Bob Dylan escreve sobre suas Músicas Prediletas em seu novo livro

Bob Dylan escreve sobre suas músicas prediletas em novo livro _ Eu & _ Valor Econômico (07/11/22) – por Ludovic Hunter-Tilney, Financial Times

Quando Bob Dylan publicou seu soberbo livro de memórias “Crônicas: Volume 1”, em 2004, ele deixou pendente a tentadora promessa de uma sequência. Mas o Volume 2 não apareceu até hoje. Em vez disso, o vencedor do Prêmio Nobel de Literatura de 2016 esteve ocupado com um livro diferente, no qual ele aparentemente vem trabalhando desde 2010.

Trata-se de “The Philosophy of Modern Song”(importado), um compêndio vistoso e com um título pesado em que o mais importante cantor e compositor da história da música gravada volta sua atenção para as músicas de outros artistas, como uma versão dylanesca de “A arte da guerra”, de Sun Tzu.

Há 66 no total, cada uma com seu próprio capítulo. Dylan escreve sobre elas rajadas de prosa aparentemente apressada, que são rotuladas, de maneira otimista, de “ensaios” pela sinopse da sobrecapa. Não há explicação por que ele escolheu essas músicas em particular, nem qual pode ser sua filosofia compartilhada.

As 66 gravações simbolizam uma Highway 66 da música popular principalmente americana, que percorremos aos trancos em um calhambeque a uma velocidade vertiginosa e muita excentricidade. O formato é uma reminiscência da incursão de Dylan como disc jockey em uma série de programas de rádio intitulada “Theme Time Radio Hour”, nos anos 2000, cujo produtor é mencionado nos agradecimentos.

A escolha das músicas é de um conhecedor: adorei ouvi-las enquanto lia o livro. Escute em: https://music.youtube.com/watch?v=btEzXSrzmdU&feature=share

Refletindo a direção musical de seus álbuns recentes, elas são extraídas principalmente de um repertório pré-invasão britânica. Envolve música country, pop orquestral, rock’n’roll, doo-wop, blues e R&B.

A gravação mais antiga é um relíquia do bluegrass de 1924, “Keep My Skillet Good and Greasy”, de Uncle Dave Macon, que Dylan descreve como uma explosão proléptica de rock’n’roll.

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Vídeos Memoráveis: Pink Floyd

O YouTube em smartTV propicia reencontros inesperados. No caso acima, meu algoritmo sugeriu escutar novamente, mas desta vez vendo seus vídeos, dois dos álbuns preferidos na minha adolescência: Echoes e Dark Side of The Moon com o rock progressivo de Pink Floyd. Eu os escutava continuamente ao fim das tardes de estudo.

No passado, não havia vídeos para a gente assistir. O visual ficava por conta da imaginação de cada um. Hoje, os desenhos digitais com mistura de técnicas vão além da imaginação de outrora! Confira abaixo.

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Woody Guthrie: o trovador dos oprimidos, o menestrel da sindicalização

Woody Guthrie, cujo centenário se celebrou em 2012, em foto de 1944
Woody Guthrie, cujo centenário se celebrou em 2012, em foto de 1944

Rodolfo Lucena (FSP, 30/12/12) resenhou livros, entre eles uma autobiografia, que reconstituem a vida de Woody Guthrie.

“Vagabundo, peregrino, agitador, comunista, vidente, mulherengo, pintor, poeta, cantor: um amplo rol de rótulos tenta abarcar a personalidade de Woody Guthrie (1912-67), ícone da música folk americana e fonte de inspiração para artistas como Bob Dylan e Peter Seeger. As obras enfatizam sua infância pobre, as andanças de uma ponta a outra dos EUA e a militância como compositor de protesto durante a Grande Depressão e a 2ª Guerra. Não só nos Estados Unidos, que ele cruzou levando seu violão, mas mundo afora, eventos lembraram neste ano o centenário desse andarilho que se tornaria, talvez, o mais engajado artista norte-americano do século passado.

Hoje conhecido, sobretudo, por “This Land is Your Land” [“Esta Terra é Sua Terra”], composição que, retomada nos anos 1960 como canção de protesto, tornou-se uma espécie de hino de seu país -, Guthrie influenciou gerações de músicos folk que se tornaram muito mais famosos do que ele, como Bob Dylan e Joan Baez.

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Lira Paulistana: “O Amor Salva O Dia, A Música Salva A Vida”

“In-Edit Brasil 2012”

Em SP, de 01/6 a 10/6/12; em Salvador, de 14 a 21/6/12. Programação, salas e horários em in-edit-brasil.com/2012.

