Economista da Unicamp rebate alarmismo econômico

Jornal da UNICAMP – 2012

Por acaso, encontrei na web uma entrevista concedida por mim durante a campanha eleitoral de 2014. É interessante ler as minhas expectativas ex-ante e verificar os fatos ex-post. Economista não é vidente… 🙂

Mas o falso alarmismo da oposição antipetista e/ou antilulista permanece a mesma. Acontece também agora em conjuntura com indicadores econômicos e sociais favoráveis ao desenvolvimento.

Republicada em: https://www.ocafezinho.com/2014/07/07/economista-da-unicamp-rebate-alarmismo-economico/

Despesas Financeiras acima dos Investimentos: Expectativa de Inversão

As companhias brasileiras gastaram mais com despesas financeiras, compostas principalmente pelo pagamento de juros, em vez de ser com as suas atividades de investimento em 2023, mostra levantamento realizado a pedido do Valor (22/04/24) com todas as empresas de capital aberto do país.

Nas despesas estão juros, impostos e gastos na contratação de linhas. Os investimentos incluem pagamento de aquisições, aplicações financeiras, recursos de venda de negócios, entre outros.

Foram R$ 306,8 bilhões com essas despesas financeiras, no ano passado, alta de 8,2% frente a 2022, e ao mesmo tempo, o caixa das atividades de investimento alcançou R$ 298,7 bilhões, praticamente estável no mesmo intervalo analisado.

Apesar da piora do ambiente econômico e da escalada da taxa básica de juros (Selic) após 2021, não se viu esse mesmo cenário em 2022. Naquele ano, os investimentos somaram R$ 299,2 bilhões, valor acima dos gastos com juros e encargos, em R$ 283,6 bilhões.

Os dados de balanços de 386 empresas abertas não financeiras foram coletados pelo professor e consultor André Freitas de Moura, da FGV/EAESP, com PhD em contabilidade e finanças na Universidade de Birmingham, na Inglaterra.

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Juros e Expectativas de Inflação

Márcio G. P. Garcia é professor titular da Cátedra Vinci Partners do Departamento de Economia da PUC-Rio, pesquisador afiliado da MIT Sloan School of Management e escreve mensalmente neste espaço. (sites.google.com/view/mgpgarcia) Eduardo Marinho é CFA chaterholder, mestre e doutorando em economia pela PUC-Rio. São os coautores do artigo (Valor, 20/03/24) compartilhado abaixo.

Há várias formas de extrair as expectativas do mercado financeiro sobre inflação. No Brasil, as mais usadas são as do relatório Focus, divulgado pelo BC toda segunda-feira, com as previsões de centenas de analistas.

Outra “expectativa” muito usada é a inflação implícita. Ela é obtida da comparação de títulos que rendem juros nominais (Pré) com títulos que pagam a inflação efetivamente ocorrida durante a maturidade do título (portanto desconhecida no momento da aplicação) mais uma taxa de juros real (que é o objeto de negociação em mercado).

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Juros Disparatados X Inflação Inercial ou Choques de Preços Administrados?!

Alexandre Manoel é economista-chefe da AZ Quest e ex-secretário nos Ministérios da Economia e da Fazenda (2018-2020). Lucas Barbosa é economista da AZ Quest. São coautores do artigo (Valor, 20/03/24) compartilhado abaixo.

Neste mês de março, completam-se 30 anos daquela que pode ser considerada a mais importante reforma institucional do pós-Constituição de 1988. Ao longo dessas três décadas, o Plano Real se mostrou um divisor de águas na história econômica do Brasil.

Sua contribuição para a estabilização de preços foi notável, eliminando a inflação galopante que corroía o poder de compra dos mais pobres e minava a confiança no país.

