Deus, Um Delírio

O livro de Richard Dawkins, Deus: um delírio (São Paulo, Companhia das Letras, 2007, 520 páginas), sistematiza muitas reflexões que talvez eu tivesse, mas de maneira desorganizada, no fundo, porque tinham deixado de ser objetos de minha preocupação há muito tempo.

Durante minha adolescência, abandonei a religião de minha mãe e da escola em que fui doutrinado na infância. Na verdade, não existe “criança cristã”, nem “criança mulçumana”. Existem crianças que nascem no mundo ocidental, outras, no oriente médio. Umas, filhas de pais católicos, outras, de pais mulçumanos. Todas muito novas para ter opinião autônoma sobre o assunto Religião, assim como sobre Política ou Economia…

Eu me imaginava aprisionado na religião em que fui criado. Tinha tremenda culpa por duvidar dela, dos seus mitos, de sua hierarquia, de seus rituais, de sua crença obrigatória, dogmática, portanto, inquestionável. Imagine a imensa sensação de liberdade que obtive quando me libertei dessa doutrinação infantil!

Imaginei, semelhantemente ao John Lennon, “um mundo sem religião”. Sabia que ela não era “a raiz de todo o mal”, pois acreditava já que nada podia ser raiz de tudo. Mas eu já tinha conhecimento suficiente para saber dos males para a humanidade e a civilização que foram cometidos “em nome de deus”, um ou vários. Tantos sacrifícios inúteis de inocentes – homens e animais – foram cometidos, devido às tentativas de imposições religiosas, ao longo da história! É difícil deixar de fazer julgamento de valor sobre o atraso cultural causado pelas diversas religiões, datadas e localizadas, ao longo da história.

Fugindo desse “mundo assombrado pelos demônios”, não estaremos, necessariamente, caindo no monoteísmo, ou seja, na fé da existência de um único deus onipotente e onisciente. Ele poderia atender a preces e realizar todos os desejos mais íntimos, desde que não se cometa o pecado de atentar contra suas leis divinas. Não é racional crer em algum deus, nem no papa ou qualquer outro líder dos que professam religião, cujas normas estabelecem dogmas inquestionáveis. Senão estaríamos em paradoxo lógico: se é onisciente, ele já tem de saber que vai mudar o curso da história, usando sua onipotência, mas isso significa que ele não pode mudar de idéia sobre essa reorientação, o que implica que ele não é onipotente…

Não sou também seguidor da doutrina que reputa inacessível ou incognoscível ao entendimento humano a compreensão dos problemas propostos pela religião (a existência de Deus, o sentido da vida e do universo etc.), na medida em que ultrapassam o método empírico de comprovação científica. Nesse sentido, as pessoas que tiverem essa preocupação, provavelmente, não me classificariam como agnóstico, mas sim como ateu: aquele que não crê em deus ou nos deuses. Entre ser ateísta ou teísta, até que evidências comprovem o contrário, fico com a explicação científica racional e não com a crença religiosa.

Acho ser ilusão a idéia criacionista do “design inteligente”. Entre acreditar que “o mundo vivo foi projetado por um único criador ou algum colegiado”, creio ser mais racional a idéia evolucionista da “seleção natural” darwiniana. Qualquer cientista acredita na evolução biológica até o ponto que evidências disponíveis a suportam. Se evidências testáveis derem suporte ao criacionismo, o cientista mudará de opinião.

A fé religiosa não é necessária para que tenhamos valores morais aceitáveis socialmente. Não é preciso acreditar em um deus (ou em vários deuses) para ser boa pessoa. Infelizmente, muitas pessoas acreditam e cometem crimes, inclusive se justificando por isso!

Há muita gente de mente aberta cuja doutrinação infantil não foi tão impositiva ou cuja inteligência natural foi forte o bastante para superá-la. Esses espíritos livres não devem ser privilégios dos cultos e inteligentes, deixando às “pessoas comuns” a “necessidade da religião”. Deixei de aceitar os argumentos infantis, ou melhor, maternais/paternais, da “necessidade de consolo da humanidade” ou da “necessidade de um propósito na vida” como muletas para enfrentar as dificuldades de se viver. Na realidade, o principal motivo para se agarrar à religião não é o consolo, mais a ilusão imposta pelo sistema educacional, familiar e/ou escolar.

