Após Volta dos Militares ao Poder, Brasil perde cinco posições e aparece em 84o no ranking global de IDH

Murillo Camarotto (Valor, 15/12/2020) informa: apesar de manter uma evolução contínua nas últimas décadas, o Brasil perdeu cinco posições no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), calculado pela Organização das Nações Unidas (ONU). De acordo com o relatório referente ao ano de 2019, o país passou da 79a para 84a posição, atrás de vizinhos como Colômbia e Argentina.

Desde 1990, o Brasil vem apresentando um crescimento anual médio de 0,77% em seu IDH. A queda na posição do ranking no ano passado é explicada pelo fato de outros países terem apresentado crescimento superior.

O relatório, completando 30 anos, mostra o Brasil com uma pontuação de 0,765, em uma escala que vai de 0 a 1. Quanto mais próximo de 1, mais desenvolvido é o país em termos de expectativa de vida ao nascer, nível de escolaridade e de renda. A Noruega aparece na liderança, com um IDH de 0,957, seguida pela Irlanda e pela Suíça, as duas com 0,955. A China aparece logo atrás do Brasil, com um IDH de 0,761.

Pela primeira vez, o Pnud (Programa da ONU para Desenvolvimento) prevê uma queda no IDH global. O motivo é a pandemia, que segundo o estudo afetou fortemente as três dimensões analisada: saúde, educação e PIB.

O relatório alerta para a necessidade de relaxamento do controle humano sobre a natureza, sob custo de novas e desconhecidas pandemias. “Os seres humanos têm

mais poder do que nunca sobre o planeta. Depois da covid-19, temperaturas recordes e desigualdade desenfreada, é hora de usar esse poder para redefinir o que entendemos como progresso, em que nossas pegadas de carbono e consumo não estão mais escondidas”, alerta Achim Steiner, administrador do Pnud.

Outra novidade trazida pelo relatório é uma adaptação do IDH para o nível de agressão ao meio ambiente praticada por cada país em seus respectivos processos de desenvolvimento. Os dados mostram que, em regra, nações com índice mais elevado agrediram mais a natureza. Para chegar a esse dado, o Pnud associou o IDH às emissões de gás carbônico por habitante e também à pegada de recursos

naturais. Feita essa conta, mais de 50 países perdem o status de desenvolvimento humano muito alto, em um reflexo da dependência por combustíveis fósseis.

Nesse cenário, o Brasil melhora em dez posições a sua classificação no ranking global, enquanto a China, por exemplo, apresenta um decréscimo de 16. Apesar de as queimadas na Amazônia aparecerem com destaque no documento, a exploração das riquezas naturais ainda representa pouco em termos de alavancagem do desenvolvimento.

Quando o parâmetro é justiça social, porém, o Brasil perde terreno. O Pnud também ajustou o cálculo do IDH considerando a desigualdade em cada país. Entram na conta os níveis de desigualdade na expectativa de vida ao nascer, na educação e renda.

Quando esses itens são descontados da avaliação brasileira, o país cai 20 posições no ranking, aparecendo apenas em 104o. Os índices de desigualdade de renda do Brasil são maiores do que a média de toda a América Latina.

Há também uma variável do IDH para a desigualdade de gênero, na qual o Brasil também fica devendo. O indicador considera a taxa de mortalidade materna, os partos de mães adolescentes e participação feminina no Parlamento, além dos níveis de educação secundária e participação na força de trabalho. Considerando todos esses quesitos, o país cai para a 95a colocação.

Segundo o relatório, pela primeira vez em 200 mil anos o planeta será moldado pelos hábitos humanos – e não o contrário, como sempre ocorreu. Esse período, chamado no meio científico de antropoceno, será decisivo para o destino da humanidade.

“Nossas ações estão causando mudanças climáticas, colapso da biodiversidade, acidificação dos oceanos, poluição do ar e da água e degradação da terra. Estamos desestabilizando os próprios sistemas de que precisamos para sobreviver a uma velocidade e escala sem precedentes”, alerta o relatório.

3 thoughts on “Após Volta dos Militares ao Poder, Brasil perde cinco posições e aparece em 84o no ranking global de IDH

  1. O regime militar foi o que mais subiu o ranking de IDH na história brasileira, isso é um fato na história brasileira alguns escondem mas precisam aceitar. Mas é estranho alguém escrever uma matéria baseada nos dados de 2019, sendo que normalmente o IDH é influenciado por coisas que aconteceram a pelo menos 10 anos antes, mas mesmo forçando a barra os dados de 2019 ainda não pode ser atribuída a eles.

    • Como a direita afirmar coisar sem mostrar evidências! O nível de escolaridade, a saúde pública e a renda per capita se elevaram principalmente na Era Social-Desenvolvimentista (2003-2014).

      Com a volta dos militares ao Poder Executivo, no ano passado, aliado a economistas oportunistas e outros imbecis também de extrema-direita, todos esses indicadores caíram no ano passado!

      Ou o conservador não lê sobre os fatos ocorridos no MEC e no SUS recentemente?!

      Não brigue contra os números quando eles falseiam sua ideologia conservadora… Isto é negacionismo científico, ou seja, pura burrice!

    • O índice de custo de vida ICV pelo Dieese pois não existia IDH/ IDH-M, mas baseando aos dados sociais e econômicos da década de 60 a 80 com a classificação atual de IDH o Brasil tinha um índice classificado como “muito baixo” todos os estados inferiores a 0.499 (0.00 – 0.499) inclusive São Paulo e Rio de Janeiro. Éramos miseráveis e desiguais tal qual alguns países da África.

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