Chico Lopes: Ideologia “Socialista” X Ideologia Neoliberal

Chico LopesNa entrevista de página inteira concedida pelo ex-presidente do Banco Central no Governo FHC e professor da PUC-RIO, Francisco Lopes, às jornalistas Denise Neumann e Flávia Lima (Valor, 16/01/14) o mais interessante é que, depois delas terem tentado pauta-lo para responder só de acordo com o discurso típico  pró O Mercado e ele se esquivar, denunciando a artificialidade deste “pessimismo”, elas não resistem e fazem a seguinte pergunta, cuja resposta explicita o debate ideológico colocado em seus termos. Vale conferir essa curiosa parte da entrevista de um neoliberal que reconhece alguns méritos do Governo de ideologia oposta, o que é incomum em Terrae Brasilis… Na verdade, a ideologia do Governo Dilma é social-desenvolvimentista, mas ele a classifica como socialista, demonstrando desconhecimento de causa, o que é comum entre economistas com formação ortodoxa.

Valor: O sr. disse que a política de juros foi correta, câmbio vem se ajustando, fiscal não é problema. O sr. está quase defendendo a política econômica do governo [Dilma], não?

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(Re)evolução de Investimentos na Produção Nacional de Veículos: Novo Regime Automotivo

Investimentos na Indústria Automobilística

Vendas de automóveis em 2013

Mercado automobilísticoEduardo Laguna (Valor, 27/12/13) informa que o ano de 2013 foi marcado pela profusão de novos projetos lançados por montadoras já instaladas ou que estão chegando ao Brasil. No total, os investimentos anunciados durante o ano somam R$ 5,2 bilhões, entre projetos de novas linhas de produção e a chegada – ou retorno – de marcas de automóveis hoje importadas, como as grifes do segmento premium Mercedes-Benz, Audi, BMW e Jaguar Land Rover.

A chegada dessas fábricas é uma vitória dos planos do governo Dilma de atrair investimentos e reduzir a defasagem tecnológica dos carros produzidos no país por meio de um regime automotivo que restringe a entrada de importados. Todavia, eleva o risco de excesso de capacidade da indústria, em momento em que a demanda por automóveis perde seu vigor.

[FNC: O repórter revela apenas a visão conjuntural em curto prazo e não destaca que haverá mudança estrutural da capacidade produtiva com resultados em médio e longo prazo.

O que sugere o modelo do multiplicador e acelerador? Já que a expansão da renda implica a necessidade de execução de investimentos, a economia encontra-se sujeita às forças contrapostas de demanda (renda) e de oferta (capacidade produtiva). Devido à rigidez da propensão ao consumo, é necessário investir sempre para manter a demanda efetiva em nível adequado para assegurar os gastos exigidos para atingir o pleno emprego. Cada investimento determina a expansão da capacidade produtiva, que tornará ainda mais necessário gastos futuros superiores aos gastos correntes, para alcançar o novo nível de pleno emprego de todos os recursos produtivos (capital e trabalho).]

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(Re)evolução no Ensino Técnico: PRONATEC

Ensino Técnico

Democracia é uma conquista social não só porque propicia maior liberdade política, mas também porque compromete os governos que almejam a sua reeleição e/ou a do sucessor escolhido com políticas sociais que atendam à maioria do povo. Logo, a crítica implícita ou explícita de “política eleitoreira” deve ser entendida como política popular com resultados em curto prazo, isto é, em um mandato governamental. Bom governo é o social-desenvolvimentista, como é o da Dilma, que combina política social ativa em curto prazo com planejamento indicativo de decisões de investimentos de longo prazo de maturação. Está fazendo uma (re)evolução no Ensino Técnico, alternativa profissionalizante ao nível de Ensino Médio.

Luciano Máximo e Andrea Jubé (Valor, 30/12/13) avaliam que, junto com o recente programa Mais Médicos e as políticas sociais de superação da miséria, a presidente Dilma Rousseff destacará o ensino técnico como uma de suas marcas de governo e colocará o tema no centro do debate eleitoral de 2014. A campanha petista aposta que o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) e a expansão dos institutos técnicos e tecnológicos federais, iniciada ainda no governo Luiz Inácio Lula da Silva, são respostas às reivindicações das centenas de milhares de jovens que saíram às ruas para protestar em junho de 2013. Ao mesmo tempo, a promoção da qualificação da mão de obra no país dialoga com o setor produtivo e coleciona números expressivos, difíceis de serem contestados pelos adversários.

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