Miopia de O Mercado (até 2017) X Olhar de Estadista (até 2035)

Projeções de alavancagem da Petrobras

Renato Rostás (Valor, 21/10/13) mostra bem o “terrorismo de O Mercado”, vendo “a hora”, mas não observando “o futuro”. Para estes terroristas, tipo “observadores críticos” — aqueles que criticam sem construir nada — “o leilão do campo de Libra, do pré-sal da Bacia de Santos, não poderia vir em pior hora para a Petrobras“. A definição do consórcio vencedor vai adicionar necessidade de gastos de capital, que, no momento, comprometerão ainda mais o caixa já apertado da estatal. Assim, o projeto deixaria de ser um benefício para tornar-se um problema, que se soma a uma lista extensa:

  1. dificuldade em elevar a produção,
  2. defasagem dos preços de combustíveis, e
  3. plano ousado de investimentos.

Albert O. Hirschman, em seu brilhante livro, A Retórica da Intransigência (São Paulo, Companhia das Letras, 1992, 151 páginas), recorrendo a exemplos extraídos tanto de discursos parlamentares como de livros clássicos do pensamento anti-revolucionário e anti-reformista, demonstra que existem três teses reacionárias principais no discurso que reage contra as tentativas de conquistas sociais históricas: futilidadeameaça e perversidade. Há duzentos anos, em todos os lugares, elas se repetem, compulsivamente, na retórica dos conservadores, todas elas destinadas a convencer que qualquer tentativa de mudar a sociedade é inútil, desastrada ou prejudicial.

Detalhe: entre os catastrofistas, predominam analistas empregados por bancos norte-americanos, ou seja, da “gasland” que aposta em seu gás extraído do xisto betuminoso, que contamina os lençois freáticos, e cujas “multinacionais” não participaram do leilão do Campo de Libra. Também com “análise isenta” dessa qualidade não é à toa que se observa a Decadência de O Império Norte-americano

O Bank of America Merrill Lynch (BofA) explicita a situação da empresa em relatório. A Petrobras tem a maior dívida do planeta, de acordo com a instituição, considerando companhias de capital aberto não financeiras. Ao fim do segundo trimestre, as obrigações somavam US$ 112,7 bilhões, contra US$ 104 bilhões da China State Grid, US$ 98 bilhões da americana Verizon e US$ 90 bilhões da China National Petroleum Corporation (CNPC).

Anne Milne, analista de dívida do BofA, calcula que, caso todos os fatores que pressionam a Petrobras hoje continuem agindo até o fim do plano de negócios, em 2017 sua alavancagem superaria 6 vezes. A projeção da companhia, porém, no âmbito de seu programa de investimentos, é que, considerando que suas metas de produção de petróleo e de refino serão atingidas, o indicador caia a 1,67 vez no mesmo prazo. A alavancagem é medida pela relação entre dívida bruta e o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês).

Para compensar o peso do campo sobre seus gastos, Marcelo Torto, da Ativa, acredita que a empresa pode adiar investimentos. “Pode ocorrer o corte ou a extensão do plano de negócios para ajudar a suavizar a cifra negativa de seu fluxo de caixa”, concorda Milne, do BofA. A perspectiva do banco é que os valores podem ser reduzidos de US$ 44 bilhões por ano para US$ 38 bilhões sem grande prejuízo aos projetos da companhia.

A equipe de Pedro Medeiros, do Citi, prevê que apenas para o desenvolvimento de Libra a Petrobras tenha de investir anualmente US$ 3,5 bilhões até 2017. O financiamento bruto necessário para o projeto seria de US$ 21 bilhões, com o restante sendo provido pela geração de caixa da estatal.

A Petrobras é obrigada a ficar com, no mínimo, 30% do empreendimento e controlar sua operação. Um dos grandes temores do mercado é que o consórcio a ser montado pela estatal acabe perdendo para outro, mais agressivo, e mesmo assim a companhia tenha de arcar com o que foi prometido. No entanto, analistas não consideram que a petrolífera fará proposta para ficar com muito mais do que 30%. [Vejam só o que os catastrofistas falavam na véspera! Comparem com o resultado efetivo do leilão…]

O BofA avalia que a fatia de 30% é o limite para testar o estresse dos investidores, o Citi estima que a Petrobras fechará o leilão com fatia de 40% e o Credit Suisse afirma que veria “com muita surpresa” uma participação muito distante de 30%.

