Neofascismo = Política Eleitoreira + Tentativa de Golpe Militar

Na reunião em que Garnier aderiu ao golpe houve ameaça de prisão de Bolsonaro _ Política _ Valor Econômico (22/09/23). Compartilho abaixo artigo de Maria Cristina Fernandes.

A delação do tenente-coronel Mauro Cid jogou luz sobre o personagem que melhor ilustra a cooptação promovida pelo ex-presidente Jair Bolsonaro nas Forças Armadas. Quando foi alçado ao comando da Marinha, o almirante Almir Garnier nunca havia comandado nenhuma das duas esquadras da Marinha, a do Rio e a da Bahia. Já havia passado pelo comando do Segundo Distrito Naval, que fica em Salvador, mas pelas esquadras, cujo comando sempre foi uma pré-condição informal, não.

Foi assim, já devedor do presidente da República, que ele assumiu o posto. Jair Bolsonaro bancara sua indicação a despeito de ele não integrar o topo da lista. Para demonstrar lealdade, em 2021 protagonizou um exercício extemporâneo dos fuzileiros navais em Formosa, Goiás. E, finalmente, em 2022, virou conselheiro de Bolsonaro. O ex-presidente ligava pra ele em toda encruzilhada em que se via no governo. Garnier havia chegado onde jamais imaginara.

Por isso, quando o ex-presidente, naquela noite de 24 de novembro, em reunião com o comando das três Forças no Palácio do Alvorada, perguntou se os comandantes estariam fechados com ele na contestação ao resultado, Garnier foi o único a responder de bate pronto que sim.

O brigadeiro Carlos Batista, da Aeronáutica, ficou calado, e quem enfrentou o presidente foi o comandante do Exército, general Freire Gomes. Ele não apenas disse a Bolsonaro que o Exército não compactuava com um golpe como afirmou à queima-roupa: “Se o senhor for em frente com isso, serei obrigado a prendê-lo”.

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Para Registro Histórico: “eleitorado sem religião foi o fiel da balança da vitória de Lula”. Compartilhamento de artigo de José Eustáquio Diniz Alves

No tiroteio da guerra santa, o tiro da intolerância saiu pela culatra e o segmento do eleitorado que se declara sem religião foi decisivo para a derrota da extrema-direita“, afirma José Eustáquio Diniz Alves, doutor em demografia e pesquisador de meio ambiente, em artigo publicado por EcoDebate, 31-10-2022.

Eis o artigo.

José Eustáquio Diniz Alves

“Discutir com uma pessoa que renunciou ao uso da razão é como administrar remédio aos mortos” – Thomas Paine (1737-1809)

As eleições presidenciais de 2022 chegaram ao fim com a vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no dia 30 de outubro de 2022. Para um eleitorado de 156 milhões de votantes, houve 32,2 milhões de abstenções (20,6%), 118,53 milhões de votos válidos, 1,77 milhão de votos brancos (1,43%) e 3,93 milhões de votos nulos (3,16%). Lula obteve 60,33 milhões de votos (50,9%) e Bolsonaro 58,2 milhões de votos (49,1%).

Foram as eleições mais disputadas e mais polarizadas da história brasileira, com Lula sendo o campeão de votos de todos os tempos da democracia nacional.

Houve divisões marcantes do voto. Na região Norte, Lula ganhou com pequena diferença, mas estabeleceu grande vantagem na região Nordeste, que foi decisiva para o resultado final. O presidente Bolsonaro ganhou nas demais regiões, embora tenha perdido de pouco em Minas Gerais, estado que se manteve como o termômetro eleitoral do país, já que a vitória em Minas Gerais parece ser um pré-requisito para a vitória nacional. Lula teve grande vantagem entre as mulheres, entre a população preta e parda e entre os estratos de mais baixa escolaridade e de baixa renda.

No quesito religião, as clivagens foram marcantes, pois, segundo todas as pesquisas de opinião, Bolsonaro se manteve com proporção majoritária do voto evangélico, enquanto Lula se manteve com a percentagem majoritária dos votos católicos, das outras religiões e do segmento do eleitorado que se declara sem religião.

Entre as diversas denominações religiosas, o presidente Bolsonaro obteve uma pequena vantagem, mas o ex-presidente Lula ganhou as eleições com o voto do segmento sem religião, que foi o fiel da balança e definiu o resultado final das eleições, como veremos a seguir.

