
Muitas famílias e empresas estão sofrendo com dívidas insustentáveis como resultado da pandemia. Os sistemas de insolvência podem constituir um mecanismo eficaz para ajudar a reduzir níveis excessivos de dívida privada.
No entanto, o aumento repentino de inadimplências e falências resultante da crise (figura O.7) impõe um desafio significativo para os sistemas de insolvência, colocando em xeque sua capacidade de resolver as falências em tempo hábil, mesmo em economias avançadas com instituições fortes. O desafio decorre, em parte, da complexidade dos processos de insolvência conduzidos por tribunais.
De acordo com dados do Banco Mundial, na média, a resolução de um caso de falência empresarial leva mais de dois anos29. Processos complexos de liquidação podem durar ainda mais, mesmo em sistemas judiciais que funcionem bem.
Nos países com sistemas de insolvência mais precários, manter o status quo aumenta o risco de serem necessárias ações mais drásticas e custosas, caso aumentem os NPLs e os processos de insolvência. A ausência de mecanismos jurídicos eficazes para declarar falências ou resolver conflitos entre credores e devedores convida à interferência política no mercado de crédito (na forma de alívio da dívida ordenada pelo governo), pois tal ação se torna a única alternativa para solucionar o problema de dívidas insustentáveis.