Livro para Download Gratuito: Complexidade Brasileira – Abordagem Multidisciplinar

A nova fronteira teórica da Ciência Econômica é inspirada em metodologia de Outras Ciências, tanto em Ciências Humanas como Economia Comportamental (ou Psicologia Econômica), quanto em Ciências Sociais como Economia Institucionalista (ou Sociologia Econômica weberiana), e até mesmo em Ciências Naturais como Economia Evolucionária (ou Biologia Evolucionista darwiniana). Meus alunos e eu analisamos como a Economia da Complexidade (ou Engenharia da Computação Econômica) integra esses diversos insights e escalas de análise, reintegrando a partição da realidade realizada pelas diversas Ciências Afins.

Dessa experiência didática nasceu a ideia básica deste livro intitulado “Complexidade Brasileira”: verificar como interagem seus distintos componentes para a emergência desse Sistema Complexo. Essa abordagem multidisciplinar me obrigou a ousar fazer incursões em outras áreas de conhecimento. Fiz uma brevíssima releitura da historiografia brasileira, tanto a clássica, como a dos recentes intérpretes do Brasil do Século XXI. Gerou reflexões sobre nossa sociedade, organizada sob a estratificação de castas profissionais – párias à parte –, cujo relacionamento se dá em um jogo dinâmico de alianças políticas, golpes e contragolpes.

O principal desafio intelectual é a superação da formação “ortodoxa” dos economistas brasileiros por uma atualizada com a nova fronteira teórica pluralista e interdisciplinar. Defendo a necessidade de a formação contemporânea, em tempos de crise, ser mais generalista, exigindo maior abertura teórica e tolerância ideológica. O conhecimento da Economia como uma das Ciências Sociais pode ser ampliado pela exploração de métodos de análises interdisciplinares.

A Economia da Complexidade, chamada também de EconoFísica, reúne esses diversos insights e escalas de análise, reintegrando a partição da realidade realizada pela antiga divisão de trabalho entre especialistas das Ciências Afins. Uma interpretação multidisciplinar dos fenômenos macroscópicos emergentes a partir das interações entre agentes busca superar a visão anacrônica do mundo, inspirada no mecanicismo da Física newtoniana, ainda adotada por economistas desatualizados.

Para não reduzir a evolução da economia brasileira como Sistema Complexo apenas à emergência propiciada por interações de componentes econômicos e/ou tecnológicos, mas também captar as rupturas, as reorientações e os retrocessos em relação à dependência de trajetória prévia, adoto uma dimensão multidisciplinar em sua análise. Interpreto a estratificação social da renda e riqueza na sociedade e a relaciono ao jogo político estabelecido historicamente entre as castas brasileiras.

O objetivo é provocar um debate sobre a estratificação social da riqueza no Brasil. Pelo próprio conceito de estoque de riqueza pessoal – saldos no caso financeiro, imóveis, automotores, embarcações e aeronaves –, é imprescindível essa discussão integrar a questão da desigualdade na distribuição dos fluxos de rendas, seja do trabalho, isto é, dos salários, seja do capital: juros, alugueis e lucros. Nesse sentido, o conceito de casta se torna útil para uma análise distinta daquela de “luta de classes”, colocando o foco na dinâmica do “jogo de alianças entre castas” como construtor da longa história da civilização.

Discuto porque ainda predominam familismo, clãs, dinastias e castas de natureza ocupacional – militares, aristocratas, comerciantes, sábios e trabalhadores – na estrutura de Poder no Brasil. Depois de pesquisar sobre a história das instituições típicas das castas brasileiras – Forças Armadas, Igreja, Universidade, Associações Patronais e Sindicatos –, concluo a respeito dos padrões de comportamentos das castas brasileiras, expressos em valores como, entre outros, competitividade, empreendedorismo, livre-mercado, especialização, paternalismo, fama, glória, coragem, honra, ceticismo quanto ao livre mercado, igualitarismo.

