Obs.: o gráfico acima expressa apenas uma peça de falsa propaganda do Prof. Márcio Garcia (PUC-RJ) a favor do corte dos gastos sociais e dos direitos aos benefícios previdenciários.
No acumulado em doze meses, até o mês de maio de 2016, registrou-se deficit primário de 2,51% do PIB. Em doze meses, os juros nominais totalizaram R$ 454 bilhões (7,57% do PIB). O resultado nominal, que inclui o resultado primário e os juros nominais apropriados, no acumulado em doze meses, foi que o deficit nominal alcançou R$ 604,6 bilhões (10,08% do PIB).
O deficit nominal de maio de 2016 foi financiado mediante expansões de R$ 59,6 bilhões na dívida mobiliária e de R$ 2,8 bilhões na dívida bancária líquida, compensadas, parcialmente, pelas reduções de R$ 1,5 bilhão nas demais fontes de financiamento interno, que incluem a base monetária, e de R$ 228 milhões no financiamento externo líquido.
A dívida mobiliária federal interna, fora do Banco Central, avaliada pela posição de carteira, totalizou R$ 2.744,2 bilhões (45,7% do PIB) em maio de 2016. O resultado refletiu emissões líquidas de R$ 44,3 bilhões, acréscimo de R$ 0,7 bilhão em razão da depreciação cambial e incorporação de juros de R$ 29 bilhões. Destaca-se, então, como essa relação câmbio/juros afeta os encargos financeiros do endividamento público.
No final de maio a exposição total líquida nas operações de swap cambial alcançou R$ 221,4 bilhões. O resultado dessas operações no mês (diferença entre a rentabilidade dos Depósitos Interfinanceiros e a variação cambial mais cupom) foi desfavorável ao Banco Central em R$ 3,1 bilhões.
A dívida líquida do setor público alcançou R$ 2.379,1 bilhões (39,6% do PIB) em maio de 2016. No ano, houve elevação de 3,5 p.p. na relação DLSP/PIB, decorrente de:
- a incorporação de juros (+2,5 p.p.),
- o impacto da valorização cambial de 7,9% no período (1,6 p.p.),
- o deficit primário (0,2 p.p.),
- o efeito do crescimento do PIB nominal (-0,6 p.p.),
- o ajuste de paridade da cesta de moedas da dívida externa líquida (-0,2 p.p.) e
- o reconhecimento de ativos (-0,1 p.p.).
Em outros termos, a incorporação dos juros explica cerca de 70% da elevação na relação DLSP/PIB.
A Dívida Bruta do Governo Geral (Governo Federal, INSS, governos estaduais e governos municipais) alcançou R$ 4.113,9 bilhões em maio (68,6% do PIB).
Apresentei esses números para dar realismo à discussão paranóica sobre o ajuste fiscal no Brasil ao mostrar como a política monetária (de juros), a política fiscal (de administração da dívida pública) e a política de crescimento econômico (do PIB) estão entrelaçadas: o juros derruba o denominador desses indicadores (o PIB) e, conjuntamente, a arrecadação fiscal. E eleva os encargos financeiros da dívida, ou seja, dívidas são roladas com mais dívidas — e os (e)leitores são enrolados pela opinião especializada e mídia falaciosas que jogam a culpa pelo déficit nominal do setor público nos gastos com benefícios sociais!
Então, não haverá solução unilateral da área fiscal sendo o juro uma variável independente sob o livre arbítrio do COPOM-BCB (Comitê de Política Monetária do Banco Central do Brasil). Falta-lhe o mandato dual, ou seja, limitar seu arbítrio entre duas metas: controle da inflação e expansão do emprego. Na prática da Velha Matriz Neoliberal, criou-se esta instituição econômica extrativista para espoliar renda da maioria dos contribuintes em favor do rentismo de uma minoria.
E a casta dos sábios-jornalistas se encarrega da louvação diária de O Mercado como Deus! Leia abaixo o Programa Neoliberal para o Governo Golpista, pautado pelo editor-executivo do principal jornal econômico brasileiro (Cristiano Romero, 29/06/16).
“O principal mérito da proposta de fixação de um teto para as despesas, encaminhada pelo governo interino ao Congresso Nacional, é que a regra, se aprovada, obrigará o Estado brasileiro a estabelecer prioridades de gasto. O orçamento, por definição, deixará de ser uma peça de ficção e passará a refletir as escolhas do governo de plantão [mesmo que seja usurpador do Poder Executivo], em consonância com o parlamento [golpista], a quem cabe dar a palavra final sobre o tema.