Nesse tempo de retomadas de guerras e ataques terroristas com motivações religiosas, o movimento pró-ateísmo ganha força no mundo todo. O respeitado biólogo Richard Dawkins, eleito recentemente um dos três intelectuais mais importantes do mundo (junto com Umberto Eco e Noam Chomsky) pela revista inglesa Prospect, autor de vários clássicos nas áreas de ciência e filosofia, sempre atestou a irracionalidade de acreditar em deus, e os terríveis danos que a crença já causou à sociedade. Neste seu livro, “Deus, um delírio“, seu intelecto se concentra exclusivamente no assunto e mostra como a religião alimenta a guerra, fomenta o fanatismo e doutrina as crianças. O objetivo principal deste livro é provocativo: provoca os religiosos convictos, mas, principalmente, provoca os que são religiosos “por inércia”, levando-os a pensar racionalmente e trocar sua “crença” pelo orgulho ateu das descobertas científicas.

Um em cada quatro brasileiros crê em Adão e Eva

Documentários de Richard Dawkins

18 thoughts on “Deus, Um Delírio

  1. bem lembrado!! Outro dia estava assistindo a uma interessantíssima coletiva com ele na feira literária de Paraty, se não me engano.

  2. Professor Fernando,
    É realmente lastimável a sua posição anti-religiosa e cheia de preconceito. Se você não quer saber de Deus ou religião é direito seu. Mas, incitar o ódio às religiões é algo que não consigo engolir de um professor! É muito fácil culpar as religiões pelo que acontece de ruim no mundo. Se você entende um pouco de Sociologia perceberá que ataques terroristas são respostas a dominação, ao imperialismo. Um país que tem bastante poder bélico e quer impor sua cultura e dominação sobre outro país que não tem como se defender só pode esperar esse tipo de resposta.

    • Prezado Alisson,
      resenhar idéias do ateísmo não significa “incitar o ódio às religiões”. A maioria dos ateus ficou anos em silêncio, sendo tolerante com a dominação religiosa.
      Religiosos e ateus, ambos erram quando tentam impor, agressivamente, seu deus, crença ou fé. Mas ambos tem o direito democrático de se pronunciar a respeito.
      Entendo o suficiente de Sociologia para perceber que a questão geopolítica-religiosa do que chama “terrorismo” tem dimensões bem mais amplas do que essa sua simplificação.
      Sugiro tolerância e exame mais racional de idéias divergentes. Só lhe fará bem colocar menos emoção e mais razão na análise. Nunca “engula idéias”. Reflita sobre elas.
      Atenciosamente.

  3. Caro Fernando,
    primeiramente gostaria de me desculpar pelas “emoções” empregadas. Para ser sincero, ao falar de tal modo, queria apenas lhe provocar. Até me envergonho de ter tratado com o Sr. nestes termos. Não costumo agir assim. Perdoe-me. Por favor.

    Quero fazer uma análine racional e não emocional de alguns pontos do texto:

    “…se é onisciente, ele já tem de saber que vai mudar o curso da história, usando sua onipotência, mas isso significa que ele não pode mudar de idéia sobre essa reorientação, o que implica que ele não é onipotente…”
    Na verdade, professor, quando se emprega o adjetivo “onipotente”, para Deus, o sentido é diferente de “pode tudo”. O fato de Deus ser onipotente significa, essencialmente, que Ele tem poder para realizar toda a Sua vontade quando bem lhe aprouver. Isso não quer dizer que não exista algo que Ele não possa fazer. Existem muitas coisas que Deus não pode fazer devido a Sua natureza. Ex: Deus não pode mentir, não pode voltar atráz do que disse, não pode quebrar uma promessa, não pode pecar, não pode negligenciar Sua justiça, bem como todos os Seus outros atributos.