A inflação anual medida pelo IPCA nos dois primeiros anos do real ainda foi alta, atingindo 916% em 1994 e 22% em 1995. Contudo, a média anual da inflação de 1996 até 2023 foi de 6,3%. Mais recentemente, após a intensa agenda de reformas iniciada em 2016, a meta de inflação de 4,5% em 2018 foi paulatinamente reduzida para os atuais 3% de 2024, que atualmente não são consideradas factíveis pelo mercado, seja considerando a leitura do Boletim Focus que está em 3,5%, seja pelas inflações implícitas de mercado, que superam os 4%.

Nesse sentido, destaca-se que, para recuperar a confiança e atingir uma inflação corrente de 3%, duas agendas precisam ser perseguidas:

i) o cumprimento do novo arcabouço fiscal, com suas metas e punições; e

ii) o enfrentamento da desindexação de despesas, fator estrutural que torna mais desafiador alcançar a meta de 3% de inflação.

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Brasil mantém 2º lugar em ranking de juros reais após corte na Selic em 20.03.24

O Brasil manteve o segundo lugar no ranking mundial de juros reais, após a redução da taxa básica para 10,75% ao ano na reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central desta quarta-feira (20/03/23). O juro nominal de 10,75% ao ano equivale a 0,8545% ao mês, ou seja, quem possui aplicação de R$ 1.000.000 a 100% do CDI receberá R$ 8.545 mensalmente — valor de renda do trabalho situada entre a dos 10% mais ricos do país (acima de 5 salários mínimos ou R$ 7.000).

O juro real no Brasil está em 5,90% ao ano, valor inferior ao do México (7,46%), segundo ranking elaborado pelo Portal MoneYou. Essa taxa é uma combinação da inflação projetada para os próximos 12 meses, de 3,79%, considerando dados do relatório Focus do BC, e dos juros de mercado de 12 meses à frente —utilizando o Certificado de Depósito Interbancário (CDI) no dia da reunião do Copom.

Em termos nominais, o Brasil está na sexta colocação, abaixo de Argentina (80%), Turquia (45%), Rússia (16%), Colômbia (12,75%) e México (11,25%). A lista considera 40 economias.

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Negócio Contemporâneo dos Músicos

A plataforma de streaming Spotify pagou US$ 9 bilhões em royalties à indústria da música gravada em 2023. O valor é recorde e responde por quase 19% do total distribuído desde 2017, segundo o relatório Loud & Clear, informando o desembolso referente a direitos autorais.

Esta foi a primeira vez que 50% do valor total pago foi direcionado a artistas e gravadoras independentes — a empresa não informou os percentuais anteriores, só disse que eram menores. Para efeitos de comparação, US$ 4,5 bilhões equivalem à venda global de CDs, vinis e fitas em 2022, de acordo com o relatório mais recente da Federação Internacional da Indústria Fonográfica (IFPI, na sigla em inglês).

O aumento dos recursos pagos pelo Spotify se deve à ampliação da audiência e, consequentemente, da remuneração dos artistas. O número de usuários mensais cresceu 23% no quarto trimestre do ano passado, para 602 milhões, enquanto as assinaturas premium atingiram 236 milhões no mesmo intervalo, alta de 15%, segundo balanço financeiro da companhia.

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Boca do Jacaré Aberta: Exportador ainda deixa US$ 60 bi no Exterior

Abertura da boca do jacaré em juros-câmbio-bolsa

Embora o exportador brasileiro tenha aumentado suas vendas em 2023 na comparação com os anos anteriores, parte relevante desses dólares continuou fora do país. A diferença entre o câmbio contratado e o embarcado permaneceu no intervalo entre US$ 60 bilhões e US$ 70 bilhões, o que, na prática, impediu uma valorização ainda maior do real.

Apesar de o fluxo de entrada de dólares no ano passado ter beneficiado a moeda brasileira, o efeito poderia ter sido mais intenso caso lacuna tivesse ficado menor. Seria menor a “inflação importada”.

O fenômeno da “boca de jacaré” do câmbio ganhou destaque entre 2020 e 2021, quando a diferença entre os dados de exportação embarcada, divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex), e o fluxo cambial comercial, apresentado pelo Banco Central (BC), aumentou – indicando que parte das empresas exportadoras deixou capital no exterior e não o internalizou. A diferença saiu de algo em torno de US$ 16 bilhões no início de 2021 para encostar em US$ 75 bilhões um ano depois. Desde então, porém, a lacuna tem oscilado pouco e, lá fora, têm ficado, em média, cerca de US$ 65 bilhões.

