Real Gabinete Português de Leitura

Panorâmica do RGPL Interior do RGPL III Luis de Camões Entrada do RGPL Interior do RGPL II Interior do RGPL Fachada do Real Gabinete Português de Leitura Claraboia do Salão de Leitura

O Real Gabinete Português de Leitura completou 177 anos em 14 de maio de 2014. Eu morei de 1978 a 1985 no Rio de Janeiro (antes tinha morado em Ipanema quando era bebê) e nunca tinha o visitado! Na semana passada, eu tive a oportunidade de “matar essa minha curiosidade histórica”…

O reinado de D. Manuel I (1491-1521), no auge da expansão ultramarina portuguesa, assistiu ao florescimento da arquitetura manuelina, que se carateriza pela exuberância plástica, o naturalismo, a robustez, a dinâmica de curvas e o recurso a motivos inspirados na flora marítima e na náutica da época dos Descobrimentos. Exemplos típicos desse estilo são o Mosteiro dos Jerônimos e a Torre de Belém, em Lisboa, e a janela manuelina do Convento de Cristo, em Tomar.

No século XIX, sob inspiração nacionalista, há um ressurgimento desse estilo, o neomanuelino, presente em obras de reforma do Mosteiro dos Jerônimos, na Estação do Rossio, em Lisboa, na Câmara Municipal de Sintra, no Palacete da Regaleira e no Palace Hotel do Buçaco.

Opondo-se ao neogótico que se manifestava em diversos países da Europa, o neomanuelino representou em Portugal, uma forma de “resistência da identidade nacional”. No Brasil, além do Real Gabinete Português de Leitura, no Rio de Janeiro, os principais edifícios neomanuelinos são o Gabinete Português de Leitura de Salvador e o Centro Português de Santos.

No Rio de Janeiro vivia, nos anos trinta do século XIX, uma ainda não muito numerosa colônia de portugueses, que, majoritariamente, apresentava centros de interesse comuns; por isso, poucos anos após a independência, esses elementos vieram a fundar um centro associativo capaz de lhes possibilitar “isolarem-se na doce recordação das coisas da pátria e na ilustração do espírito, pela leitura sã dos bons autores e dos periódicos da época”.

No primeiro Relatório apresentado pela Diretoria à Assembleia Geral, em 10 de setembro de 1837, portanto, decorridos quatro meses da fundação, chama-se a atenção para o crescimento da Associação:

“A associação foi estabelecida por 197 Socios Instituidores, como estareis lembrados; depois tem-se associado 99 Accionistas mais, e hum Sócio correspondente, na forma dos Estatutos. E, se tanto tem crescido a Sociedade em hum período tão curto, só pelas vistas da utilidade futura do estabelecimento, e da honra que d’ahi pode vir aos Portuguezes residentes no Rio de Janeiro; que poderemos esperar, quando essa expectativa for substituída pela utilidade pratica e effectiva do uso do Gabinete?”

Lá não se pode tocar nos inúmeros livros antigos. São apenas decorativos. Mas se pode ver uma curiosa exposição em que anotei uma apresentação que poderia inspirar este modesto blog:

“Na introdução do primeiro número de O Mundo Elegante — Periodico Semanal de Modas, Litteratura, Theatro, Bellas-Artes, Camilo Castelo Branco escreve: ‘Falta saber que este jornal abomina a Ciência. Aqui só se escrevem coisas que o leitor pode esquecer um hora depois, com tranquila consciência de que não perdeu coisa alguma. Abjura-se também a sátira, e a crítica. Cada qual pode fazer-se o que quiser, e viver como quiser. Respeita-se a ignorância e o vício: respeita-se tudo’.”

Dito isso, este post é uma homenagem ao dia comemorativo da Independência do Brasil em relação a Portugal. Se não houver regressão política, daqui a oito anos, em 2022, estaremos comemorando seu bi-centenário, de fato, com uma independência econômica!

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