    “Se evidências testáveis derem suporte ao criacionismo, o cientista mudará de opinião.”
    Eu acreditava nisso quando era pequeno. Que cientistas eram pessoas sinceras. Que quando seus experimentos apontavam para algo eles realmente aceitavam. Depois de conhecer como realmente se faz ciência passei a duvidar, não do método científico, mas do cientista que se utiliza deste método. Já vi fraudes serem cometidas por grandes autoridades científicas. Acho que o Sr. reconhece que há muito preconceito na comunidade científica. E julgo que isso é natural.
    Atenciosamente.

    • Prezado Alisson,
      li sua visão sobre o sobrenatural. Não é possível a falsear, testando-a, portanto, de acordo com método positivista, não é científica, mas sim religiosa.
      Não podemos jamais transformar cientistas em deuses! Naturalmente, são seres humanos com todas as imperfeições que todos nós temos, senão seríamos sobrenaturais, isto é, divinos.
      Agradaram-me seus comentários. Espero que continue me lendo, apesar dos meus “pecadilhos” humanos… :o)
      Abraço.

  4. Professor,
    não entendi de qual visão você falou! Se for sobre a explicação de onipotência eu concordo que não pode ser falseada experimentalmente. Essa visão não é científica. Ela é teológica. Mas se for em relação a minha postagem sobre a existência de Deus tenho que discordar.
    Sinceramente não pensei que você aceitaria meu primeiro comentário na moderação. Achei muito legal de sua parte abrir-se ao diálogo. Principalmente porque o Sr. é um professor experiente e eu sou apenas um garoto de 17 anos que está no 3º semestre da Universidade.
    Grato.

    • Prezado Alisson,
      eu me referia, no caso, à explicação de onipotência. O agnosticismo é a doutrina que reputa inacessível ou incognoscível ao entendimento humano a compreensão dos problemas propostos pela metafísica ou religião (a existência de Deus, o sentido da vida e do universo etc.), na medida em que ultrapassam o método empírico de comprovação científica. O ateísmo é a doutrina ou atitude de espírito que nega categoricamente a existência de Deus, asseverando a inconsistência de qualquer saber ou sentimento direta ou indiretamente religioso, seja aquele calcado na fé ou revelação, seja o que se propõe alcançar a divindade em uma perspectiva racional ou argumentativa. Posso me classificar mais do que agnóstico, ou seja, como ateu? Mas, a dúvida eterna do ser humano é “quem sou eu”, não?
      Brevemente, nos próximos sábados, irei postar resenha sobre dois livros que reputo importantes: A Condição Humana e Quem sou eu? Se sou, quantos sou?
      Meu ofício é dialogar com todo o mundo. Tenho prazer e respeito pelo diálogo com os mais jovens. Sempre aprendo.
      Cordialmente.

  5. Engraçado que comecei a fazer uma relação entre os seus comentários sobre planejamento financeiro, mercado de capitais e religião.
    A procura por uma “ordem”, a pouca poupança no presente pensando que o futuro será melhor, entregar seu planejamento a um terceiro (supostamente mais bem preparado) ao invés de traçar seu caminho próprio, e outros aspectos me remetem a um comportamento natural de quem crê em alguma religião.

  6. As neurociências e as pesquisas biológicas, apesar de incipientes em relação ao que ainda está para ser descoberto, já atingiram um patamar bastante elevado para simplesmente DESMONTAR qualquer crença em deuses e religiões. As pessoas estão amordaçadas por séculos de obscurantismo e NÃO tem capacidade para ler e entender sobre as nossas origens. Vide a explosão de evangélicos e suas igreja que afloram nos bairros de qualquer cidade do Brasil. Aliás, igrejas NÃO pagam impostos e as origens do dinheiro nem sempre são bem conhecidas (bom, isto fica com a Policia Federal e a Receita Federal). Enfim, somos apenas, mas MARAVILHOSAMENTE, primos dos chimpanzés e TUDO o que sentimos, fazemos, pensamos, decidimos, são APENAS complexíssimas reações/configurações químico-elétricas do nosso corpo/cérebro. Se tem alguma coisa além disto, a física quantica explicará. NÃO há espaço mais para deuses, almas, espíritos, etc no mundo de quem pensa e estuda. Na verdade uma pequena parcela da população brasileira e mundial tem esta capacidade para ler e estudar. Ser Ateu é conhecer e entender nossas origens animais e saber como funcionamos. Para quem quer começar a entender o que somos leiam o livro “A Ilusão da Alma” do Eduardo Gianetti. É apenas o começo de um mundo novo e real que se abre para os que querem evoluir e escapar das garras das religiões.