Outro ponto de atenção é quanto do lucro que o petróleo vai gerar em Libra que terá de ser repassado à União, o chamado “lucro-óleo“. O governo federal pediu o mínimo de 41,65%, e vence o leilão aquele que ofertar o maior percentual.

Embora não desejável para a Petrobras, a maior parte dos bancos prevê que um índice de até 60% seria aceitável. Vinicius Canheu, do Credit Suisse, vê taxas internas de retorno de ao menos 15% mesmo nesse cenário.

O analista do banco suíço calcula que, em praticamente qualquer situação, explorar Libra deve trazer ganhos à estatal, considerando o valor presente líquido. Uma combinação de premissas pessimistas que traria perdas à companhia considera reservas de até 3,7 bilhões de barris – ante o intervalo estimado pela Agência Nacional de Petróleo de 8 bilhões a 12 bilhões de barris -, com um repasse de mais de 70% do lucro à União.

Para suavizar os efeitos criados pelo novo campo, o primeiro passo necessário para a Petrobras é aumentar sua produção de petróleo. A meta da empresa até 2017, no âmbito de seu plano de negócios, é chegar a 3,4 milhões de barris de óleo equivalente produzidos por dia, ante o nível atual de 2 milhões de barris. O BofA trabalha com 3,1 milhões. Em relatório, a analista do banco diz que extrair mais petróleo é o passo mais importante para a recuperação dos resultados.

Nesse sentido, Libra poderia até ajudar os planos da petrolífera, já que agrega recursos potenciais. Mesmo assim, os analistas mostram cautela quanto à estimativa oficial da ANP, dado que apenas dois poços foram perfurados e um deles foi abandonado no processo de avaliação.

A retomada da expansão produtiva é esperada já neste ano, com o início das atividades de quatro novos campos, e ao longo de 2014, com o a entrada de outros projetos importantes. Mas o desenvolvimento dessas unidades pode ser adiado para não piorar ainda mais a estrutura de capital da empresa. O Citi não descarta a possibilidade de novo aumento de capital para financiar projetos no futuro, medida que é afastada pelo governo e pela própria companhia.

Outro possível alívio aos resultados não depende só da Petrobras. Os investidores pedem reajuste no preço dos combustíveis no âmbito doméstico para reduzir a disparidade em relação ao mercado internacional. A área de abastecimento da companhia amarga prejuízos por vender gasolina e diesel mais barato no Brasil, principalmente porque o governo federal, seu controlador, não deseja adicionar pressão à inflação.

O BofA se reuniu com representantes do Ministério de Minas e Energia e do Congresso e saiu de lá com a impressão de que as autoridades não veem os preços dos combustíveis como “grande complicação” para a estatal. Relatório dos analistas Frank McGann e Vicente Falanga Neto mostra que o reajuste só seria autorizado caso a habilidade de financiamento da companhia fosse realmente comprometida.

A agência de classificação de risco Moody’s já rebaixou a nota de crédito da Petrobras, embora esta ainda continue como grau de investimento. E a perspectiva do rating é negativa, o que indica que novos cortes podem ocorrer. Se não melhorar sua alavancagem, portanto, a Petrobras pode ter de pagar mais a investidores na hora de emitir dívida – o que comprometeria ainda mais o caixa.

O BofA estima que, a fim de acabar com a defasagem de preços, o reajuste da gasolina teria que ser de 10% e o do diesel, de 17%. A Ativa calcula em 14% e 20%, respectivamente, essa proporção. Mas ninguém vê possibilidade de aumento dos combustíveis acima de 10%, o que manteria a disparidade. Anne Milne, do BofA, calcula que um incremento, mesmo que ainda para valores abaixo dos internacionais, ao menos traria a alavancagem bruta (dívida bruta/Ebitda) da Petrobras para 4,3 vezes em 2017.

[Evidentemente, o risco de choque inflacionário e perda de poder aquisitivo do povo brasileiro não importa aos analistas de O Mercado, mas apenas os dividendos e a capacidade de pagamento da Petrobras…]

20 thoughts on “Miopia de O Mercado (até 2017) X Olhar de Estadista (até 2035)

  1. Não entendi. Se a Petrobrás, devido à inconsistência da política macroeconômica, vai ter que subsidiar o consumidor, é óbvio que isso afeta sua capacidade de investimento. Dado o papel central que lhe foi outorgado na exploração do pré-sal, não há duvidas que sua fragilidade vai afetar o setor de petróleo e o crescimento do PIB vai minguar (como já vem minguando).