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Governo sem Maioria no Congresso à Direita

Ganha força entre os apoiadores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a ideia de que, não adiante insistir, a atual gestão precisará trabalhar os quatro anos de mandato sem dispor do apoio determinado de uma maioria fixa, estável e segura no Congresso Nacional para aprovação dos projetos de interesse do governo.

O jeito, afirmam os adeptos desse entendimento, será encontrar uma forma de aprender a governar sem apoio majoritário. Pelo menos enquanto um almejado impulso da economia não servir de facilitador de adesões.

Dias atrás, Lula deu pistas de ter aderido a esse entendimento. Falando durante um evento sobre educação no Ceará, enveredou o pronunciamento para a relação com o Congresso e, implicitamente, reconheceu o desafio.

“Tem gente que pergunta para mim: ‘Ô Lula, quantos deputados você tem na sua base?’. Eu falo 513. Tenho 513 deputados e 81 senadores, e eles serão testados em cada votação. Cada votação você tem que conversar com todos os deputados. Nenhum deputado é obrigado a votar naquilo que o governo quer, do jeito que o governo quer […] E nós temos que entender que isso faz parte do jogo democrático. Não é o Congresso que precisa do governo. Do jeito que está a Constituição, é o governo que precisa do Congresso”, disse.

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País tem duas correntes antipolítica, e ambas se baseiam no horror

A ilustração em bico de pena, preto e branco, mostra um homem de camiseta que tem o braço direito esticado, a sua mão prende pelo pé um homenzinho que balança de  cabeça para baixo, veste terno e gravata, grita e gesticula. O homem de camiseta segura o nariz com a outra mão para evitar o mau cheiro que provém do homenzinho. No fundo, uma tempestade com nuvens avermelhadas.
Ilustração de Ariel Severino para coluna de Wilson Gomes – Ariel Severino

Wilson Gomes, Professor titular da UFBA (Universidade Federal da Bahia) e autor de “Crônica de uma Tragédia Anunciada”, publicou o artigo (FSP, 21/02/23) compartilhado abaixo.

Mesmo depois das Trevas Bolsonaristas, última etapa da fase de devastação da vida pública nacional que foi motivada por uma enorme onda de sentimento antipolítica, há ainda quem realmente considere que o desprezo pela política é coisa muito sofisticada e nitidamente superior.

Mas não foi o antipetismo o combustível do ciclo de autodestruição que estará completando uma década este ano e que alimentou as várias camadas de crise que nos levaram quase ao fundo do abismo?

Certamente, mas o antipetismo é tão somente uma forma aguda do sentimento antipolítica que emergiu numa circunstância em que o PT vinha de três mandatos presidenciais seguidos.

Tanto é verdade que os portadores da atitude antipolítica viraram ferozes anti-Temer apenas seis meses depois de consolidado o impeachment de Dilma, sem nem trocar de luvas ou discurso. E os que permaneceram lúcidos também se tornaram antibolsonaristas quando se deram conta da farsa da “nova política” prometida pelo “mito” e da sua mais completa submissão às velhas raposas do Congresso.

O fato é que o sentimento antipolítica continua o básico da afetação de quem continua acompanhando a política institucional e o funcionamento do governo apenas para desprezá-los de pertinho.

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De Patriotários a Presidiotas em Marcha

Das cerca de mil pessoas detidas por envolvimento nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro, aproximadamente 60% são homens. Metade recebeu auxílio emergencial e a maioria possui idade entre 36 e 55 anos. Menos de um quinto possui filiação partidária e há pessoas que se candidataram em eleições passadas ou forneceram serviços para campanhas políticas.

Esses são apenas alguns dos vários dados levantados pelo grupo técnico criado no Ministério Público Federal (MPF), para conferir maior agilidade e efetividade à coleta e à análise de informações em apoio às apurações conduzidas pelo Grupo Estratégico de Combate aos Atos Antidemocráticos. O trabalho permite traçar o perfil dos envolvidos e contribui para o processo de apuração de eventuais responsabilidades dos agentes, de forma individualizada.

Entretanto, faltou a divulgação do nível de escolaridade, ocupações, faixas de renda e origem municipal para delinear bem o perfil socioeconômico dos patriotários em marcha como presidiotas.

