
“Advogado do Diabo” era a expressão utilizada pela Igreja Católica para designar o advogado com missão de apresentar provas impeditivas da admissão de um candidato a santo ou beato. Sua função era averiguar todos os fatos apresentados em favor do candidato, procurando falhas nas provas de milagres do candidato a santo.
Em contraposição, nesses processos de canonização e beatificação, também havia o Promotor da Fé, encarregado de argumentar a favor do candidato.
A expressão pode designar o cientista em busca de objeções a uma determinada hipótese, testando-a com dados e fatos, para verificar se sua defesa a sustenta como uma tese. Esse Advogado do Diabo tem de defender um argumento contrário à opinião da maioria apenas com o intuito de testar a qualidade da hipótese.
Por mais pessoas acharem uma ideia correta, não basta para tornar correta essa ideia. Não necessariamente se pronuncia de modo correto quando apenas se pronuncia como os outros. Essa “prova social” é usada e abusada no debate público, mas é falsa.
Em recente pesquisa sobre moeda e bancos, cujo relatório sob forma de um livro digital para download encontra-se no fim deste artigo, atuei como Advogado do Diabo ao defender uma causa abjeta para muitos leigos. Segundo muitos autores, cujo único propósito é “denunciar o capitalismo”, não haveria moralidade na defesa da hipótese de a “financeirização” ser uma conquista social, ou seja, lamentavelmente, no Brasil, ocorreu um capitalismo financeiro tardio – o título do livro.