Acesso a Internet baixo na Zona Rural limita o Maquinário

O aproveitamento de todo o desempenho que os modernos implementos agrícolas oferecem ao produtor, de modo que o alto investimento valha a pena, depende de algo que nas cidades já se tornou corriqueiro: acesso a internet. Esse maquinário está cada vez mais dotado de sensores e câmeras capazes de entregar uma série de dados que, se organizados, otimizam a produção. Também pode ser ajustado remotamente para garantir melhor eficiência, mas desde que conectado a uma sala de operações.

Entretanto, pouco menos de um quarto do espaço agrícola brasileiro possui algum nível de cobertura por internet, de acordo com uma pesquisa do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), e 15% contam com banda larga móvel, segundo levantamento da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) realizado em 2021. O problema é que, em sua maioria, as propriedades conectadas têm internet apenas na sede e entorno, dificultando a comunicação com a máquina e o alcance do uso de tecnologias como “machine learning” (aprendizado de máquina), internet das coisas (IoT) e, mais recentemente, inteligência artificial.

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Futuro do Trabalho na Era da IA

Eric Posner, professor da faculdade de direito da Universidade de Chicago, é autor de “How Antitrust Failed Workers”. Compartilho seu artigo abaixo.

Discussões sobre as consequências da inteligência artificial para o emprego têm oscilado entre os polos do apocalipse e da utopia.

No cenário apocalíptico, a IA deslocará uma grande parte de todos os empregos, ampliando imensamente a desigualdade à medida que uma pequena classe detentora de capital obtém excedentes produtivos anteriormente compartilhados com trabalhadores humanos.

O cenário utópico, curiosamente, é o mesmo, exceto que os muito ricos serão forçados a compartilhar seus lucros com todos os outros por meio de um programa de transferência de renda básica universal ou coisa parecida. Todos desfrutarão de abundância e liberdade, alcançando finalmente a visão de Marx do comunismo.

A hipótese comum em ambos os cenários é que a IA aumentará muito a produtividade, forçando até mesmo médicos, programadores de software e pilotos de avião bem pagos a partir para assistência social ao lado de motoristas de caminhão e caixas de supermercado. A IA não só vai criar código melhor do que um programador experiente; ela também fará melhor qualquer outra tarefa para a qual esse programador possa ser treinado novamente. Porém, se tudo isso for verdade, a IA gerará uma riqueza inédita que até o sibarita mais extraordinário teria dificuldade de esgotar.

Os cenários distópico e utópico reduzem a IA a um problema político: se os deixados pra trás (que terão a vantagem de ser um grande contingente) vão conseguir forçar os magnatas da IA a dividir sua riqueza. Temos motivo para ser otimistas.

Primeiro, os ganhos da IA nesse cenário seriam tão extravagantes que os super-ricos podem não se importar em abrir mão de alguns dólares marginais, seja para comprar sua própria paz de espírito ou a paz social.

Em segundo lugar, a massa crescente dos deixados para trás incluirá pessoas altamente educadas e politicamente engajadas que se juntarão à tradicionalmente deixadas para trás na mobilização por redistribuição.

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Impacto da Inteligência Artificial no Trabalho

Dora Kaufman é professora do TIDD PUC-SP, autora do livro “Desmistificando a Inteligência Artificial” e colunista da Época Negócios. Compartilho seu artigo (Valor, 29/04/24) abaixo.

O campo da inteligência artificial, que teve seu início em 1956, levou mais de meio século para que as condições essenciais emergissem, especialmente a disponibilidade de grandes volumes de dados e poder computacional, resultando em avanços significativos na década de 2010. Levou, contudo, apenas alguns anos para a IA se tornar uma força motriz de transformações globais, capturando a atenção de investidores, governos, mercados e mídia.

Com o advento do ChatGPT e outras soluções de IA generativa, a tecnologia alcançou um novo patamar, apesar de ainda estar distante do que parte da indústria sugere – como os recentes anúncios da OpenAI e da Meta sobre as capacidades de raciocínio e planejamento das próximas versões de seus modelos de linguagem. No entanto, são muitos os desafios corporativos e individuais, incluindo os relacionados ao futuro do trabalho.