  7. E quanto ao Richard Dawkins, o seu último livro “O Maior Espetáculo da Terra” é deslumbrante, mostrando de uma maneira extremamente lúcida e elegante e provocante, aquilo que somos. Animais da espécie humana. Mas quantas pessoas tem capacidade para ler um livro assim? É preciso ter pelo menos ter feito um ÓTIMO segundo grau!!! Mas tem biólogo/advogado/psicólogo/ etc e etc formado no Brasil que não conseguirá acompanhar o livro. Educação começa no ensino primário, secundário,… faculdade bem feita é para poucos!

  8. Caro Professor,
    Tenho acompanhado vosso blog há algum tempo, sinceramente já nem me lembro como vim parar nele. Vez ou outra leio uma ou outra postagem, que sejam de meu interesse. Confesso até que fiquei surpreso com suas posições claramente pró-PT (na verdade, acredito eu que no fundo são posições anti-neoliberalismo), que só vim a perceber depois de um tempo. (meu interesse inicial eram pelas questões econômicas) …

    O que me atraiu em seu blog foi sua vasta cultura (o que, aliás, em geral me atrai muito) e também, uma posição, creio eu, altamente Humanista (corrija-me se estiver errado).

    Agora, sobre a questão da existência ou não de Deus, decidi me manifestar – quem sabe não saiamos de uma eventual discussão sobre o assunto mais esclarecidos? Seria esse, com certeza, um bom (e talvez único) motivo para trocarmos algumas ideias.

    Primeiro, gostaria de dizer que é interessantíssimo notar o quanto o assunto mexe com o íntimo (emocional?) das pessoas, a ponto de os mais quietos sentirem necessidade de falar. Qual seria a causa disso? Resultado de uma imensa pressão (invisível?) social/cultural? A qual nos fez “crer” em várias coisas sem pensar… a ponto delas moldarem nossa ideia de vida/mundo… É provável…

    Afinal, entendo eu que o Sr. considera que o mundo é o mundo, como se apresenta, e qualquer “ente” sobrenatural como Deus, Espíritos ou “a mão do mercado” sejam “delírios” do homem e não “coisa concreta”, certo? Muito interessante esse ponto de vista.

    Eu gostaria muito de conversar longamente com o Sr. a respeito do assunto, espaço que talvez não seja permitido dentro do blog… mas se o Sr. me permite, gostaria apenas de fazer algumas perguntas: estou certo na leitura que fiz de vossas opiniões? (Perdoe-me se estiver sendo invasivo, mas uma vez que vossas opiniões são públicas através do blog, me dei esse direito).

    Segundo: O darwinismo sendo a explicação mais racional para explicar a evolução das espécies e o surgimento do homem (hipótese que eu considero também a mais racional, porém limitada), que é que nos impede por exemplo, de considerar justa a ideia de eliminar os mais fracos biologicamente, como doentes, velhos, especiais…etc? Não seria uma aplicação lógica do darwinismo? Uma forma de melhorar a adaptação do ser humano ao seu ambiente e portanto garantir o futuro da espécie? Já que a lógica do mundo é estar melhor adaptado? Que nos impede? (Aliás, antes de qualquer mau entendido: pelo amor de “Deus” (opa! escapou 🙂 )

    Não sou esse tipo de “nazista”, trata-se apenas de um questionamento para discussão. O que o Sr. acha?

    • Prezado Lucas,
      agradeço seu gentil comentário e por seguir este modesto blog.

      Quanto às minhas opiniões, guardo comigo a reflexão de que “o criador não deve explicar a criatura”. Se isso é necessário, é simplesmente a constatação que ele deve ter a humildade de reconhecer que sua criação não é “divina”, ou seja, perfeita.

      Opto, conscientemente, por expressar de maneira clara (e não dissimulada) minhas posições ideológicas e minha reflexão sobre o mundo. Com o exercício cotidiano da livre-expressão nós defendemos essa liberdade democrática. Espero que essa postura sirva também de exemplo para todos expressarem as suas posições sem falsidade.

