Defasagem Temporal entre Decisões e Maturação de Investimentos: Cenário de 2014

Cenário 2014

O Valor (19/12/13) ouviu empresários, economistas do setor privado e autoridades do governo para compor o cenário de 2014. Porém, para obter uma visão mais analítica e plural, deveria ter também consultado economistas acadêmicos das diversas Escolas de Pensamento. Perceberia mais as diferenças ideológicas nos esboços dos cenários.

Há mais dúvidas do que consensos, seja pelas dificuldades em vislumbrar os efeitos da redução, pelo Federal Reserve Bank (Fed), dos estímulos monetários nos Estados Unidos, seja pelas incertezas internas decorrentes das eleições presidenciais. O Fed anunciou ontem que a redução do programa de compra de ativos, o “tapering“, virá em janeiro, em US$ 10 bilhões.

“Devemos ter uma inflação mais baixa de agora para o primeiro trimestre de 2014”, disse o secretário de Política Econômica da Fazenda, Márcio Holland. “Como o segundo trimestre já é naturalmente de inflação baixa, teremos um comportamento mais benigno pelo menos até a metade do ano que vem.”

Mesmo com a elevação, até o momento, de 275 pontos base na taxa básica de juros (Selic), o único compromisso que o Banco Central assume, por enquanto, é o de entregar uma inflação este ano um pouco menor que os 5,84% do ano passado e, no próximo ano, ligeiramente inferior à de 2013. Não há um prazo determinado para a taxa de inflação convergir para a meta de 4,5%, de onde ela se descolou em 2010. Qual é a relevância desse alto custo/benefício social, se a taxa de inflação se mantiver estável, para o crescimento sustentado em longo prazo?

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“O economista tenta prever o comportamento humano a partir de equações matemáticas”. Logo, erra suas previsões…

Projeção X Realidade

Lígia Guimarães (Valor, 30/12/13) dedica-se a uma importante missão do jornalismo investigativo a cada fim-de-ano: conferir os erros das previsões econômicas. Poderia conferir também os erros das previsões climáticas

Na visão do boletim Focus, do Banco Central, a realidade frustrou a expectativa em 2013. Em janeiro, os cerca de cem analistas e instituições financeiras consultados pela autoridade monetária previam que a economia brasileira e a produção industrial iriam crescer mais de 3%. O câmbio terminaria o ano abaixo de R$ 2,10 e a taxa Selic em 7,25%. O balanço comercial, segundo o Focus, manteria o ritmo aquecido dos últimos anos e teria superávit de US$ 15 bilhões.

A maioria dessas projeções não se concretizou. Pior, os sábios economistas nem podem alegar que erraram porque eles advertiram os tomadores de decisões econômicas e estes, preventivamente, corrigiram o rumo, o que teria levado ao fracasso das previsões pessimistas. No caso deste ano que finda, “houve mais inflação, menos crescimento, mais câmbio, tudo foi um pouco pior”, diz o economista-chefe da Votorantim Asset Management, Fernando Fix, instituição que integra a lista Top 5 do Focus – das que mais acertam projeções.

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Queda do Número de Investidores em Fundos

Número de Cotistas em Fundos

Fundo Simplificado

Evolução das aplicações financeiras em 2013Luciana Seabra (Valor, 18/12/13) informa que a fatia do cliente de varejo no patrimônio investido em fundos encolheu pelo sexto ano consecutivo em 2013. A participação, de 15,37% em outubro de 2007, chegou a 6,84% no mesmo mês deste ano de 2013, segundo dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). O valor aplicado pelo investidor comum em fundos ficou em R$ 160,82 bilhões em outubro, menos do que os R$ 180,31 bilhões de seis anos atrás. O número de investidores em fundos abertos à captação também sofreu uma queda expressiva neste ano. De junho de 2012 ao mesmo mês de 2013, essas carteiras perderam 1,16 milhão de cotistas, de acordo com levantamento do Centro de Estudos em Finanças da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Na fuga, também a maior para o período desde 2007, 836 mil cotistas saíram de fundos DI e curto prazo de varejo.

Eu (FNC) acho que, com o diagnóstico equivocado — simplicidade dos produtos concorrentes –, buscar-se-á uma terapia errada. Assim ocorreu também com a causa, a meu ver, mais fundamental da fuga de capitais: a marcação-a-mercado (MtM), após o processo de “desindexação” dos títulos da dívida pública pós-fixados (LFTs), trocando-os por prefixados (LTNs) e índices de preços mais prefixação (NTN-Bs), com o “repique” da taxa de juros. Após a Selic cair a 7,25% aa, criando incentivo para essa troca, ela retomou a elevação, já atingindo 10% aa. Logo, a MtM com a expectativa de alta dos juros futuros levou aos fundos perderem valor-de-mercado, patrimônio líquido e investidores! Eu não disse?!