As previsões sobre o impacto da inteligência artificial no mercado de trabalho estão sujeitas a uma dose considerável de incerteza e devem ser consideradas como indicadores de tendências, não previsões definitivas. O futuro do trabalho dependerá de uma série de fatores, incluindo 1. a resposta do mercado à IA, 2. a aceitação social da tecnologia, 3. os investimentos em infraestrutura adequada e regulamentações governamentais para lidar com os riscos potenciais. Além disso, os impactos da IA não são uniformes entre países, instituições e trabalhadores.

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X X Starlink: Execráveis como Musk!

A Starlink, rede de internet via satélite de Elon Musk, ainda não tem uma operação lucrativa, ao contrário do dito pelo empresário.

Isto foi publicado pela Bloomberg, citando pessoas que estão familiarizadas com os dados financeiros da SpaceX. A startup mais valiosa do mundo, avaliada em US$ 180 bilhões (R$ 913 bilhões), usa seus satélites para fornecer o serviço de internet.

Entenda: a Starlink é considerada como o braço da SpaceX que tornará possível os outros projetos da empresa – entre eles, o de missões espaciais e o de colonizar Marte.

Muito do seu sucesso está ligado à oferta de internet de alta velocidade em regiões remotas, que têm pouco acesso a fibra óptica ou cabo. No Brasil, a empresa quase triplicou em um ano e meio.

  • O serviço é abastecido por uma rede de mais de 5 mil satélites que formam uma espécie de constelação a uma altitude de 500 a 1.500 km da Terra.

↳ O problema, segundo a Bloomberg, é que a Starlink muitas vezes exclui o alto custo de enviar seus satélites ao espaço para tornar seus números, que não são públicos, mais atraentes para os investidores.

Um dos obstáculos para a geração de lucro está no tipo de cliente.

  • A Starlink tentou expandir sua atuação no mercado corporativo a partir das companhias aéreas, que hoje são clientes da Viasat.
  • Mas quando foi fazer um teste em um voo da Delta Airlines, o serviço não funcionou enquanto o avião estava a mais de 30.000 pés sobre Chicago, segundo a Bloomberg.
  • A SpaceX até chegou a desligar a internet para alguns clientes pagantes na cidade e fez a internet chegar à cabine do avião, mas isso não foi suficiente para conseguir um contrato com a Delta.

Em números:

  • 2,6 milhões de clientes a Starlink tem no mundo;
  • US$ 15 bilhões (R$ 76 bilhões) é a projeção de receita da SpaceX para este ano, mais que o triplo de 2023 (US$ 4,7 bilhões), segundo a Bloomberg.

Inteligência Artificial e Mobilidade Social

Steve Lohr (THE NEW YORK TIMES apud FSP, 05/04/24) publicou a reportagem abaixo.

David Autor é um improvável otimista em relação à inteligência artificial. O economista do trabalho do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts) é mais conhecido por seus estudos detalhados mostrando o quanto a tecnologia e o comércio erodiram os rendimentos de milhões de trabalhadores dos Estados Unidos ao longo dos anos.

Mas, desta vez, Autor defende que a nova onda tecnológica —a IA generativa, que pode produzir imagens e vídeos hiper-realistas e imitar convincentemente vozes e textos humanos— pode reverter essa tendência.

“Se usada corretamente, a IA pode ajudar a restaurar, no mercado de trabalho dos EUA, as vagas de nível médio e a classe média que foram esvaziadas pela automação e globalização”, escreveu Autor em um artigo publicado na revista Noema em fevereiro.

A opinião de Autor sobre a IA parece uma mudança impressionante para um especialista de longa data sobre os efeitos da tecnologia no mercado de trabalho. Mas ele disse que os fatos e sua forma de pensar mudaram.

A IA moderna, disse, é uma tecnologia fundamentalmente diferente, abrindo portas para novas possibilidades.

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Lixo gerado pela Inteligência Artificial segundo um Neurocientista Ludista

Erik Hoel é neurocientista, romancista e autor da newsletter “The Intrinsic Perspective”. É um ludista contra a IA. Publicou no THE NEW YORK TIMES (01/04/24) o artigo abaixo.

Cada vez mais, um monte de respostas sintéticas geradas por inteligência artificial vagam por nossos feeds e nossas buscas. Os riscos vão muito além do que está em nossas telas. Toda a cultura está sendo afetada pela inteligência artificial, uma infiltração insidiosa em nossas instituições mais importantes.

