Ganhos de Capital e/ou Dividendos: Ambos é a Melhor Opção

Regilaine Specia de Arruda é planejadora financeira pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejamento Financeiro. Explica o que são os ganhos de capital.

Os ganhos de capital estão relacionados ao quanto se pode lucrar com a venda de um ativo. Suponha adquirir um imóvel por R$ 500 mil e, após determinado período, vendê-lo por R$ 650 mil. A diferença positiva entre o preço de compra e o preço de venda (R$ 150 mil) é o ganho de capital. Assim, esse valor é utilizado para calcular o lucro e determinar o montante de impostos a ser recolhido na transação.

Essa dinâmica não se limita à compra e venda de imóveis. Qualquer ativo que permita apurar a diferença entre um preço inicial (de compra) e um preço final (de venda) é um ativo suscetível a gerar esses ganhos.

Dentre tais ativos, podemos destacar os imóveis, como citado no exemplo, veículos, embarcações, obras de arte, joias, cotas de sociedades de empresas, vendas de patentes e direitos autorais e, ainda, os ativos negociados no mercado financeiro, como ações e fundos imobiliários.

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Grandes Fundos de Investimento Internacionais: Alocação de Capital na Economia Global

Artigo de Marcos de Vasconcelos (FSP, 14/04/24) é útil para meu relatório de pesquisa sobre Alocação da Riqueza na Economia Global. Compartilho-o abaixo apesar de seu viés ideológico revelado de início, denominando de “governo petista” um governo de Frente Ampla.

“O governo petista acaba de ganhar mais munição para brigar por mudanças na direção da Vale. Dois gigantes internacionais decidiram, na última semana, rebaixar suas recomendações em relação às ações da empresa: Bank of America (BofA) e UBS.

Ambos os bancos recomendavam a compra dos papéis VALE3, mas, nos últimos dias, ajustaram os ponteiros para “neutro”, o que significa que não veem mais boas chances de crescimento.

Esses relatórios são o tipo de coisa que chega nas mãos de quem realmente muda o preço de ações de gigantes como a mineradora —e a pontuação do Ibovespa—: grandes fundos de investimento internacionais.

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Dívidas Diretas de Empresas pagam Dívidas Bancárias e rolam Debêntures

Em meio à queda das taxas de remuneração das debêntures, as companhias brasileiras têm planejado ofertas visando o pagamento de dívidas e a recompra de emissões anteriores. Cerca de 40% das emissões de debêntures registradas em março tiveram como objetivo a gestão do passivo, conforme levantamento feito pelo Valor (08/04/24) a partir de informações enviadas à Comissão de Valores Mobiliários.

O cenário atual é propício para esse tipo de operação. Com as taxas mais baixas e o aumento do interesse dos investidores, as empresas estão olhando mais para o passivo, procurando o que dá para melhorar, para alongar ou trocar por outra dívida.

A expectativa é daqui para frente aparecerem ofertas de títulos com prazos mais longos para a recompra de dívidas mais curtas, além de operações “casadas”, nas quais são negociadas com investidores, por exemplo, a entrega de uma debênture nova em troca de um papel mais antigo.

Essa possibilidade de troca de dívidas, porém, não é para todas as empresas.

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Mercado de Capitais: re-evolução ruidosa pela louvação dos neoliberais

Maílson da Nobrega, ex-ministro da Fazenda (1988-89) e sócio da Tendências Consultoria, inaugurou a Era Neoliberal no Brasil. Louva o que chamou de “Revolução Silenciosa do Mercado de Capitais” (Valor, 01/04/24).

“Duas potências econômicas mundiais sugiram na Europa nos séculos XVIII e XIX: Holanda e Inglaterra, respectivamente. A primeira beneficiou-se de uma revolução na indústria naval, que lhe permitiu dominar o comércio mundial; a segunda ascendeu graças à Revolução Industrial. O êxito desses países tem, entre outras, uma causa comum, qual seja uma revolução em seus mercados de crédito e de capitais, em boa parte devido à proteção dos direitos de propriedade e ao respeito a contratos, garantidos por um Judiciário independente.

O economista americano Ross Levine, no artigo “Financial Development and Economic Growth” (1996), afirmou que “a evolução dos mercados financeiros e de suas instituições constitui uma parte indissociável do processo de crescimento”. “A Revolução Industrial teve que esperar a revolução financeira”, afirmou.

Em outro artigo (“Finance, Growth, and Inequality”), de 2021, Levine assinalou que “o desenvolvimento financeiro acelera o crescimento, pois aumenta a eficiência na alocação de recursos, apoia a mudança tecnológica e reduz disparidades de renda”.

O professor Carlos Antônio Rocca analisou esse trabalho no artigo “Funcionalidade do Sistema Financeiro e Crescimento Econômico” (Cemec, 2022). Destacou trecho no qual Levine assevera que “a evidência preponderante é a de que o desenvolvimento financeiro acelera o crescimento econômico, não por aumentar a taxa de poupança, mas por elevar a eficiência econômica da alocação de recursos e por apoiar a mudança tecnológica”.

