Algoritmo para Investimentos Necessários à Aposentadoria: o conceito 1, 3, 6, 9

Previdência Privada no 1 Sem 2015Alessandra Bellotto e Sérgio Tauhata (Valor, 05/08/15) informam que, no banco Itaú, o grande fluxo de recursos para investir em Previdência Privada (PGBL/VGBL) vem de um grupo de pessoas que costumam fazer contribuições maiores, mas representante do banco nota também o aumento da base — hoje formada por 2 milhões de clientes — como resultado de um esforço de venda de planos com contribuições mensais. Esse é um cliente que não tem muita sobra de dinheiro, mas começa a ter uma disciplina maior de “poupança”, na verdade, investimento financeiro. São aportes menores, mas que já representam 20% do volume de captação do banco e têm começado cada vez mais cedo.

A partir da adoção pelo banco de um algoritmoo conceito 1, 3, 6, 9 -, ficou mais fácil para o cliente saber quanto tem de acumular para manter o padrão de vida atual na aposentadoria:

  • quem tem 35 anos, precisa ter acumulado uma reserva de um salário anual, p.ex., se ganha R$ 5.000 / mês, terá de ter no mínimo R$ 60.000,00 de reservas no PGBL.
  • aos 45 anos, três salários anuais, p.ex., quem recebe R$ 10.000 / mês (R$ 120.000 ao ano), necessitará de saldo de R$ 360.000,00;
  • aos 55 anos, seis salários anuais, p.ex., quem recebe R$ 15.000 / mês (R$ 180.000 ao ano), necessitará de saldo de R$ 1.080.000,00, ou seja, ser milionário em reais; e,
  • aos 65 anos, nove salários anuais, p.ex., quem recebe R$ 25.000 / mês (R$ 300.000 ao ano), necessitará de saldo de R$ 2.700.000,00, ou seja, tentar ser “quase milionário em dólares”.

O trabalhador-investidor nessa última faixa de idade está na pré-aposentadoria. Com três milhões de reais em volume de negócios, ele se torna um cliente de Private Banking. Existem apenas 58.000 pessoas nessa situação no Brasil.

O Itaú não informa a evolução no número de clientes com plano de Previdência Privada, mas diz que foi registrado crescimento na quantidade de planos no semestre da ordem de 14%, para 3,2 milhõesum mesmo cliente pode ter mais de um plano.

Na Brasilprev, a cultura previdenciária cresce a passos largos. De acordo com o responsável pela Previdência Privada do grupo BB Seguridade, o último dado disponível, de maio de 2015, mostrava uma base de 1,8 milhão de clientes no segmento, um crescimento de 8% em relação ao mesmo período do ano passado. Em termos de fluxo, também houve aumento dos aportes médios dos já investidores, na faixa de 11% em igual base de comparação.

As contribuições acompanharam o crescimento da renda. Há ainda, segundo ele, uma maior conscientização das pessoas de que quanto mais renda, menos se pode contar com a Previdência Pública, o que aumenta a demanda por planos privados – no BB, tais produtos alcançam apenas 3,3% de um universo de 55 milhões de clientes.

A diminuição da volatilidade nos mercados e a recuperação dos retornos já em 2014 também contribuíram para a volta com mais força do investidor de Previdência Complementar neste ano. No primeiro semestre, levantamento da NetQuant, já considerando as novas classificações que a consultoria passou a adotar, mostra que, das nove categorias de fundos sem renda variável, quatro superaram, e com certa folga, o CDI, referência para as aplicações conservadoras, com variação de 5,92%.

O segmento de maior rentabilidade foi o de Fundos de Inflação, com ganho de 7,25%, seguido pelas carteiras que mesclam estratégias pós-fixadas e de inflação (Fundos Pós & Inflação), com rentabilidade de 7,04%.

Outras duas categorias, Fundos Multi-índices e Multimercados, encerraram o semestre com retornos de 6,00% e 5,99%, respectivamente.

Mesmo as carteiras mais conservadoras, que adotam estratégias pós-fixadas, não ficaram tão atrás do CDI. Os Fundos Pós-fixados Crédito+ (com parcela em crédito igual ou superior a 60%) renderam 5,77%, os Fundos Pós-fixados Crédito, 5,54%, os Fundos DI ativos, 5,47%, e os Fundos Pós-fixados Conservadores”, 5,37%.

Em 2013, todos os segmentos de Previdência Aberta haviam ficado bem atrás dos 8,06% registrados pelo CDI e até mesmo da poupança (5,85%). Os Fundos de Previdência Renda Fixa (classificação adotada na ocasião), com o melhor desempenho naquele ano, tiveram ganho médio de 4,62%.

Em 2014, os retornos melhoraram, com as carteiras de renda fixa entregando 9,45%, mais próximo do CDI (10,81%).

O cliente ainda reage a movimentos de curto prazo, apesar de a Previdência Complementar ser um produto de longo prazo. A experiência mostra que a Selic em alta contribui para o crescimento de toda a massa de ativos.

De fato, os Fundos “DI ativo”, que, pela classificação da NetQuant, têm entre 68% e 90% das alocações em títulos pós-fixados, atraíram R$ 11,6 bilhões das aplicações líquidas no semestre, quase 80% do total.

As carteiras “pós-fixadas crédito” (com alocação em títulos pós-fixados maior ou igual a 90% e parcela em crédito privado entre 30% e 60%) aparecem em seguida, com captação líquida de R$ 4,5 bilhões.

Será que o investidor de previdência não deveria adotar uma postura tão conservadora? O cliente, argumenta representante de O Mercado, muita vezes percebe a previdência como uma opção mais conservadora que outros investimentos, quando deveria ser o contrário, uma vez que ele tem um prazo mais longo e, potencialmente, mais retorno. Esse é o caso dos fundos com exposição em ações.

Acho o argumento da Teoria do Portfólio (diversificação de riscos) válido para Economia de Mercado de Capitais, não para a Economia de Endividamento Bancário, como é a brasileira. Alega-se que “o momento é de pensar em diversificação de ativos. É importante ter alocação em renda fixa pós-fixada, crédito, inflação. Mas, para quem vai ficar vários anos, a renda variável tende a apresentar resultado superior ao da renda fixa”. Será?! O passado não é guia para o futuro? Mas haverá ruptura da política de altos juros reais? Quando?

No primeiro semestre, segundo o levantamento da NetQuant, os fundos com exposição em ações registraram resgates líquidos da ordem de R$ 2 bilhões.

A demanda dos investidores tem sido por fundos conservadores. O investidor está mais preocupado em fugir da volatilidade do que com o retorno. A volatilidade tem afastado os clientes e é difícil vendê-lo mesmo com o argumento de maior ganho no longo prazo.

Por fim, vale chamar a atenção para o risco das carteiras com crédito privado, que têm atraído recursos ao oferecer um prêmio sobre o índice de referência com pouca volatilidade. É importante sempre alertar os investidores sobre os riscos do crédito privado. As pessoas só prestam atenção quando tem um default ou uma quebra.

Analise a composição do portfólio de seu fundo no site da CVM: http://sistemas.cvm.gov.br/?fundosreg
Obs.: necessita do nome e CNPJ do Fundo (consulte no Informe de Rendimentos Anuais para DIRPF)

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