Rodrigo Carneiro (Valor, 31/05/12) dá a dica para os amantes de Cinema & Música. Eu, por exemplo, acredito na filosofia que inspira o título deste post. Fui fã de longe (Rio de Janeiro, início dos anos 80 do século passado) da Lira Paulistana. Era coisa de vanguarda cultural. Eu não perdi nenhum dos shows no Rio do Itamar Assumpção e a banda Isca de Polícia, do Premeditando o Breque, do Rumos, do Arrigo Barnabé, Cida Moreira, entre outros. Eles são alguns dos personagens retratados no documentário “Lira Paulistana e a Vanguarda Paulista“. Veja: Lira Paulistana.

O In-Edit Brasil – Festival Internacional de Documentário Musical, que acontece entre hoje e 10 de junho, em São Paulo, chega à sua quarta edição confirmando-se como um dos eventos mais benévolos aos amantes da sétima arte. Em especial, àqueles que, a exemplo de Friedrich Nietzsche, sabem que “sem música, a vida seria um erro“. Criada na Espanha, no início dos anos 2000, a mostra de cinema é composta de um total de 70 títulos – muitos ainda inéditos no circuito comercial -, representando 11 países e que terão exibições em seis salas da capital paulista: Museu da Imagem e do Som (MIS), Cinesesc, Cinemateca Brasileira, Cine Olido, Cine Livraria Cultura e Matilha Cultural.

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Nara Leão (por Bráulio Tavares)

Neste mês de janeiro completaram-se 70 anos do nascimento de Nara Leão, e, como sempre acontece com quem morre jovem, ficamos tentados a imaginar como seria ela com essa idade.  O rosto, o cabelo, a voz, o repertório…  O sorriso talvez continuasse igual. Aquele sorriso tímido que ela mostrava, meio encabulada, desviando o olhar para pensar melhor; mas deixava o sorriso segurando o interlocutor até que o olhar viesse de volta. 

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Uma Música, Várias Versões: I Put A Spell On You

Uma música entre as mais gravadas do universo pop-rock-soul e até jazzístico é “I Put a Spell on You“, gravada originalmente em 1956 por Screamin’ Jay Hawkins. A canção começa como uma balada sobre a perda de um amor, mas termina transformando-se em violento rock no qual Hawkins reclama a posse de sua mulher. A intenção dele era converter “I Put a Spell on You” em balada tipo blues, porém o próprio autor declarou que o produtor converteu a sessão de gravação em festa, onde o álcool teve bastante influência na selvagem versão que terminou se convertendo em clássico.

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Buddy Holly

Carol Nogueira (Folha de S. Paulo, 22/06/11) deu a dica. Está sendo lançado o disco de covers (Rave On Buddy Holly, Vários Artistas, Fantasy Records, US$ 10 na Amazon.com) do garoto de óculos e de jeito nerd chamado Buddy Holly. Em apenas um ano e meio de carreira, Holly deixou catálogo impressionante de composições.  Embora tenha gravado apenas três discos, deixou gravações suficientes para mais dez anos de material inédito após sua morte, em 3 de fevereiro de 1959, quanto tinha apenas 22 anos.

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Dicas de Divas

As Novas Cantoras Antigas” foi título de reportagem de Thales de Menezes (FSP, 09/05/11) a respeito de cantoras neosoul que estariam “bebendo na fonte” de intérpretes dos anos 1950 e 1960. A conferir…

A top model inglesa Karen Elson, que se casou com o guitarrista Jack White (White Stripes), integra o time das novas cantoras que buscam inspiração no passado. “The Ghost Who Walks“, seu primeiro e até agora único álbum, acaba de sair no Brasil pelo selo Lab 344. Trata-se de disco belíssimo com canções pop cheias de tristeza blue.

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Genealogia do Rock

A emoção da compra do meu primeiro disco (de vinil), usando dinheiro da bolsa de estudos que eu passara a ganhar para ser aluno de tempo integral na FACE-UFMG, é inesquecível! Willy and the Poor Boys era o quarto álbum de estúdio da banda Creedence Clearwater Revival gravado no ano de 1969. A partir desse LP, foi lançado o compacto “Down On the Corner/Fortunate Son“, conquistando o quarto disco de ouro. Talvez tenha sido a banda de rock norte-americana que mais sucesso de público obteve em sua relativamente curta carreira: 1968-1972. Eu sou da geração do rock. Passei toda a minha juventude escutando-o, porém buscando suas raízes africanas e, daí, descobrindo o blues, o jazz, o soul e o reggae. Desprezava o Pop.

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