No mundo atual, a engrenagem funciona mais ou menos assim:
- o governante elabora o orçamento baseado em seu projeto político,
- o Congresso aumenta as despesas com base na ideia de que o governo sempre subestima as receitas e
- a lei aprovada, por ser inexequível, não é cumprida.
O caráter ficcional do orçamento é explicitado no início de cada ano – para adaptar a peça orçamentária à realidade e à meta fiscal fixada pela Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), o governo contingencia um pedaço significativo das despesas e fica tudo por isso mesmo.
O modelo vigente é agravado por políticos, como Dilma Rousseff, que acreditam que a capacidade do Estado de se endividar para financiar gastos [com juros] é infinita. [FNC: por que usa sua coluna como um panfleto antipetista e depois reclama quando recebe o epíteto de PIG?] Os símbolos dessa crença estão em:
- o aumento exponencial das despesas [com juros e previdência social, dado o envelhecimento da população] nos últimos anos,
- as “pedaladas fiscais” — um crime [FNC: isto é um falso prejulgamento com base em eventual maioria de corruptos tentando acobertar seus crimes em autofinanciamento] cometido para esconder outro (o de descumprimento da meta fiscal) [?!] — e
- o envio ao Poder Legislativo de orçamento com previsão de déficit, caso único na história da contabilidade pública.
[FNC: mas ele não critica a aprovação de um déficit de R$ 170 bilhões com base em eventual maioria que não aprovava nada da Dilma e aprova tudo do golpista…]
Quando hoje o Congresso eleva gastos de forma irresponsável, o governo tem como corrigir o problema com vetos e contingenciamento. Mas, se a iniciativa de aumentar as despesas sem correspondência em receitas existentes ou criação de novas fontes de arrecadação é da administração central, não há salvação: todos perdemos.
[FNC: nós quem, cara-pálida? Cobrir os gastos sociais é um dever governamental que é questionado sem se dar a contrapartida de questionamento da cobertura dos juros elevados com aumento da dívida…]
Aos que acham que o gasto público avançou no período recente para bancar, de forma justificada, o aumento da inclusão social, a análise dos números fiscais é recomendada. O que ocorreu entre 2008 e 2015 foi uma sangria: enquanto a receita total do governo federal cresceu, em termos reais (acima da inflação), 14,5%, a despesa total subiu 51%. Essa diferença eliminou o superávit primário (a diferença entre receita e despesa, sem incluir o gasto com juros) que vinha se acumulando ano a ano desde o último trimestre de 1998 e, como consequência, fez a dívida pública e seu serviço explodirem no período mencionado.
[FNC: nem uma palavrinha sobre os juros que elevaram o serviço da dívida?!]
Enquanto a dívida pública saltou de R$ 1,7 trilhão para R$ 3,9 trilhões de 2008 a 2015, a despesa com juros dessa dívida pulou de R$ 165,6 bilhões para R$ 501,8 bilhões. Se a dívida cresceu nessa magnitude, o gasto com juros também o fez. E, quanto maior a dívida pública, maior é a taxa de juros que o mercado cobra para financiá-la.
[FNC: epa, que tese marota! Inverte a causa (juro) e o efeito (dívida)! Porém, essa hipótese é falsa, pois há sobra de liquidez sem alternativa de aplicação senão em uma elevadíssima taxa de juros — 14,25% — que se mantém estável há um ano, ou seja, desde 30/07/2015!]
Eis, portanto, uma boa razão para equilibrar o orçamento e, assim, evitar que o Tesouro Nacional tenha que pedir dinheiro emprestado ao mercado para bancar gasto corrente.
O teto de gastos obrigará os governantes a rever uma série de princípios e gastos. “O Estado brasileiro”, como costuma dizer o ex-ministro Delfim Netto, “não cabe no Produto Interno Bruto (PIB) do país”.
[FNC: esta tese reacionária é do prócer da ditadura militar que, coerentemente, luta até hoje contra todas as conquistas sociais alcançadas na Constituinte, realizada para eliminar o entulho do seu regime autoritário.]
Elaborada no contexto do fim da ditadura militar, a Constituição de 1988 estabeleceu uma série de direitos que, no papel, procuram tornar a sociedade menos desigual. Entre outras deliberações:
- fixou o direito universal à saúde e à educação;
- instituiu o direito à aposentadoria rural (mesmo para os que nunca contribuíram para ter o benefício);
- decidiu que os funcionários públicos têm estabilidade no emprego (para impedir que governantes de ocasião os perseguissem politicamente) e aposentadoria integral.
Somadas, as prescrições da Carta Magna não cabem na economia brasileira.