Através de uma breve releitura da historiografia clássica, analiso a evolução das alianças entre as castas brasileiras, destacando os pontos de ruptura como marcos históricos. Depois, busco detectar, dentro da dependência de trajetória caótica e não linear desse sistema complexo, se há predominâncias de comportamentos e quais são os principais nódulos dos relacionamentos entre as castas brasileiras: conciliação, autoritarismo, elitismo, populismo, culto à personalidade, e corrupção. São resultados não observados no nível de cada qual, mas sim através da rede estabelecida entre elas.

Em vez do usual individualismo metodológico para esboçar quem seria o típico brasileiro – e extrapolar seu comportamento para todos –, opto por uma análise holista, destacando as castas, as instituições e a economia financeira como “nós” chaves entre os componentes interativos desse sistema complexo. A análise ganha atualidade ao também buscar o comum entre as bancadas temáticas compostas no Congresso Nacional. A sonegação fiscal com a sistemática “lavagem de dinheiro sujo” é um traço comum encontrado nos distintos grupos de interesses conhecidos como BBBB (Boi, Bíblia, Bala e Bola). Este último B agora é substituído pelo B da banca de negócios. Analiso também a recente onda conservadora, cheia na eleição de 2018.

Em lugar de uma análise parcial do curto-prazo, restrita à crítica da política econômica, comum no debate público brasileiro, proponho ampliar seu escopo. Para entender o desempenho recente da economia brasileira não se pode ignorar ambiente (estiagem de 2012 a 2016), ciclo (crise mundial), comércio exterior (China com capacidade ociosa a ocupar com sua elevada competitividade industrial), estrutura (desindustrialização), revolução tecnológica (automação e robótica), etc., ou seja, todos os demais componentes da economia analisada como um sistema complexo.

Outro componente-chave é a riqueza imobiliária. A emergência dos valores de mercado dos imóveis advém das interações entre todos os participantes do mercado imobiliário brasileiro. Seus diversos comportamentos são moldados por lógicas de ação institucionais. A evolução dinâmica desse sistema de preços de imóveis auto organizado é o resultado das cadeias de interconexões. Eles emergem e submergem em uma rede de relacionamentos, tanto na formalidade, quanto na informalidade. A riqueza imobiliária é valorizada ou subvalorizada, periodicamente, dentro desse sistema complexo com múltiplos agentes interativos.

Apresento também uma abordagem estruturalista contemporânea, destacando as cadeias produtivas e comerciais. Para a simplicidade dessa complexidade, a visão holística destaca, na rede de relacionamentos, os nódulos principais. São eles, na economia brasileira, as cadeias relacionadas a agronegócio, extrativa de petróleo, construção e imobiliária, automobilística, segmentos da indústria de transformação por intensidade tecnológica, serviços de agregação de valor e diferenciação de produtos, serviços de custos e serviços de demanda final.

O objetivo do capítulo final é a focalização, em uma rede de relacionamentos financeiros, de quatro nódulos-chave: Pessoas Jurídicas e Físicas, Bancos Privados e Públicos. As particularidades desses componentes importam, dentro de suas cadeias de interconexões, para simplificar a análise da complexidade do sistema bancário nacional.

Considerando o todo, em uma visão holística, superamos o individualismo metodológico da literatura da “financeirização”, cujo foco se restringe ao pressuposto parasitismo do capital financeiro face ao capital produtivo. Contraponho a cidadania financeira – acesso popular a crédito, investimentos financeiros para a aposentadoria, e sistema de pagamentos –, a ser progressivamente conquistada, como a inovação capaz de reorientar a dependência de trajetória. Ela se afasta das condições iniciais desse sistema. A democracia da propriedade implica na inclusão financeira de cidadãos ainda à margem dos benefícios das funcionalidades do complexo sistema financeiro brasileiro.

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Fernando Nogueira da Costa – Complexidade Brasileira

4 thoughts on “Livro para Download Gratuito: Complexidade Brasileira – Abordagem Multidisciplinar

  1. Muito obrigado pelo brilhante livro, mas se não for abusar da generosidade teria uma versão no formato epub disponível?

  2. Boa noite Fernando tudo certo? Ótimo livro!

    Me passa o seu E-mail por favor! Ficaria muito grato.

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