Além disso, com a baixa taxa de juros, tornou-se transparente a cobrança de altas taxas de administração e alíquotas de imposto de renda sobre os rendimentos. A preferência passou a ser por ausência de taxas e isenção fiscal dos DP e LCI/LCA.

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Plano de Previdência Aberta (PGBL ou VGBL): Resgates Programados em vez da Renda Mensal Vitalícia

Contratar Renda Vitalícia ou Plano

Karla Spotorno (Valor, 12/12/13) informa algo importante para a Geração Baby-Boom (eu! eu!) em fase pré-aposentadoria (idem, ibidem): uma forma bastante simples de um investidor em Previdência Complementar aumentar a renda na aposentadoria é prestar atenção a detalhes técnicos. São atributos pouco charmosos, raramente questionados por quem planeja a aposentadoria e negocia a contratação de um Plano de Previdência Aberta, como o PGBL ou o VGBL, e normalmente desconhecidos do consumidor. Entre essas condições técnicas está a tábua atuarial, que indica a longevidade das pessoas e, portanto, por quanto tempo uma seguradora deve pagar a renda vitalícia contratada por seu cliente.

Em uma simulação feita pela Mapfre Previdência, a diferença na renda vitalícia pode ser 9,5% superior se o investidor tiver em seu contrato de PGBL ou VGBL a tábua atuarial AT-2000. No exercício, um investidor com 65 anos e R$ 300 mil que contratasse hoje a renda vitalícia receberia R$ 1.281,79, mensalmente, segundo a AT-2000, e R$ 1.170,31, conforme a BR-EMS, a primeira tábua desenvolvida com base no histórico de mortalidade e sobrevivência dos participantes dos segmentos de seguros de pessoas e de previdência complementar no país, e apresentada em 2010 para substituir a AT-2000. A diferença se deve ao fato de a primeira tábua considerar uma longevidade menor do que a segunda. Quanto mais longevo o investidor, maior será o número de pagamentos da seguradora ao cliente, o que reduz o valor da renda mensal.

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Planejamento da Vida Financeira

Aposentados 02

Ana Paula Ragazzi (Valor, 11/12/13) informa que a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) estuda criar um comitê com cientistas, médicos, profissionais de educação e psicólogos para discutir questões de educação financeira. A ideia é ouvir essas pessoas para saber como o investidor toma as suas decisões e, a partir daí, traçar uma plano de ação. A CVM participou de seminário sobre Finanças Comportamentais, na véspera, no Rio.

Uma melhor compreensão do que influencia o comportamento do investidor se mostra fundamental para os reguladores do mercado de capitais. Passada a crise, a fase atual é de entender a importância do mercado de capitais para o desenvolvimento da economia, mas para tanto é preciso segurança nos mercados, que só virá com educação. A CVM assumiu o compromisso de colocar esse tema na agenda do planejamento estratégico para os próximos dez anos.

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Lançamentos Musicais de 2013

Bruno Souto - Estado de Nuvem

Estado de Nuvem – Bruno Souto (download gratuito em www.brunosouto.com)

Conversa puxa conversa, lista puxa lista: 10 Melhores Filmes de 2013 e Resenhas de Livros Lidos em 2013. Desta feita, para completar o trio — “Amor salva o dia, Música, Filme e Livro salvam a vida” — vamos listar Lançamentos Musicais de 2013. É bom conhecer as novidades: muitos lançamentos são de estreantes. Geralmente, “o primeiro disco a gente não esquece”… E se ele tiver feito sucesso de público, torna-se uma armadilha de repetição difícil de escapar quando se vai gravar o segundo disco. Por isso, gosto sempre de escutar as estreias musicais!

A ordem é aleatória. Tentei manter os links para baixar (download), encontrados em blogs musicais aos quais agradeço a divulgação cultural gratuita.

Mulatu Astatke, o Gênio do Jazz Etíope

Mulatu Astatke

Em certa cena do filme A Grande Beleza, dirigido por Paolo Sorrentino, há uma “esnobada” cultural — tipo “bateu, levou” – de uma socialite sobre outra em festa da alta roda da sociedade romana. Uma comenta que estava na “fase pirandella”, outra responde que apenas estava apreciando o Jazz Etíope. Pensei: o que é isso?! Nunca ouvi!

Fui atrás e encontrei o seguinte post do ótimo blog musical Radiola Urbana, reportagem publicada originalmente no Caderno 2 + Música do jornal O Estado de São Paulo, em março de 2011, quando o gênio do jazz etíope, Mulatu Astatke, desembarcou no Brasil para duas apresentações (memoráveis!) no Sesc Vila Mariana, com ingressos esgotados em menos de duas horas.