[FNC: Parafraseia novamente o Delfim! Por que não diz que as superestimadas taxas de juros não cabem na economia brasileira?!]
O que se viu desde 1988 foi a adequação dos vários governos eleitos, em menor ou maior escala, aos preceitos constitucionais. No caso da gestão Dilma, foi-se muito além não com a intenção de ampliar os ganhos sociais, mas, sim, de ganhar uma eleição que se tornou difícil graças justamente ao fracasso do receituário econômico da presidente afastada.
[FNC: os marineiros e os aecistas, candidatos assessorados por economistas neoliberais, não aceitaram a derrota eleitoral até hoje! Por não saberem perder em votos dos eleitores, golpearam a democracia brasileira!]
O nome daquilo que não cabe no orçamento e cujo propósito é defender um projeto de poder é: populismo.
[FNC: populismo é o nome daquilo que os esnobes usam para criticar tudo que beneficia o povo em desfavor dos interesses da elite.]
Na Constituição, definiu-se que as despesas com saúde e educação teriam que ser financiadas a partir de um percentual fixo das receitas, uma tentativa de impedir que os governantes não dessem a devida atenção a essas áreas. A rigidez orçamentária criada por essa regra estimulou, porém, a ineficiência – para ficar num exemplo, no fim do ano, os gestores procuram gastar o dinheiro da vinculação a qualquer preço, uma vez que, se não forem usados no ano-calendário, os recursos não ficam para o ano seguinte.
[FNC: com base nessa crítica leviana sugere cortar despesas com saúde e educação!]
Nos Estados Unidos, onde o direito à escola gratuita vai do primário ao colegial, quando uma escola exibe nota abaixo da média nacional, o juiz da comarca depõe a diretoria da escola, nomeia outra e lhe dá prazo para atingir a média. Aqui, as escolas também são avaliadas, mas o resultado não muda nada — professores e funcionários têm estabilidade e nem para outras escolas eles podem ser deslocados.
[FNC: os neoliberais morrem de inveja ou apenas querem cortar direitos dos servidores que se submeteram a concursos públicos e não recebem FGTS?]
Com o teto para os gastos, o Brasil terá que mexer em vacas sagradas [?!]. Por exemplo [de questões levianas que demonstram desconhecimento da estratégia que levou o País a se tornar um grande emergente]:
- faz sentido o governo ainda ter cinco bancos federais?
- Outra pergunta a ser feita: o que ganha o país ao manter a Petrobras como empresa estatal?
- O fato de ela ser uma empresa pública não é um incentivo incorrigível à corrupção?
- O que se ganha com a manutenção do sistema Eletrobrás nas mãos do governo?
- Por que o país, que mesmo após a consagração da educação como direito universal continua a exibir os piores indicadores nessa área, insiste em gastar cinco vezes mais com os estudantes das universidades federais do que com os alunos do ensino básico?
- Por que funcionários, mesmo os que não exercem funções típicas de Estado, ainda possuem estabilidade no emprego?
O debate já começou.
[FNC: este debate já houve e foi decidido na última eleição com a imposição de derrota por maioria dos votos, no primeiro e no segundo turno, contra os programas neoliberais de cortar direitos e privatizar o Estado.]
Ao concordar em dar um alívio financeiro aos Estados, a nova equipe econômica [FNC: de um governo golpista sem a legitimidade propiciada por votos diretos dos eleitores] exigiu compromissos com a desestatização. Se não por razões econômicas, por uma questão ética: é correto ajudar Estados, como os que ainda possuem bancos estatais (casos de PA, RS, ES, SE, MG e DF), além de distribuidoras de energia e empresas de saneamento, que têm gordura para queimar?
Se o teto for implantado, chegará o dia em que um governo será bem avaliado pela população justamente por investir bem onde deve: em educação, saúde e segurança.”
A isto se reduz a ladainha neoliberal: corte de direitos do povo e desmanche do Estado desenvolvimentista!
O golpe foi dado não por ter a Presidente Dilma cometido crime de responsabilidade (o que não houve) e sim para implantar o estado neo liberal, desestatizando tudo em favor da elite financeira e dos mais ricos e dos interesses de grandes investidores externos, contra a política social voltada para os mais pobres, esta sim capaz de promover o desenvolvimento pela incorporação de maiores. parcelas da população no mercado de trabalho produtivo. O neo liberalismo promove o bem estar dos que já o possuem, mas querem cada vez mais se apropriar das fontes de receita do país.
O conceito neoliberal é muito amplo. O sentido usado serve apenas para enfatizar um aspecto. Todo mal vem dessa ‘ elite financeira ‘. S