No Brasil, a revolução financeira demorou a chegar, inibida pela presença dominante do Banco do Brasil e pela desconfiança da classe política sobre os bancos privados. Mauá fundou o segundo Banco do Brasil (o atual é o terceiro), mas inúmeras pressões o levaram a transferir o controle para o governo.

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Boom (Rali) em Bolsas de Valores movido por Ações de Tecnologia de IA

Bolsa de Nova York teve alta de 27% no índice S&P 500 desde outubro de 2023, no maior rali desde pelo menos 1970, antes da flexibilização nos juros.

A sequência de altas no mercado acionário global acendeu entre investidores o alerta de que uma bolha poderia estar se formando no mercado, à semelhança da que se viu no fim dos anos 90, no auge da euforia com as empresas pontocom. Os índices americanos S&P 500 e Nasdaq, os europeus Stoxx 600, Dax (Alemanha), e CAC 40 (França), e o japonês Nikkei bateram recordes nas últimas semanas, apesar de os juros nesses países estarem em níveis historicamente elevados, o que geralmente reduz o apetite por ativos de risco.

Estaria a introdução de uma nova tecnologia – neste caso, a inteligência artificial (IA) generativa – criando tanta euforia que o mercado passou a apostar em “valuations” (avaliações de preço) muito acima do que a realidade apresenta?

Para boa parte dos economistas de bancos, ouvidos pelo Valor (18/03/24), não se trata de uma bolha, mas de um rali alimentado por mudanças de certa forma estruturais na economia global que deve continuar por algum tempo. São ganhos de produtividade advindos da tecnologia, melhor logística, mudança na matriz energética e impacto na saúde que justificariam investimentos e resultados corporativos. Bolha só é dita ex-post, após o crash

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Estudo de Caso: Volatilidade das Fortunas em Ações como função da Opinião Pública configurada pela Opinião Especializada em Especulação?!

Tenho pesquisado a riqueza financeira de maneira comparativa entre o caso brasileiro de Economia de Endividamento Público e Bancário (em renda fixa) e os casos dos EUA e dos Tigres Asiáticos de Economia de Mercado de Ações (em renda variável). Um estudo de caso interessante (e atual) foi publicado na FSP (25/02/24). Compartilho-o abaixo.

A fortuna de Jensen Huang, presidente-executivo da Nvidia, dobrou em oito meses e atingiu US$ 69,6 bilhões (R$ 347,6 bilhões) após forte alta nas ações da empresa impulsionada pelos resultados para 2023, divulgados no dia 21/02/24.

As ações da Nvidia se valorizaram em cerca de 238% nos últimos 12 meses, 63% só neste ano. Com isso, a empresa se posiciona acima da Amazon e da Alphabet, dona do Google, e soma quase US$ 2 trilhões em valor de mercado, a terceira mais valiosa dos Estados Unidos.

Huang, 61, é o maior acionista individual da empresa, com 3,5% dos papéis, segundo a Forbes. O ranking da revista, baseado em informações de ativos públicos, colocava o executivo na 21ª colocação das pessoas mais ricas do mundo.

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Desalavancagem Financeira Continua

Mesmo com o início do ciclo de afrouxamento monetário, ainda não se vê melhora significativa na situação das empresas. Amargam queda nas vendas e nas margens de lucro bruto.

Estudo do Centro de Estudos de Mercado de Capitais (Cemec-Fipe) mostra: a quantidade de companhias de capital aberto sem conseguir cobrir as despesas financeiras com sua geração de caixa é grande, e os indicadores devem piorar nos próximos meses.

Esse é o efeito de um período de juros ainda elevados. No entanto, diz o levantamento, os gastos com encargos financeiros têm “clara tendência decrescente”, ao mesmo tempo em que a queda nos lucros está menos intensa. Segundo Carlos Antonio Rocca, coordenador do Cemec-Fipe, o cenário deve começar a clarear ainda neste ano.

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Índice de Emoções em Bolsa de Valores

Ganância em tempos de “bull market” (de onda compradora de ativos). Ansiedade quando há incertezas e volatilidade dos mercados. Euforia em ciclos de rali ou se os indicadores interrompem uma fase de baixas. Desespero no cenário oposto. E frustração quando as expectativas não se confirmam.

Essas são algumas emoções que a Delta Analytics BV, empresa de tecnologia especializada em otimização de empatia (“antropointeligência”), capturou nos meios de comunicação brasileiros sobre a economia, emulando-os num índice que traça a correlação delas com os preços de abertura do Ibovespa durante dez anos.

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Especuladores em Ações no Mundo: EUA X BRA

Você sabe qual é o número de pessoas que investem na bolsa? Você sabe qual é o número de pessoas na bolsa de valores do Brasil, a B3 ou em outros países?

Saber estes dados pode ajudar o investidor a se situar melhor quanto aos seus investimentos. Também ajuda a quem quer entender melhor a situação de um país.

Pensando nisso, o Investidor 10 decidiu escrever um pouco sobre o número de pessoas que investem na bolsa por países e outros dados relacionados.