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Laços Familiares e Sentimentos dos Patriotários

Wilhem Reich, no livro Psicologia de Massas do Fascismo, publicado em 1933, dá pistas para o entendimento do neofascismo tupiniquim. A situação familiar das diversas camadas da classe média baixa não é diferenciada a partir da situação econômica imediata.

A família também constitui — exceto no caso dos funcionários públicos — uma empresa econômica em pequena escala. Na empresa do pequeno comerciante e do pequeno fazendeiro do interior brasileiro, a família também trabalha, para economizar as despesas com empregados.

Nas pequenas e médias propriedades agrícolas, a coincidência entre família e modo de produção é ainda mais pronunciada. A economia de grandes patriarcas baseia-se essencialmente nessa prática.

No profundo entrelaçamento da família e da economia reside a causa do “apego à terra”, isto é, ao território brasileiro conquistado dos povos originários. Provoca também o “caráter tradicionalista” dos capiaus, tornando-os tão permeáveis à influência da reação política.

O modo de produção do agricultor exige uma estreita ligação familiar entre todos os membros da família. Essa ligação pressupõe uma forte repressão e recalcamento sexuais. Nesta base dupla se apoia a maneira de pensar típica dos caipiras, massa de manobra da extrema-direita, cujo cerne é formado pela moralidade sexual patriarcal.

O estúpido líder populista de direita sempre pretendeu conservar a classe média rural ou interiorana como a base de massas do seu poder. Não é apenas por ser dono de propriedade privada a identificação do pequeno proprietário com o grande proprietário latifundiário. Possuem ambos uma riqueza imobiliária (terra nua) sem liquidez e ainda sofrem o pavor da desapropriação por mantê-la improdutiva.

Daí a preservação do clima ideológico conservador dos pequenos e médios proprietários, existente nas pequenas empresas operadas por uma unidade familiar. Esse clima é conhecido por produzir os vândalos fascistas e de imbuir as mulheres submissas de fervor nacionalista.

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Psicologia de Massas da Classe Média Baixa Fascista

Wilhem Reich, no livro Psicologia de Massas do Fascismo, publicado em 1933, afirma: “o êxito de Hitler não se deve à sua ‘personalidade’ nem ao papel objetivo que a sua ideologia desempenhou no capitalismo. Também não se deveu a um mero processo de embotamento das massas adeptas”.

Ele colocou em relevo o cerne da questão: o que se passa na psicologia das massas? Qual é a razão de as levar a seguir um partido fascista, cuja liderança é, objetiva e subjetivamente, oposta aos interesses das massas trabalhadoras?

Na resposta a esta pergunta, salienta o movimento nacional-socialista [nazista], na sua primeira arrancada vitoriosa, ter se apoiado em largas camadas das chamadas classes médias. Eram os milhões de funcionários públicos e privados, comerciantes de classe média e de agricultores de classe média e baixa.

Do ponto de vista da sua base social, o nacional-socialismo foi sempre um movimento da classe média baixa, onde tenha surgido: na Itália ou na Hungria, na Argentina ou na Noruega. Esta classe média baixa, anteriormente ao lado das várias democracias burguesas, sofreu, necessariamente, uma transformação interna, responsável pela sua mudança de posição política.

A situação social e a correspondente estrutura psicológica da classe média baixa explicam tanto as semelhanças essenciais como as diferenças existentes entre as ideologias dos fascistas e da burguesia liberal.

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Isolar os Radicais para Desradicalizar por Maria Hermínia Tavares

Guarde o documento para jamais esquecer a selvageria da extrema-direita no Dia da Falta de Vergonha ou quando os xucros dotados de complexo de inferioridade perderam a vergonha de mostrar sua ignorância pela falta de educação e cultura:

Isolar os radicais para desradicalizar – Memória Fotográfica de 8:01:2023 – Maria Hermínia Tavares – Folha 8:02:2023

A imensa maioria dos ricos e muito ricos certamente votou em Bolsonaro nos dois turnos. Muitos deles, decerto, terão desejado que, vitorioso, Lula não conseguisse tomar posse. É provável que alguns tenham ajudado de diferentes formas a invasão golpista de 8/1. É de esperar que as investigações em curso os identifiquem. Mas é irrealista imaginar que seja obra exclusiva deles a fracassada tentativa de negar pela força a vontade das urnas. Muito menos supor que a direita neles se esgote.

