Renda do Trabalho X Renda do Capital

Mariana Schreiber (Folha de S. Paulo, 07/08/11) mostra que o mercado de trabalho aquecido e a alta do salário mínimo fizeram a soma da remuneração dos trabalhadores assalariados subir em ritmo maior do que o conjunto do lucro de empresas, bancos e donos de terra entre 2005 e 2010. Com isso, após recuar por vários anos, a participação da renda nacional na mão dos trabalhadores assalariados voltou a aumentar na segunda metade da década passada.

Segundo o IBGE, a participação dos salários na renda nacional subiu de 39,3% em 2004 para 41,8% em 2008. Estimativa indica que a taxa foi de 43% em 2010. Os dados oficiais são divulgados com dois anos de defasagem. A participação dos empresários na renda nacional recuou de 35,6% em 2004 para 33,2% em 2008. Até 2010, essa participação caiu ainda mais, para 32,6%. De 1995 a 2004, era o contrário: a fatia da renda nacional na mão dos trabalhadores caiu e aquela na mão das empresas cresceu.

Segundo o economista da Fundação Getúlio Vargas-Rio de Janeiro, Samuel Pessoa, o aumento do mínimo e da remuneração do funcionalismo público no governo Lula está entre as causas da mudança de rumo em 2005. A queda do desemprego e da informalidade também influenciaram.

O economista do Dieese, Sérgio Mendonça, afirma que o crescimento do peso dos salários na economia fortaleceu o mercado interno. Ele observa que nos países desenvolvidos a renda dos assalariados costuma superar 50% da renda nacional.

Segundo o presidente do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), Marcio Pochmann, esse aumento do mercado consumidor foi fundamental para diminuir o impacto da crise mundial de 2008 na economia brasileira. “O mercado interno forte estimula mais investimentos. Ele sustenta um crescimento de longo prazo”.

O economista da PUC-Rio, José Márcio Camargo, como neoliberal, “considera ruim a queda da participação dos lucros das empresas na renda nacional, já que parte desses ganhos são usados em novos investimentos, que geram mais empregos”.

Para ele, o grande problema está no aumento do peso dos impostos na renda nacional, que passou de 13,4% para 16,1% de 1995 a 2010. “Em geral o setor privado é mais eficiente. Se houvesse menos impostos, haveria mais dinheiro no setor privado. A economia cresceria mais.”

Pasmem, o neoliberal não se emenda… Será que ele acha que a causa da crise é pela maior participação dos assalariados no PIB dos países de capitalismo mais maduro?!

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