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Evolução do Número de Especuladores com Ações no Brasil: 2011-2T2023

Nos últimos anos: o número dos investidores brasileiros pessoa física aumentou significativamente, a faixa etária média se modificou e mais mulheres começaram a investir. Mas se deve distinguir entre os investidores PF em renda variável (ações) e renda fixa (juros).

Em 2018, o número de investidores PF na B3 era de cerca de 700 mil e, em dezembro de 2022, foi atingida a marca de 5 milhões, representando um aumento de mais de 700%.

Para monitorar a participação deste investidor no mercado financeiro, a B3 elaborou, em 2020, dois estudos sobre seu perfil e comportamento, considerando dados da central depositária de renda variável da B3 e entrevistas com investidores.

Acesse aqui os dados das pesquisas “A descoberta da bolsa pelo investidor brasileiro” e “Uma análise da evolução dos investidores pessoas físicas na B3”. Confira abaixo também o relatório com dados atualizados sobre a pessoa física.

Relatório sobre pessoa física – 2º trimestre de 2023 (PDF, 6MB)

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Mudança na Seleção da Carteira de Ativos Financeiros (Portfólio)

Emissão de título isento pode bater no …de lastro _ Finanças _ Valor Econômico

No total, o estoque de investimentos da pessoa física nos segmentos de varejo, alta renda private banking chegou a junho de 2023 com R$ 5,367 trilhões, um crescimento de 7,3% no ano e de 15,4% em comparação a junho de 2022.

Foi o varejo de alta renda que apresentou o maior ritmo de expansão em 12 meses, de 21,6%, para R$ 1,569 trilhão. O varejo tradicional teve incremento de 13,5% nesse mesmo intervalo, a R$ 1,827 trilhão, enquanto o private banking aumentou 12,6%, a R$ 1,970 trilhão. O topo da pirâmide tem um mix menos concentrado em renda fixa e os ativos ainda têm uma jornada de recuperação pela frente.

O que surpreendeu, contudo, foi uma certa recuperação para ativos de risco. Houve um incremento de R$ 55 bilhões em 12 meses em fundos de ações, para R$ 231,7 bilhões. Os multimercados tiveram alta de 1,2%, para R$ 657,8 bilhões. E mesmo com a Selic alta, a renda variável teve um aumento relativo no volume financeiro. No varejo, passou de 8,4%, em junho de 2022, para 9,4%, e no private banking, de 33,8% para 34,1%.

“O movimento parece que andou de lado, mas tem um pequeno crescimento no varejo e no private banking. Pensando numa curva, a gente deve enxergar uma aceleração no segundo semestre pela queda de juros. A expectativa era de corte de 0,25 [ponto percentual] e acabou sendo 0,50. Houve um movimento de antecipação do investidor de procurar papéis que possam capturar no médio e longo prazo um retorno maior.” No mercado, há projeções de 140 mil pontos para o Ibovespa no fim do ano.

Os fundos de investimento responderam por R$ 1,55 bilhão (29%) do total investido pela pessoa física, com aumento de 2% em relação a dezembro. Os imobiliários cresceram 14,25% nos primeiros seis meses do ano, a R$ 105 bilhões. A classe passou a compor 10,7% das carteiras no varejo de alta renda, ante 9,4% em dezembro. No varejo tradicional, a participação subiu de 10,9% para 12,4%. No private, foi de 2,1%, em linha com o apurado no fim de 2022. Os fundos imobiliários seguem como alternativa de grande apelo, também pela isenção de imposto de renda na distribuição de dividendos.

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“Vai ser o fim do diferimento eterno de IR em estruturas fiduciárias; mas não vai ter manifestação na Faria Lima”

Cerca de R$ 600 bilhões (corrijo o Valor para R$ 412 bilhões) em recursos em fundos fechados exclusivos ou reservados a poucos investidores estão na mira do governo para aumentar a arrecadação pública. Se o plano do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, seguir o script dos ensaios de legislaturas anteriores, carteiras usadas pelas famílias endinheiradas para uma melhor eficiência tributária passarão a ter o “come-cotas”, a antecipação periódica de imposto de renda, que já incide nos portfólios de renda fixa, multimercados e cambiais tradicionais.

O dilema, já observado em projetos frustrados no Congresso durante os governos dos ex-presidentes Michel Temer (MDB) e Jair Bolsonaro (PL), é se a cobrança de um imposto adicional valerá a partir de 2024 para as rendas obtidas neste ano ou se todo o estoque pagará o pedágio retroativamente. Sem essa condição, a medida se tornaria pouco relevante para as intenções de incrementar as receitas orçamentárias.

A volta do tema aos holofotes tem estimulado discussões entre os donos de fortunas com advogados e conselheiros financeiros sobre que iniciativas adotar para encarar a mordida do Leão. Os fundos familiares deixariam de contar com um de seus principais benefícios, o diferimento tributário a perder de vista – com cobrança de imposto só nas amortizações anuais ou liquidação das estruturas.

É o que potencializa os retornos compostos no tempo. Mas preservariam atributos como planejamento sucessório e a compensação de perdas e ganhos entre diferentes classes de ativos, o que não ocorre nos veículos condominiais.

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