



REPORTAGEM DE FERNANDO CAZIAN (FSP, 24/04/22) DÁ INÍCIO A UMA SÉRIE: Este texto sobre a economia do Brasil nos últimos 200 anos abre a série Frente e Verso, que pretende discutir erros e acertos na trajetória do país ao longo desse período e indicar as perspectivas de futuro. Saúde, educação e ambiente estarão entre os próximos temas abordados.
Nas celebrações dos 200 anos de sua independência, o Brasil está menor, em termos econômicos relativos ao mundo, e menos otimista quanto a seu futuro. Os dois séculos como país independente foram marcados por uma economia fechada, patrimonialista e excessivamente dependente do Estado, o que nos levou ao quadro de estagnação que perdura há 40 anos.
Em 7 de setembro de 2022, o Brasil chegará aos 200 anos de sua independência de Portugal menor, em termos econômicos e relativos ao mundo, do que já chegou a ser ao longo dos últimos dois séculos.
No primeiro centenário, em 1922, enquanto realizava-se impressionante exposição internacional no Rio de Janeiro, então capital federal, e discutia-se em profundidade o futuro, o país se preparava para crescer rapidamente, consolidando-se, nos anos 1980, como uma das dez maiores economias do mundo.
O bicentenário, entretanto, ocorre em contexto de estagnação que perdura há quatro décadas e de encolhimento relativo do país na economia global. Não há projeto de longo prazo e estão praticamente exauridas as condições demográficas que impulsionaram grande parte dos avanços no século 20.
Em retrospecto, é possível considerar que o crescimento populacional brasileiro e a transição do campo para as cidades no século passado foram protagonistas no crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) —não o dinamismo econômico e os ganhos de produtividade que alavancaram outras economias, sobretudo a norte-americana e, mais recentemente, as asiáticas.