Falemos da ciência. Logo após o lançamento estrondoso do GPT-4, o mais recente modelo de inteligência artificial da OpenAI e um dos mais avançados atualmente, a linguagem da pesquisa científica começou a se transformar. Especialmente dentro do campo da própria inteligência artificial.

Um novo estudo neste mês examinou as revisões por pares dos cientistas —pronunciamentos oficiais dos pesquisadores sobre o trabalho dos outros que formam a base do progresso científico— em várias conferências científicas de prestígio que estudam inteligência artificial. Em uma dessas checagens, essas revisões usaram a palavra “meticuloso” quase 3.400% mais do que as avaliações do ano anterior. O uso de “louvável” aumentou cerca de 900% e “intrincado” em mais de 1.000%. Outras conferências importantes mostraram padrões semelhantes.

Tais formulações são, é claro, algumas das palavras da moda favoritas dos modernos modelos de linguagem como o ChatGPT. Em outras palavras, um número significativo de pesquisadores em conferências de inteligência artificial foram pegos entregando suas revisões por pares do trabalho dos outros para a inteligência artificial —ou, no mínimo, escrevendo-os com muita assistência da inteligência artificial. E quanto mais próximo de acabar o prazo, mais as revisões enviadas tinham uso de inteligência artificial.

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Data center pode consumir energia de cidade de 30 mil habitantes e IA vai aumentar gasto

Por trás de redes sociais, ChatGPT e apps bancários estão os chamados data centers (centros de processamento de dados), galpões repletos de supercomputadores, ar-condicionado e serpentinas. Uma única dessas plantas de grande porte pode consumir a mesma energia do que uma cidade de 30 mil habitantes.

Somados apenas os data centers de grande porte em operação no Brasil, o consumo de energia seria quase o de um estado como o Tocantins. Embora não haja dados oficiais, o projeto Data Center Map estima que existam 119 unidades no país, das quais 41 de grande porte, com cerca de 10 megawatts de potência cada uma.

Em um data center da Equinix na cidade paulista de Santana do Parnaíba (a 40 km da capital e vizinha de Barueri), visitado pela Folha (Pedro Teixeira, 30/03/24), o ronco do motor que faz a internet funcionar é tão alto que é preciso gritar para manter uma conversa.

Em um setor basicamente digital, os data centers são a estrutura mais próxima de chão de fábrica. Em unidades como a de Santana do Parnaíba é necessária uma subestação própria para atender a demanda energética vinculada ao processamento de dados.

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Inteligência Artificial: Maior Inovação do Ano

A Inteligência Artificial (IA) pode ser utilizada para analisar grandes conjuntos de dados econômicos e identificar padrões, correlações e relações entre variáveis. No entanto, a capacidade de identificar correlações não implica automaticamente na capacidade de estabelecer causalidade e/ou construir teorias.

A inferência causal é uma tarefa complexa por um efeito possivelmente ser emergente de muitos fatores interativos, alguns sequer examinados nas correlações. Requer uma compreensão profunda do contexto, conhecimento teórico e métodos específicos.

A IA, através de técnicas como machine learning e análise de dados, caso os usuários entendam seus limites, torna-se útil na identificação de padrões em dados econômicos. Tem também a capacidade de citar as correlações conhecidas entre variáveis.

Mas estabelecer causalidade, a partir de correlações entre diversas variáveis, ela não consegue como a Inteligência Humana (IH). Correlações muitas vezes são espúrias (resultadas de coincidências) ou explicadas por “variáveis de confusão” não observadas, ou seja, uma terceira ou outras variáveis capazes de afetar ambas comparadas.

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Redução a três ou quatro dias de trabalho na semana

Em 2003, fui testemunho presencial de quando o então ministro da Previdência, Luiz Marinho, propôs aos bancos, na FEBRABAN, a criação do crédito consignado. Agora, repete seu papel de vanguarda na direção correta.

O ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, afirmou, no dia 09/10/23, ser favorável ao debate sobre a redução da jornada de trabalho no país neste momento. Em audiência à Comissão de Direitos Humanos do Senado, Marinho afirmou que chegou a sugerir às centrais sindicais que proponham a discussão ao Congresso Nacional, para que o tema possa avançar.

