Negócio Contemporâneo dos Músicos

A plataforma de streaming Spotify pagou US$ 9 bilhões em royalties à indústria da música gravada em 2023. O valor é recorde e responde por quase 19% do total distribuído desde 2017, segundo o relatório Loud & Clear, informando o desembolso referente a direitos autorais.

Esta foi a primeira vez que 50% do valor total pago foi direcionado a artistas e gravadoras independentes — a empresa não informou os percentuais anteriores, só disse que eram menores. Para efeitos de comparação, US$ 4,5 bilhões equivalem à venda global de CDs, vinis e fitas em 2022, de acordo com o relatório mais recente da Federação Internacional da Indústria Fonográfica (IFPI, na sigla em inglês).

O aumento dos recursos pagos pelo Spotify se deve à ampliação da audiência e, consequentemente, da remuneração dos artistas. O número de usuários mensais cresceu 23% no quarto trimestre do ano passado, para 602 milhões, enquanto as assinaturas premium atingiram 236 milhões no mesmo intervalo, alta de 15%, segundo balanço financeiro da companhia.

O número de músicos que geraram US$ 1 milhão na plataforma triplicou em relação a 2017. Curiosamente, 80% deles não chegaram a ter um ‘hit’ entre as 50 canções mais ouvidas diariamente no ano passado. Para incluir todos os sucessos, o Spotify teria que criar uma lista com centenas de posições.

“Estamos na era da oportunidade no streaming. O mercado de hoje é completamente diferente de 10 anos atrás, já que não é mais necessário ter grandes orçamentos para ir bem na indústria”, afirma Bryan Johnson, executivo responsável por parcerias musicais da empresa, em entrevista coletiva.

Mas existe correlação entre streaming e fama. Os artistas mais ouvidos no mundo são Taylor Swift, Drake, The Weeknd, Bad Bunny, Ed Sheeran e Ariana Grande. Já na lista brasileira aparecem Ana Castela, Felipe Amorim, Marília Mendonça e Henrique & Juliano. O Spotify não revela quem recebe as maiores cifras por direitos autorais. A empresa, no entanto, diz que pagou, em média, US$ 433 mil de royalties aos 3,4 mil artistas consagrados da plataforma em 2022.

Mas também há casos de artistas que ganharam destaque com o passar do tempo. Para se ter ideia, quase a metade dos 23.400 artistas tinha gerado US$ 10 mil na plataforma em 2017 alcançou US$ 50 mil em 2023 — e, considerando todas as fontes de receita na indústria da música, a cifra provavelmente superou US$ 200 mil ou um milhão de reais Isso porque o próprio setor fonográfico está em franco crescimento.

Ainda assim, o Spotify — respondendo por 30,5% do mercado global de streaming — teve prejuízo operacional de US$ 75 milhões no quarto trimestre, devido ao pagamento de encargos e indenizações relacionadas a imóveis. Já a receita cresceu 16% no intervalo, para US$ 3,67 bilhões. Os dados fechados de 2023 não estão disponíveis.

Mais da metade dos 66 mil artistas que geraram pelo menos US$ 10 mil no Spotify em 2023 são de países em que o inglês não é a primeira língua. Espanhol, alemão, português, francês e coreano lideram esse movimento. O hindi, indonésio, punjabi, tâmil e grego tiveram aumentos expressivos em 2023.

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