    Achei curiosa também sua observação sobre a decadência americana. Que decadência é essa que eu não ouvi falar? Os EUA se posicionaram como o maior produtor de energia para as próximas décadas, o que vai se somar ao seu status de maior produtor de tecnologia e sua situação demográfica e fiscal favorável (relativo a Europa e boa parte dos emergentes).

    • Prezado Irineu,
      discordo de sua premissa: “a Petrobrás, devido à inconsistência da política macroeconômica, vai ter que subsidiar o consumidor”.
      O Estado não é absolutista, controlando tudo, inclusive a taxa de inflação.
      Face ao montante de capital exigido, não “é óbvio que isso (a política de preços de combustíveis) afeta sua capacidade de investimento”. Não é possível total autofinanciamento.

      Discordo também de: “Dado o papel central que lhe foi outorgado na exploração do pré-sal, não há duvidas que sua fragilidade vai afetar o setor de petróleo e o crescimento do PIB vai minguar (como já vem minguando).” Isso é prognóstico técnico ou vontade de oposição?

      Quanto à decadência americana, há vários sintomas, caso deseje observar e analisar, criticamente, o que eu não sei se é seu caso. O maior sintoma de decadência de um Império é sua crise fiscal: excesso de gastos para manter as Forças Armadas em todo o mundo, inclusive enfrentando diversos conflitos militares. Mas passa também por decadência cultural, p.ex., examine a queda de qualidade do outrora grande cinema norte-americano, moral, p.ex., espionagem de aliados, na educação e segurança pública, p.ex., assassinatos em massa nas escolas, na saúde pública, p.ex., a falta de acesso universal, na política, p.ex., o Tea Party tentanto reduzi-lo a um Estado mínimo, entre outros sintomas que você poderá se atentar.
      att.

  2. “O Estado não é absolutista, controlando tudo, inclusive a taxa de inflação.”

    Para um keynesiano, fico surpreso que seja tão pessimista quanto à capacidade do Estado influir na macroeconomia. A evidência internacional não parece rejeitar a hipótese que – salvo situações excepcionais, como crises de balanço de pagamentos – manter a inflação na meta é fácil e não é custoso.

    “Não é possível total autofinanciamento.”

    Certamente. Mas financiamento externo tende a ser bem mais barato e “forthcoming” se o mundo inteiro não souber que a PBR tem problemas de caixa que causam até inadimplência no pagamento de suas obrigações para a União.

  3. “Quanto à decadência americana, há vários sintomas, caso deseje observar e analisar, criticamente, o que eu não sei se é seu caso. O maior sintoma de decadência de um Império é sua crise fiscal: excesso de gastos para manter as Forças Armadas em todo o mundo, inclusive enfrentando diversos conflitos militares.”

    Os gastos militares dos EUA como proporção do PIB são atualmente baixos em comparação com níveis históricos – e caindo.

    “Mas passa também por decadência cultural, p.ex., examine a queda de qualidade do outrora grande cinema norte-americano, moral, p.ex., espionagem de aliados, na educação e segurança pública, p.ex., assassinatos em massa nas escolas, na saúde pública, p.ex., a falta de acesso universal, na política, p.ex., o Tea Party tentanto reduzi-lo a um Estado mínimo, entre outros sintomas que você poderá se atentar.”

    Não sei sobre o cinema, em particular. Mas em termos de produção e consumo cultural, os EUA ainda são líderes mundiais (pode escolher: música popular, literatura etc). A espionagem de aliados é feita pelos EUA e também por todo mundo, desde sempre. Quanto à violência, se você quiser se informar, vai saber que existe menos violência nos EUA hoje do que em qualquer período desde os anos 60. Qualquer metrópole americana hoje em dia é mais segura que as metrópoles brasileiras. Quanto ao Tea Party, considero suas ideias tresloucadas, mas sua própria existência atesta para a vitalidade da democracia americana.

    • Prezado Irineu,
      você acha que o que é bom para os EUA é bom para o Brasil?
      Você acha que a decadência está cá e não lá?
      Os fatores de repulsão daqui e fatores de atração de lá não justificam sua emigração?
      att.