“Passou da hora” , declarou o ministro aos parlamentares.

Marinho ponderou que ainda não tratou do assunto com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ele acrescentou, no entanto, que Lula não se oporia a que o assunto fosse tratado no Legislativo.

“Esse debate da jornada é importantíssimo, e eu até brinquei esses dias com as centrais sindicais, se eles não iam pautar esse debate. Porque não é um debate meramente de governo, é um debate para a sociedade“, comentou.

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AVISO AOS SEGUIDORES

DESDE 23/08/23, NÃO CONSIGO ACESSAR MEU BLOG FERNANDONOGUEIRACOSTA.WORDPRESS.COM.

Reclamei junto ao WordPress por diversas vezes e, finalmente, recebi a seguinte resposta:

Temos recebido relatos de usuários que apresentam esse problema ao utilizar o provedor de internet Claro. Você mencionou que tentou com conexões diferentes, certo? Qual foi o provedor das outras conexões que você tentou, também era Claro?

O endereço wordpress.com é usado internamente, inclusive no seu painel, o que pode explicar por que você está tendo problemas para atualizar seu site usando o Claro. Pelo que confirmamos, trata-se de um problema deste provedor, e embora também iremos contatá-los, nossa recomendação é que você entre em contato com a Claro, explicando a situação do que está acontecendo.

Se você tentar outro provedor de internet (Vivo, por exemplo) ou diretamente com seu telefone ou VPN, deverá funcionar.

Você poderia contatá-los e explicar que não pode acessar nenhum site, como https://wpbizseo.wordpress.com/? Se você entrar em contato com a Claro, ficaríamos gratos se você pudesse compartilhar a resposta.

Espero que isso tenha sido esclarecedor. Se você tiver alguma dúvida, entre em contato conosco, adoraremos respondê-la.”

QUANDO TENTEI COM MEU IPHONE SEM WIFI COM 4G CONSEGUI O ACESSO AO SITE. PORÉM, AGENDEI UMA VISITA TÉCNICA COM A CLARO, DEPOIS DE FAZER DIVERSOS TESTES, PARA VER SE É POSSÍVEL A NORMALIZAÇÃO E VOLTAR A POSTAR.

ENQUANTO AGUARDO, A DICA É ACESSAR VIA 4G OU OUTRO PROVEDOR.

Carro elétrico vai aposentar o mecânico capaz de ‘escutar’ o motor?

Marli Olmos (Valor, 24/07/23) publicou uma reportagem interessante sobre a transição para a eletrificação dos automóveis. Compartilho-a abaixo.

Com a chegada do carro elétrico, aquele mecânico experiente, que encontra o defeito do carro só de encostar o ouvido no motor, está com os dias contados? Por um lado, sim, porque os elétricos têm muito menos peças que um carro a combustão. Por outro, o envelhecimento da enorme frota a combustão num país grande e complexo como o Brasil não pode dispensar a tradicional oficina do bairro. De qualquer forma, a sofisticação dos veículos e a digitalização impõem a transformação do mercado de manutenção.

Estudo da McKinsey & Company focado em tendências para a próxima década mostra uma aceleração no processo de digitalização desse mercado. No caso do consumidor, comprar uma peça de carro pela internet não é tão simples como comprar um livro.

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Era das Economias de IA (por Kleyton da Costa)

Estamos na Era das Economias de IA segundo artigo postado por Kleyton da Costa em 31 de março de 2023. Compartilho-o abaixo.

Com a expansão do poder computacional observada nos últimos dez anos, modelos de inteligência artificial (IA) têm ganhado cada vez mais espaço em diversos setores da indústria e academia. Em um artigo escrito em 2021 e assinado por um grupo relevante de pesquisadores (incluindo nossos co-fundadores, Adriano Koshiyama e Emre Kazim), foi afirmado que estamos iniciando a Era dos Algoritmos (sejam eles de IA, aprendizado de máquina ou similares).

Essa afirmação logicamente nos leva à ideia de que agora estamos cada vez mais próximos da Era das Economias de IA. Significando que os processos de trabalho, a forma como diferentes mercados são organizados, os padrões de consumo de agentes econômicos, a maneira pela qual fenômenos econômicos ocorrem e são analisados, tudo está permeado por algoritmos que geram impactos que, até o momento, são desconhecidos.

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