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Fim de ‘década perdida’ para PIB per capita

Os desempenhos recentes de Produto Interno Bruto (PIB) per capita, renda per capita e produtividade dão sinais positivos para a economia brasileira e o bem-estar da população, ainda que a transição demográfica seja um desafio que tende a se mostrar cada vez mais presente. Com a volta de governo social-desenvolvimentista há cenário mais favorável para os indicadores e a expectativa de uma retomada para o patamar recorde do PIB per capita perdido há alguns anos.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que o PIB per capita cresceu 2,2% em 2023, para R$ 50.193,72. A estimativa do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre) é de uma expansão de 0,8% para o indicador este ano.

As contas da pesquisadora e coordenadora do Boletim Macro Ibre, Silvia Matos, consideram alta de 1,5% do PIB e aumento de 0,68% da população. Essa taxa não incorpora o Censo Demográfico 2022, com ritmo mais lento de crescimento da população, o que sugere que o PIB per capita pode ser um pouco maior.

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Peso do Agronegócio e da Indústria Extrativa no Crescimento do PIB Brasileiro

Sergio Lamucci (Valor, 04/03/24) publicou coluna com dados relevantes.

O crescimento da economia brasileira em 2023, de 2,9%, refletiu especialmente a força dos setores de commodities pelo lado da oferta. A agropecuária avançou 15,1%, alta concentrada no primeiro trimestre, enquanto a indústria extrativa, em que se destacam petróleo, gás e minério de ferro, aumentou 8,7%.

Nas contas dos economistas Bráulio Borges e Rodrigo Nishida, da LCA Consultores, os dois segmentos responderam diretamente por 1,3 ponto percentual da expansão do PIB de 2,9%, o equivalente a quase 45%. Neste ano, o desempenho desses setores deverá ser mais fraco. Com isso, o impulso ao crescimento terá de vir de outras áreas da economia.

Ao comentar os números do PIB de 2023, Borges e Nishida destacam também o impacto indireto do resultado expressivo desses dois segmentos, que beneficiam setores como a agroindústria e os transportes. O agronegócio, por exemplo, tem peso de quase 25% no PIB, considerando a agropecuária, o setor de insumos, a agroindústria e os agrosserviços, numa estimativa para 2022 feita pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).

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Mercado de Trabalho na Virada do Ano: PNADC nov-dez-jan

Indicador/PeríodoNov-Dez-Jan 2024Ago-Set-Out 2023Nov-Dez-Jan 2023
Taxa de desocupação7,6%7,6%8,4%
Taxa de subutilização 17,6%17,5%18,7%
Rendimento real habitualR$ 3.078R$ 3.031R$ 2.965
Variação do rendimento habitual em relação a:1,6%3,8%

taxa de desocupação (7,6%) no trimestre encerrado em janeiro de 2024 ficou estável frente ao trimestre de agosto a outubro de 2024 (7,6%) e caiu 0,7 p.p. ante o mesmo trimestre móvel de 2023 (8,4%).

população desocupada (8,3 milhões) ficou estável no trimestre e recuou 7,8% (menos 703 mil pessoas) no ano.

população ocupada (100,593 milhões), cresceu 0,4% no trimestre (mais 387 mil pessoas) e 2,0% (mais 1,957 milhão de pessoas) no ano. O nível da ocupação (percentual de pessoas ocupadas na população em idade de trabalhar) foi a 57,3%, sem variação significativa frente ao trimestre móvel anterior (57,2%) e subindo 0,6 ponto percentual (p.p.) ante o mesmo trimestre móvel de 2023 (56,7%).

