
O que significa “aprender a pensar”?
Seria uma questão de aprender certas habilidades intelectuais, como a leitura fluente, a lógica ou a expressar-se claramente?
Exigiria familiaridade com alguns textos transcendentais ou fatos históricos?
Talvez consista em corrigir certos preconceitos capazes de obscurecerem nosso discernimento?
Recentemente, Tim Harford (Financial Times apud Valor, 19/06/22) leu um ensaio instigante do psicólogo Barry Schwartz, mais conhecido pelo livro “O Paradoxo da Escolha”. Escrevendo há alguns anos no jornal “The Chronicle of Higher Education”, Schwartz argumentou: um dos objetivos do ensino universitário, em especial o ensino de artes liberais, é ensinar os alunos a pensar. O problema é: “ninguém sabe realmente significado disso”.
Schwartz propõe suas próprias ideias. Ele mostra mais interesse em virtudes intelectuais em lugar de habilidades cognitivas. “Todos os traços que discutirei têm uma dimensão moral fundamental”, diz, antes de argumentar a respeito de nove virtudes:
1. amor à verdade;
2. honestidade quanto às próprias deficiências;
3. imparcialidade;
4. humildade e vontade de procurar ajuda;
5. perseverança;
6. coragem;
7. ouvir com atenção;
8. empatia e olhar por meio de outros pontos de vista; e, por fim,
9. sabedoria quando não se peca pelo excesso em nenhuma dessas outras virtudes.
Se uma pessoa é altamente versada e brilhantemente racional, mas deixa a desejar nessas outras virtudes, por ser 1. indiferente à verdade, 2. negar os próprios erros, 3. preconceituosa, 4. arrogante, 5. facilmente desencorajada, 6. covarde, 7. desdenhosa, 8. narcisista e 9. propensa a todo tipo de excesso.
Poderia essa pessoa realmente ser descrita como alguém com a sabedoria de pensar?
Sem dúvida, seria o tipo de pessoa inadequada para colocar no comando de qualquer coisa.