A força dos populismos de ultradireita que prosperam mundo afora – assim como a de seus antecessores do nazifascismo– vem do fato de serem policlassistas, ou seja, recrutam adeptos em diferentes estratos da sociedade e, sobretudo, mostram-se capazes de atrair a simpatia de contingentes consideráveis das camadas populares. Daí por que constituem alternativa eleitoral viável; nessa medida, quando a disputa é polarizada, acabam conquistando o voto dos mais moderados.

Eis o ponto: o populismo golpista e autoritário é perigoso exatamente porque pode vencer eleições dentro das regras da democracia. No Brasil, desde 2018, a falange que abomina essa mesma democracia comanda nas contendas presidenciais um campo político e social mais amplo, amalgamado no antipetismo. Lá estão pessoas de diferentes níveis de renda, riqueza, valores políticos e crenças religiosas.

Estudiosos da opinião pública calculam que a direita radical, hoje encarnada no populismo bolsonarista, represente algo como 1/4 do eleitorado —uma minoria robusta, radicalizada e fiel ao líder.

Sua ascensão, nas circunstâncias muito peculiares da crise política que se seguiu ao impeachment de Dilma Rousseff, deveu-se em boa medida ao fato de ter sido capaz de apresentar um candidato popular, com cara de brasileiro comum —logo, eleitoralmente mais promissor do que os egressos da elite política tucana.

Impossível prever se o populismo de extrema direita continuará a encarnar o antipetismo em âmbito nacional. Afinal, a máquina de ódio e mentiras alimentada durante quatro anos pela Presidência da República teve efeitos: criou uma cisão profunda na sociedade, dividiu famílias, destruiu amizades e enclausurou pessoas comuns em circuitos fechados de absurdas crenças compartilhadas.

Mas bem fariam os democratas e progressistas se não simplificassem o campo opositor e, ao revés, tratassem de entender e falar para os milhões de brasileiros que, tendo embora votado em Bolsonaro, não são extremados nem golpistas, muito menos ricos.

Afinal, desradicalizar a política não significa senão isolar os radicais.

Golpistas Direitistas: Anticomunistas Anacrônicos sob o Lema Fascista “Deus, Pátria e Família”

José de Souza Martins_ Agitação direitista em acampamento-manicômio _ Eu & _ Valor Econômico (20/01/23)

Por José de Souza Martins: sociólogo, professor emérito da Faculdade de Filosofia da USP, professor da Cátedra Simón Bolívar da Universidade de Cambridge, e fellow de Trinity Hall.

José de Souza Martins_ Agitação direiti…oso manicômio _ Eu & _ Valor Econômico

As ocorrências extralegais e paralelas no próprio dia da posse do novo presidente da República e a baderna insurrecional da invasão de Brasília e dos edifícios dos Três Poderes, no dia 8 de janeiro, em seus desdobramentos e consequências, fazem revelações sociológica e politicamente decisivas para conhecer os inimigos da democracia e do país. Revelam não só o conjunto de uma trama golpista, mas principalmente a estrutura social do movimento e a diferença entre agitadores, protagonistas, promotores e protetores, vários deles secretos. Não se trata de acaso, mas de poder paralelo e organizado.

A identificação dos presos em Brasília, no dia 8, faz revelações da maior importância para definir e compreender o perfil social dos envolvidos. É gente de baixa classe média, não só pelos recursos minguados da maioria visível, mas também pela ignorância sobejamente demonstrada no ataque aos palácios como se fosse ataque ao novo governo. Governo não é um prédio nem uma parede, assim como democracia não é baderna.

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Perfil da Massa de Manobra da Extrema-Direita

Ilustração Miguel Paiva

Assisti, no HBO Max, o documentário (150 minutos) “O Ataque ao Capitólio”. Mostra imagens detalhadas dos violentos confrontos com policiais, ocorridos em 6 de janeiro de 2021, quando uma turba da extrema-direita norte-americana invadiu o Capitólio dos Estados Unidos. Inclui entrevistas com membros do Congresso e dos invasores, além de relatos exclusivos de jornalistas, policiais e socorristas.