      Quanto à segunda questão, merece uma consideração mais longa. É comum se pensar na expressão “sobrevivência do mais apto” como parte da teoria de seleção natural de Charles Darwin (1809-1882). Contudo, ela não é originária dela, mas sim de seus divulgadores que a vulgarizaram como a forma mais simples de explicar suas idéias ao público.

      Em 1852, Herbert Spencer (1820-1903) começou a pensar que a sociedade humana estava sujeita ao processo de seleção natural, assim como as espécies selvagens. Em sua opinião, a sociedade e o mundo natural podiam ser vistos através da mesma ótica científica.

      Para Darwin, no entanto, “o mais apto” era o organismo biologicamente adequado a seu ambiente em qualquer tempo. Spencer, estendendo o modelo para a civilização humana, acreditava que o mais apto era aquele mais adequado à sua sociedade, o que para ele significava ter qualidades mentais, morais e físicas mais desenvolvidas.

      Daí ele fez uma dedução socialmente equivocada: se a seleção natural não fosse limitada por regras, os membros “mais inaptos” da sociedade seriam eliminados na competição por recursos. Quem não tivesse dinheiro, educação, força de vontade ou talento seria eventualmente ultrapassado por membros mais férteis e bem sucedidos da sociedade.

      Na realidade social e demográfica, no entanto, os cidadãos que mais se reproduziam não pertenciam às classes mais altas. Estes membros da chamada elite moral e intelectual casavam cada vez mais tarde e tinham relativamente poucos filhos. Logo, suas riquezas materiais, intelectuais e físicas não se espalhavam pela população.

      Pelo contrário, os menos dotados estavam se reproduzindo de modo desproporcional à sua “adequação”. Em desespero para defender sua “tese”, Spencer lutava contra quaisquer tentativas do governo ou de alguém mais ajudar as classes mais pobres, pois, se as deixassem sem proteção social, elas se extinguiriam naturalmente.

      Graças a esse equívoco de Spencer, ninguém precisava se sentir “culpado por sua boa sorte pessoal”. O homem rico era o beneficiário inocente de sua própria superioridade! A riqueza pessoal devia ser protegida e nenhum governo poderia interferir sem inibir o processo pelo qual a raça humana estava progredindo!

      Pior ainda, esse “darwinismo social” canhestro se desembocou, em 1883, na fundação por Francis Galton (1822-1911), primo de Charles Darwin, do movimento eugênico dedicado à purificação genética da sociedade e ao aperfeiçoamento da raça humana. A teoria da seleção natural foi subvertida para apoiar preconceitos sociais extremos: racismo, esnobismo intelectual e nacionalismo mal dirigido estavam na base da ciência da eugenia, uma mixórdia pseudo científica.

      A conclusão é que os “darwinistas sociais” também estavam errados ao sugerir que a seleção natural deveria agir como um guia para a forma como deveríamos viver. Este é um exemplo da chamada “falácia naturalista”.

      Não há qualquer razão lógica que indique que há algo moralmente válido no processo de seleção natural. Este é, por natureza, um processo biológico baseado em mutações aleatórias, moralmente neutro.
      att.

  9. Prezado Fernando,

    acabei de ler a discussão a respeito da negação da crença e também sobre os abalos emocionais de alguns. Gostaria de colaborar dizendo aos demais que não adianta tentar usar um diálogo antropomórfico e sobrecarregado com equívocos conceituais. Precisamos pensar a partir do ponto onde estamos – nossa condição atual, portanto, é:

    – somos animais racionais de cérebros grandes e compartilhamos 99,3% de nosso material genético (genoma) com um símio chamado Chimpanzé. Isso é suficiente para colocar-nos no mesmo patamar dos macacos de cérebros grandes.
    – o universo atual, até o presente momento, nasceu de um ponto matemática, e tudo indica que foi o Nada que deu origem ao todo.
    – a ciência atual admite o Nada, mas não admite algo como um Deus.
    – quem determina totalmente nossa existência é nosso planeta terra, qualquer alteração radical ou climática ao planeta seremos afetados imediatamente. Quanto a isso não temos o menor controle, uma simples pedrinha de alguns quilômetros que se choque com o planeta pode nos aniquilar a qualquer momento.
    – a bíblia é um produto humano como todos os outros livros e Deus é apenas um construto dos mesmos seres humanos que escreveram a bíblia.
    – a teoria da evolução das espécies opera de forma lenta, mas progressiva e todos nós somos afetados direta ou indiretamente por essa lei, que não foi inventada por nós, nós é que a descobrimos.
    – nós também descobrimos as leis da física e estas operam em todos os lugares do universo conhecido.