  4. “você acha que o que é bom para os EUA é bom para o Brasil?”

    Não. Por que haveria de pensar isso?

    “Você acha que a decadência está cá e não lá?”

    Eu não vejo decadência nos EUA, muito menos vejo convergência no Brasil. Em minha opinião profissional, o Brasil vai continuar a ter uma renda per capita menor que 30% da renda per capita americana e estamos bem longe de melhorar em outros aspectos não-econômicos (segurança pública, por exemplo).

    “Os fatores de repulsão daqui e fatores de atração de lá não justificam sua emigração?”

    Certamente! Moro nos EUA desde 1995.

  5. Fernando

    Não entendo você. Você diz que tem uma visão pluralista, que não defende só uma visão econômica, etc.
    Mas não aceita um único comentário ou crítica. Seu pensamento deve ser único. O Irineu, que é um economista de renome mundial, vem aqui discutir de forma educada em seu blog e é tratado com extrema falta de educação, sendo que você não respondeu a um único ponto que ele comentou. E olha que ele não foi agressivo em nenhum momento.
    Você só consegue se comunicar com ignorantes em economia? Evita a discussão com bons economistas?

    • Prezado Marcelo,
      o nível de agressividade (ou mesmo de humor) depende do estado emocional do interlocutor no momento que o lê. Quando o li, eu achei que o “renomado economista” foi agressivo e/ou arrogante.
      A percepção do outro depende de empatia com o outro ou então de simpatia (ou não) com suas ideias.
      O pluralismo que advogo é conhecer as ideias discordantes, mas não significa não ter lado, portanto, “não fico em cima do muro”.
      Quando não respondo algum ponto, geralmente, é porque concordo com ele ou então acho que não vale a pena perder tempo com uma discussão que em nada mudará as opiniões dos interlocutores.
      Se alguém está convencido de uma obviedade atual – a superioridade da vida econômica e social dos EUA face à do Brasil -, mas adota um determinismo histórico quanto ao futuro, creio que não conseguirei apresentar evidências empíricas para mudar sua opinião. Evidentemente, ele tem o pleno direito de a ter, assim como eu tenho a minha.
      Há uma contradição nessa sua questão: se eu consigo comunicar-me apenas com “ignorantes em economia”, evitando a discussão com “bons economistas”. Creio que consigo comunicar-me com todos que seguem meu blog. E eu te agradeço por isso.
      att.

      • “Se alguém está convencido de uma obviedade atual – a superioridade da vida econômica e social dos EUA face à do Brasil -, mas adota um determinismo histórico quanto ao futuro…”

        Determinismo histórico?!

      • Prezado Irineu,
        “determinismo histórico” significa achar que o futuro sempre reproduzirá o passado. Quem o adota não enxerga a possibilidade de um país tirar o atraso histórico, dando “salto de etapas” antes percorridas por países mais avançados.
        att.

  6. Eu não descarto a possibilidade do desenvolvimento, a saída de um país do ‘atraso histórico’. Aconteceu na Coréia. Podemos dizer que na Espanha e na Irlanda também, apesar das crises que ambos países vivem hoje em dia. Deve haver algum outro país de que estou me esquecendo, mas acho que a lista é só essa. Sair do ‘atraso histórico’ não é fácil.

    Também sei um fato. Todos os países que conseguiram sair do atraso o fizeram com uma receita bem diferente daquela que estamos seguindo.

    Também entendo os motivos por que a receita que estamos seguindo não pode, não vai, dar certo (afinal, o doutorado em economia tem que servir para alguma coisa!). Então não é determinismo histórico, mas sim aplicar o que sei para explicar o mundo.

    Agora tenho que admitir, não entendo muito de política. Em meu cenário central em que o Brasil se mantém onde sempre esteve na distribuição mundial de renda, eu vejo o país continuando a ser governado pelo eixo PT-PMDB-FIESP; continuo vendo a política econômica e principalmente microeconômica voltada para evitar o crescimento da produtividade, o aumento da escala de produção e a integração com a economia global; continuo vendo o país em uma rota suicida na questão fiscal de longo prazo; poderia continuar a lista mais longamente (Black blocs, educação, etc).