É muito impactante emocionalmente o recordar, face ao distanciamento histórico de dois anos e à proximidade temporal da repetição tupiniquim. Ambos foram instigados pelo não reconhecimento da derrota eleitoral pelos presidentes da República. Lá como cá, os populistas de direita não foram reeleitos e, em vez de assumir sua incompetência governamental, instigaram um quebra-quebra no Poder Legislativo.

“A história se repete, a primeira vez como tragédia e a segunda como farsa”, escreveu Karl Marx no livreto “Dezoito Brumário de Louis Bonaparte”, publicado em 1852. Talvez não existam palavras mais apropriadas para nomear o vandalismo na Praça dos Três Poderes em Brasília.

Farsa é uma modalidade burlesca de peça teatral, caracterizada por personagens e situações caricatas”. O burlesco provoca riso ou zombaria por extravagância ou ridículo.

Causa riso a caricatura de, no caso, uma revolta de um segmento social imaginada como fosse uma revolução. Os extremistas de direita deram-na um tratamento grotesco.

A palavra “burlesco” é de origem italiana. Deriva da palavra burla, com significado de “piada”, “ridículo” ou “zombaria”. Há inúmeras gravações, em vídeos encontrados no YouTube, com as cenas risíveis dos chamados “patriotários”.

Vejo-os e, logo, indago mentalmente: qual é o perfil socioeconômico dessa gente? Em suas aparências – veja em https://www.instagram.com/contragolpebrasil/ –, de imediato, vem a primeira impressão preconceituosa: como são feios! E ainda fazem caretas ou poses para as câmeras! Mas eles não se enxergam assim por causa do exacerbado narcisismo: amor pela própria imagem.

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Idosos Fanáticos: Há cura contra o Fanatismo?

Receita para curar um fanático político _ Política _ Valor Econômico (17/01/23)

Andrea Jubé, Jornalista e advogada, começou a acompanhar de perto os bastidores políticos em Brasília em 2007. Desde 2013, é repórter da editoria de Política do Valor. Escreveu a coluna da abaixo à qual somo um artigo de Rudá Ricci.

O escritor e pacifista israelense Amós Oz não viveu para testemunhar a horda de bárbaros que invadiu e depredou as sedes dos três Poderes no dia 8 de janeiro, no simulacro do atentado ao Capitólio americano, em um dos capítulos mais terríveis da nossa história. Igualmente, não testemunhou o ataque ao Capitólio no dia 6 de janeiro de 2021 pelos apoiadores do ex-presidente Donald Trump.

Morto em dezembro de 2018, aos 79 anos, ele foi o principal porta-voz do movimento Paz Agora, fundado em 1977, para lutar pela conciliação entre judeus e palestinos. Nos artigos e ensaios sobre o longevo conflito entre Israel e o Estado palestino, afirmava que a infância em Jerusalém lhe concedera “expertise em fanatismo”.

Com esse atributo, invariavelmente manifestava-se ou proferia palestras sobre atentados terroristas praticados por grupos extremistas nos diferentes palcos mundiais. Em 2002, em uma Alemanha que até hoje cumpre um doloroso processo de “desnazificação” social, propôs alternativas sobre “como curar um fanático”.

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Ressentimento inverte o Complexo de Inferioridade de Iletrados e os transforma em Fascistas?

Agora, após a tentativa fracassada de golpe contra o Estado de Direito, via quebra-quebra e provocação de GLO (Garantia de Lei e da Ordem) para colocar as Forças Armadas para comandar mais uma ditadura militar no Brasil, começam a sair os perfis dos fascistas brasileiros, ainda classificados como terroristas e golpistas. Abaixo está uma delineação do perfil psicológico desses indivíduos desprezíveis.

Nos ataques de domingo, em Brasília, apoiadores radicais do ex-presidente Jair Bolsonaro fizeram questão de exibir o rosto nas redes sociais, mas decifrar a face do extremismo no país ainda é uma tarefa difícil. Afinal, o que pensam radicais criminosos que se orgulham de incendiar os símbolos da democracia brasileira? E como cidadãos comuns se tornam terroristas?

Existe muito ressentimento nessa trajetória”, diz o psicanalista Christian Dunker, professor de psicologia clínica da Universidade de São Paulo (USP). O bolsonarismo se aproveitou do descontentamento de parte da população – cujos projetos pessoais de ascensão econômica foram frustrados pela crise global – para conquistar adeptos em diferentes estratos sociais, afirma Dunker.

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