Balanço Comercial Brasileiro em 2014

X e M 2014Saldo com Parceiros Comerciais 2013-14

Para especialistas, em 2015, o balanço comercial deve voltar a registrar superávit, mas via redução de importação acima do encolhimento das vendas ao exterior. A média das projeções das consultorias apontam superávit de US$ 5,6 bilhões neste ano. Para reverter o mau desempenho do ano passado, deve-se anunciar medidas de estímulo às exportações.

As vendas de produtos brasileiros ao exterior somaram US$ 225,101 bilhões, o que representa uma queda de 7% em relação a 2013. Considerando apenas as mercadorias industrializadas, o recuo foi mais amplo — de 13,7% na mesma comparação — enquanto os embarques de semimanufaturados e de bens básicos caíram em ritmo menor: 4,8% e 3,1%, respectivamente.

As importações somaram US$ 229,031 bilhões, de modo que, em relação a 2013, as compras de produtos estrangeiros apresentaram queda de 4,4%, puxada principalmente por bens de capital. Apesar de uma menor entrada de bens importados, o ritmo de retração das compras foi menor que a diminuição das vendas ao exterior. Isso contribuiu para que o balanço comercial registrasse, então, o maior déficit anual desde 1998, quando o saldo foi negativo em US$ 6,6 bilhões.

O governo atribuiu o déficit no balanço brasileira no ano passado a três fatores:

  1. queda no preço das commodities, especialmente em relação ao minério de ferro;
  2. cenário internacional desfavorável, sobretudo pela recessão econômica argentina; e
  3. a continuidade de um elevado déficit nas transações internacionais de petróleo e derivados.

A recente desvalorização do real em relação ao dólar ainda não se mostrou decisiva para impulsionar as exportações brasileiras. O câmbio, até o momento, teve efeitos positivos nas transações internacionais de apenas alguns setores, como máquinas industriais, automóveis e carne de frango. Quando o câmbio tiver mais estabilidade, nós vamos ter resultado mais direto nas exportações.

Em 2015, para um resultado positivo no balanço comercial, o governo espera uma ajuda da desvalorização do real e do crescimento dos Estados Unidos. Outro ponto positivo deve ser uma redução do déficit da conta-petróleo, que atingiu US$ 19,74 bilhões no ano passado, diante de um crescimento na produção e nos preços internacionais.

No entanto, o governo já trabalha com a perspectiva de que os preços de commodities, como soja, milho e minério de ferro, não devem se recuperar neste ano por causa do aumento da oferta. Outro “desafio” para o comércio exterior do país no ano é a incerteza quanto ao desempenho da economia mundial.

Há pouca margem fiscal para políticas públicas de fomento a exportações no curto prazo, o câmbio será a variável que mais impactará as exportações e as importações neste ano. A desvalorização do real no segundo semestre de 2014 é a grande mudança.

O primeiro e maior impacto será no nível de importação. Em dezembro, sempre na comparação com o mês anterior, as compras caíram 9,8%. Em novembro, houve recuo de 5,9%.

O novo patamar do câmbio vai adicionar mais um elemento de pressão para o recuo do nível de importação, assim como já atua neste sentido a desaceleração da renda e do consumo interno. Os reflexos do ajuste fiscal comandado pelo Ministério da Fazenda também devem contribuir nesta direção.

A desvalorização do real trouxe rentabilidade na exportação de commodities, apesar do recuo de preços ao longo de 2014. O preço do milho recuou 7,5% entre dezembro de 2013 e dezembro último. Em algodão, a queda foi de 12,7%, e no açúcar, de 9,9%. A soja encolheu 30% ao longo do ano.

Como esse câmbio assegura uma maior rentabilidade, ele serve, principalmente no primeiro semestre, para manter o nível do volume exportado de básicos, que representa metade de todas as exportações.

Nesse quadro que o Brasil vai enfrentar, as atenções têm que estar voltadas para a chamada agenda microeconômica, buscar intensivamente aquelas medidas que não demandam muito esforço fiscal adicional.

O aumento da exportação de petróleo pela Petrobras foi responsável pelo recuo forte em 2014 do déficit que o Brasil registra ano a ano no balanço comercial de petróleo e derivados. O saldo negativo, no entanto, permaneceu em patamares elevados e em 2015 é esperada ou uma nova redução, ainda que mais tímida, ou uma estabilidade no rombo da conta do setor, pois mesmo com a previsão de a estatal seguir incrementando a produção diária de barris, não há sinais no horizonte de recuperação dos preços internacionais. O barril do tipo WTI chegou a ser cotado a menos US$ 50, o menor preço em cinco anos.

Em 2014, no entanto, o déficit na conta-petróleo foi de US$ 19,74 bilhões, valor 17% menor do que o observado em 2013. Sempre na comparação interanual, no ano passado o embarque de petróleo cresceu 26,2% e alcançou US$ 16,35 bilhões, ao passo que as importações do produto recuaram 4,8% e atingiram US$ 15,53 bilhões.

Apesar de uma ligeira queda de 0,8%, a importação de derivados seguiu em nível elevado e somou US$ 23,68 bilhões. O alto consumo interno de gasolina e diesel contribuiu para um recuo ainda maior nas exportações de óleos combustíveis, de 11,4%. As vendas desses produtos não passaram de US$ 3,42 bilhões.

O incremento nas exportações de petróleo, por sua vez, ocorreu a despeito da queda de 29,5% no preço do óleo cru entre dezembro do ano passado e dezembro de 2013.

Em 21 de dezembro de 2014, a Petrobras bateu recorde de exploração diária na área do pré-sal e produziu 2,28 milhões de barris, a maior marca dos últimos quatro anos.

Sem o efeito preço, os volumes embarcados de petróleo seguirão aumentando, dando maior margem para a redução do déficit no balanço comercial do setor neste ano. As importações também deverão cair, já que não possuem espaço para crescer. As compras acompanham consumo interno de combustíveis e crescimento da economia, duas variáveis com perspectivas de expansão tímidas para este ano.

Prevê-se a persistência do que se qualifica de “déficit expressivo na conta do setor”, pois o país deve manter as usinas termelétricas funcionando em sua capacidade total ao longo de 2015, o que demanda combustível importado.

Além disso, o potencial de refino de Abreu e Lima, refinaria recém-inaugurada, deve ficar em pleno funcionamento apenas no segundo semestre de 2015. Antes, não haverá alívio por parte da oferta para as compras do exterior de gasolina e de diesel.

Deixe um comentário