    Nosso único porto seguro – no momento atual – é nossa ciência, que avança numa velocidade de dobra das informações globais a cada ano.

    As coisas que nós criamos são: economia, cidadania, cultura, ética, moral, religiões, deuses, etc.

    As coisas descobertas por nós: cosmos, leis da física, teoria da evolução, vida, etc.

    Segue uma lista de importantes livros para Download:

    A sociedade aberta e seus inimigos – Popper – Volume 1 – Pdf: https://drive.google.com/file/d/0B-IzSwsM47nec1BJb0xRcGtHWDg/view?usp=sharing
    A sociedade aberta e seus inimigos – Popper – Volume 2 – Pdf:https://drive.google.com/file/d/0B-IzSwsM47neTmI5ZU0wQjV2ajQ/view?usp=sharing
    Deus um delírio – Richard Dawkins Epub:https://drive.google.com/file/d/0B-IzSwsM47nedkxueVV1bHZOZVU/view?usp=sharing
    O maior espetáculo da terra – Richard Dawkins Epub:https://drive.google.com/file/d/0B-IzSwsM47neT0dYenBLODdlSzA/view?usp=sharing

    Abs.

    • Prezado Reinaldo,
      gostei muito de suas observações, particularmente da diferenciação básica entre criação e descoberta.

      Por incrível que pareça, de vez em quando temos que alertar para estudantes que “Newton não criou a Lei da Gravidade” ou em Economia, p.ex., que “Maria da Conceição Tavares não criou o Modelo de Substituição de Importações”!

      Sempre tive vontade de ler esse livro clássico do Karl Popper. Sabe que ele foi mentor intelectual do megaespeculador George Soros?

      Reinaldo, você tem em epub (ou pdf) o livro “Em nome de Deus: o fundamentalismo no judaísmo, no cristianismo e no islamismo” de Karen Armstrong? Comecei a ler o livro impresso, mas para resenhá-lo tê-lo digitalizado facilitará muito.
      abs

      • Caro Fernando,

        sobre Popper ser o mentor de Soros é bom saber, interessante. E você sabia que o mentor intelectual do Leonardo Boff foi Werner Heisenberg, foi ele mesmo que me disse, eu fiquei criticando ele no Blog: http://leonardoboff.wordpress.com/2014/05/30/nossos-pressupostos-equivocados-nos-podem-liquidar/, pois ele tenta usar a Mecânica Quântica como se fosse uma cola para ligar o homem a Deus.

        Os religiosos estão usando a ciência para tentar validar suas proposições vazias sobre o inexistente Deus, mas é uma tentativa sem sucesso, pois não será possível ultrapassar o limite do conceitual.

        Com relação ao Nada, já estamos começando a compreendê-lo via matemática, mas Deus é apenas um conceito, pura invenção do imaginário coletivo.

        Segue o livro: Em Nome de Deus – Karen Armstrong – Epub: https://drive.google.com/file/d/0B-IzSwsM47necC1VYmpSNXc3a2M/view?usp=sharing

        Boas leituras. Abs.

      • Olá Fernando,

        Deus é puramente um equívoco que reside dentro do conjunto fechado do imaginário coletivo. Foi construído por aqueles que não tiveram condições de interpretar a realidade e o cosmos com uma lógica mais elaborada. É mais uma conclusão errada a respeito de algo desconhecido. Aquilo que é oculto carece de métodos investigativos. Por isso, o conceito Deus não é matemático, mas o Nada é, aparecendo em todos os nossos cálculos. O Nada é ‘a priori’ necessário. Abs.

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