilhões de boe, pelo critério da Agência Nacional do Petróleo Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e da Society of Petroleum Engineers (SPE), e de 9,6 bilhões de boe, pelo critério da Securities and Exchange Commission (SEC). Os números representaram quedas, em relação a 2015, de 5,7% e 8%, nos dois critérios, respectivamente.
Entre as grandes petroleiras mundiais, o destaque em termos de queda foi a gigante americana ExxonMobil, cujas reservas em 2016 recuaram expressivos 19,3%, para 19,974 bilhões de boe. Já a também americana Chevron, a francesa Total e a norueguesa Statoil, sofreram reduções mais leves de suas reservas de 0,4%, 0,5% e 0,9%, respectivamente.
Segundo especialistas, o principal motivo para a redução do volume de reservas das petroleiras foi a queda do nível de investimentos em exploração de petróleo e gás, que resulta em menos descobertas. De acordo com dados da consultoria Bain & Company, os investimentos globais em exploração de petróleo recuaram de US$ 148 bilhões, em 2014, para US$ 71 bilhões, em 2016.
A redução dos investimentos é explicada pelo baixo preço do petróleo, sobretudo no início de 2016. De acordo com dados do Valor Data, a média de preços do barril do Brent em 2016 (US$ 45,68) foi 16% inferior em relação a de 2015 (US$ 54,33).