A taxa composta de subutilização (17,6%) não mostrou variação significativa frente ao trimestre móvel encerrado em outubro (17,5%) e caiu 1,2 p.p. ante o trimestre encerrado em janeiro de 2023 (18,7%). A população subutilizada (20,3 milhões de pessoas) não variou de forma significativa no trimestre e recuou 5,6% (ou menos 1,2 milhão) no ano.

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PIB totalizou R$ 10,9 trilhões em 2023


Período de comparação


Indicadores
PIBAGROPINDUSSERVFBCFCONS. FAMCONS. GOV
Trimestretrimestre imediatamente anterior (com ajuste sazonal)0,0%-5,3%1,3%0,3%0,9%-0,2%0,9%
Trimestre /mesmo trimestre do ano anterior ( sem ajuste sazonal)2,1%0,0%2,9%1,9%-4,4%2,3%3,0%
Acumulado em quatro trimestres / mesmo período do ano anterior (sem ajuste sazonal)2,9%15,1%1,6%2,4%-3,0%3,1%1,7%
Valores correntes no 4º trimestre (R$)2,8 trilhões108,6  bilhões637,0 bilhões1,7      trilhão457,1 bilhões1,8     trilhão595,2 bilhões
Valores correntes no ano (R$)10,9 trilhões677,6   bilhões2,4     trilhões6,4     trilhões1,8     trilhão6,9     trilhões2,0     trilhões
Taxa de investimento (FBCF/PIB)  2023 = 16,5%
Taxa de Poupança (POUP/PIB) 2023 = 15,4%

Em 2023, o PIB (Produto Interno Bruto) cresceu 2,9% frente a 2022. Houve crescimentos na Agropecuária (15,1%), na Indústria (1,6%) e em Serviços (2,4%).

O PIB totalizou R$ 10,9 trilhões em 2023. O PIB per capita alcançou R$ 50.193,72 em 2023, um avanço real de 2,2% ante o ano anterior.

A taxa de investimento em 2023 foi de 16,5% do PIB, enquanto em 2022 registrou 17,8%. A taxa de poupança, por sua vez, ficou em 15,4% em 2023 (ante 15,8% de 2022).

Frente ao 3º trimestre, na série com ajuste sazonal, o PIB apresentou estabilidade (0,0%). A Indústria avançou 1,3%, os Serviços apresentaram variação positiva de 0,3%, enquanto a Agropecuária recuou 5,3%.

Em relação ao 4º trimestre de 2022, o PIB avançou 2,1% no último trimestre de 2023, 12º resultado positivo consecutivo nesta base de comparação. Agropecuária registrou estabilidade, enquanto a Indústria avançou 2,9% e Serviços cresceu 1,9%.

Principais resultados do PIB a preços de mercado do 4º Trimestre de 2022 ao 4º Trimestre de 2023
Taxas (%)2022.IV2023.I2023.II2023.III2023.IV
Acumulado ao longo do ano / mesmo período do ano anterior3,04,23,83,22,9
Últimos quatro trimestres / quatro trimestres imediatamente anteriores3,03,73,73,12,9
Trimestre / mesmo trimestre do ano anterior 2,74,23,52,02,1
Trimestre / trimestre imediatamente anterior (com ajuste sazonal) 0,21,30,80,00,0
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Contas Nacionais  

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BRICS Ampliado X G7 no Comércio Internacional

O Brics ampliado já é o principal parceiro comercial de 28% dos países do mundo em 2022, mostra levantamento do Internacional Trade Center (ITC, na sigla em inglês, agência em conjunto da ONU e da OMC).

O grupo, antes formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, recebeu em janeiro a adesão de Emirados Árabes, Arábia Saudita, Etiópia, Egito e Irã.

Em 2009, quando o bloco foi formado, eles representavam o principal parceiro comercial para 17% dos países do mundo..Em 2001, quando teve início o levantamento, eles eram 9%.

O G7, grupo de grandes potências do mundo desenvolvido (como Estados Unidos, Alemanha e Japão), tinha uma participação de 75% em 2001, depois caiu para 58% em 2009 e agora, em 2022, ficou em 45%.

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