    Mais, ainda temos economistas que acham que um plano de infraestrutura tem que defender a industria de bens de capitais nacional, defendem essa ideia em público e não causam gargalhadas estridentes na sala do seminário. Ainda temos economistas que, de cara limpa e sem medo de virar motivo de piada, defendem que a exploração do pré-sal seja alavancada para desenvolver a indústria via requerimentos de conteúdo nacional.

    Então sinceramente não consigo achar relevante a possibilidade de algum dia ver o Brasil ter 40% da renda per capita americana. Poxa, acho improvável até chegar a um terço…

    • Prezado Irineu,
      realmente, discordo de muitas de suas ideias (econômicas e políticas). Entretanto, não acho que a discordância deva ser motivo de gargalhadas. Prefiro entender que sejam frutos da diferença do que é considerado, equivocadamente, formação “ortodoxa” e “heterodoxa”.

      A primeira tende a privilegiar a análise em curto prazo para prognosticar o futuro. A segunda enfatiza os fatores de desenvolvimento em longo prazo. Evidentemente que a análise global exige uma visão do todos os fatores, tanto de curto, quanto de longo prazo. Esta vem da tradição da Economia Política cepalina. Aquela (mainstream) vem da tradição neoclássica.

      A tradição da abordagem estruturalista enfatiza a necessidade do País buscar a diversidade setorial. Acredita que essa seja uma das vantagens competitivas e não a especialização em sua “vocação agrícola”, ou seja, aceitando passivamente a divisão internacional de trabalho que coloca o Brasil como “fazenda do mundo”, complementar e dependente da China, “a fábrica do mundo”.

      Você diz: “Também sei um fato. Todos os países que conseguiram sair do atraso o fizeram com uma receita bem diferente daquela que estamos seguindo.”

      Infelizmente, “a experiência é um farol que ilumina para trás”. As experiências históricas e locais não são repetíveis, pois as circunstâncias de cada qual são, justamente, localizadas e temporárias. Sem falar nos casos dos EUA, no final do século XVIII e no XIX, e da Alemanha, no séculos XIX e XX, Japão idem, o Brasil não passou nem passará por experiências políticas e econômicas similares às da Ásia, seja a da ex-URSS, seja a do PCCh, ou mesmo as dos enclaves exportadores. Tem que buscar seu próprio caminho como tem sido feito.

      att.

  7. Desculpe, mas você faz uma interpretação viesada do que é ortodoxia e heterodoxia.
    Foi na teoria ortodoxa que foi estabelecida importância do capital humano para o crescimento econômico e desenvolvimento de longo prazo, Enquanto que na teoria Cepalina capital humano nunca foi importante. Tem trechos explícitos nos textos de Prebish dizendo que educação não é um fator relevante para o crescimento econômico. Mesmo recentemente o Beluzzo andou dizendo que educação é importante como valor social, mas não é importante como fator econômico.
    Da mesma forma foi só na teoria de crescimento endógeno que muitos fatores foram explicitamente analisados no processo de crescimento, como o já citado capital humano (Lucas, Romer) ou o learning by doing do Arrow. E mesmo fatores como fatores políticos (Alesian and Rodrik (1994) and Persson and Tabellini (1994)), imperfeições no mercado de crédito ( Galor and Zeira (1993)), fatores institucionais (Acemoglu). E há muitos trabalhos sobre fatores culturais, path depencence, etc que só foram incluídos de fato em modelos ortodoxos.
    E tudo isso enquanto a teoria heterodoxa/cepalina só contribuiu com substituição de importações como contribuição relevante.

    • Prezado Marcelo,
      percebe que o desconhecimento aprofundado é mútuo, i.é, tanto de parte de uma corrente (Flu) quanto da outra (Fla)?
      Todo reducionismo apressado que se faça, típico do debate Fla X Flu feito pela web, é injusto com a inteligência alheia.
      Peço desculpa por não ter citado todas as inovações teóricas importantes ocorridas mais recentemente em seu campo. O fato de você desconhecer o que se passa no nosso campo – “teoria heterodoxa/cepalina” – não é justificativa. Na verdade, os manuais norte-americanos desconhecem totalmente as interpretações alhures…
      att.

  8. Fernando

    Eu estudei na Ufrj (graduação em economia), mas parece minha formação não foi tão adequada no pensamento heterodoxo. Sem ironia, poderia me listar quais foram as contrubuições heterodoxas mais relevantes sobre o processo de crescimento/desenvolvimento econômico além do processo de substituição de importações?

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