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Banir Comentários Idiotas dos Blogs

censura

O Blog do Lino noticia que há uma tendência de banir Comentários dos blogs. Minha posição de censura a Comentários idiotas foi apresentada em 27/10/2013. Aqui não serão aceitos comentários negativistas, depreciativos, irônicos, ofensivos, direitistas, etc., pela seguinte razão: Internauta + Idiota = Interniota.

“A partir de hoje Popularscience.com não vai mais aceitar comentários em seus artigos. Explicamos o motivo: comentários podem ser ruins para a ciência“. Começa assim o texto “Why We’re Shutting Off Our Comments“, divulgado na última terça-feira 24 no site da revista Popular Science, publicação científica americana fundada em 1872.

Álbum de Família

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Álbum de Família [August: Osage County] é o segundo filme longa-metragem para cinema comercial do diretor John Wells. O primeiro, A Grande Virada [The Company Men ou “Homens de Negócio”], lançado em 2010, tem a seguinte sinopse: o executivo Bobby Walker (Ben Affleck) não tem o que reclamar da vida. Tem uma bela família, um bom emprego e um Porsche na garagem da residência de alto padrão — e joga golfe em clube “nobre”. O que ele não esperava era que, devido a uma política de redução de pessoal após a explosão da crise de 2008, fosse subitamente demitido. Phil Woodward (Chris Cooper) e Gene McClary (Tommy Lee Jones), seus colegas de trabalho, passam pela mesma situação. A mudança faz com que o trio de executivos tenha que redefinir suas vidas de provedores de luxo, como maridos e pais de família. Em síntese, é um filme sobre os relacionamentos masculinos.

O segundo filme, Álbum de Família, é sobre relacionamentos femininos. Para nós, homens, seja como “observadores-externos”, seja como “participantes-ativos”, não há nada mais difícil de entender do que os relacionamentos neuróticos entre mãe e filha – e entre irmãs. Daí a dificuldade masculina em representar tais relacionamentos em um bom roteiro, focalizando a doença senil (e cancerígena) da matriarca da família, tal como foi alcançado por Tracy Letts.

O filme foi baseado na sua peça vencedora do Pulitzer de Teatro em 2008, August: Osage County. Letts, nascido em 4 de julho de 1965, portanto, com 48 anos, é um americano dramaturgo, roteirista e ator, que recebeu também um Tony Award por sua interpretação de George na reapresentação de Quem Tem Medo de Virginia Woolf? Ele recupera o estilo daqueles grandes roteiros dramáticos do cinema norte-americano, baseados em peças teatrais, por exemplo, Um Bonde Chamado Desejo, Farrapo Humano, A Malvada, Morte do Caixeiro Viajante.

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TV por Assinatura e Telefonia

TV por Assinatura

Heloisa Magalhães (Valor, 23/12/13) informa que a oferta de televisão por assinatura tornou-se uma espécie de menina dos olhos das concessionárias de telefonia. Os grupos que lideram o setor no Brasil – Telefônica/Vivo, Oi e Embratel / Claro / Net – passaram a tratar a TV paga como uma estratégia central em seus respectivos modelos de negócio.

Um parâmetro para perceber a importância desse mercado é o potencial oferecido. Há um universo de 28,5 milhões de famílias brasileiras que podem vir a aderir à TV paga.

O serviço já está presente em 17,4 milhões de lares e a avaliação da empresa é que dos 58 milhões de domicílios do país, 46 milhões têm renda suficiente para sustentar um serviço de televisão por assinatura. Como o país tem estimados 22 milhões de casas com antenas parabólicas, ao menos parte desse público também poderá aderir ao serviço, dependendo da renda familiar.

Um ponto-chave é que as concessionárias de serviços de telecomunicações estão buscando mecanismos para aumentar a receita, já que o lucro da teles, embora permaneça enorme, está em queda.

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Telinha X Telona = Cinema-Adulto X Cinema-Infanto-Juvenil

Séries de TV

João Luiz Rosa (FSP, 23/12/13) avalia que a internet mudou a maneira de ver televisão ao permitir que as pessoas assistissem em outras telas – como as de computadores, celulares e tablets – o que antes só podia ser visto no televisor. Serviços de vídeo on-line como o da Netflix mostraram que não já não era preciso chegar em casa para ver filmes e séries, ao mesmo tempo em que os espectadores descobriam, encantados, que podiam usar até aparelhos de videogame para acessar alguns de seus programas favoritos.

Mas todo esse barulho deixou de lado outra discussão, que agora começa ganhar a dimensão apropriada – é a própria produção da TV, ou seja, o conteúdo, aquilo que atrai o espectador para a frente da tela, seja ela de que natureza for. Não é só como se assiste TV, mas o que se assiste.

Nos Estados Unidos, o entusiasmo em relação à produção atual é tanto que muitas pessoas no setor estão convictas de que a TV americana ingressou no que seria sua terceira fase de ouro – a primeira teria ocorrido no início dos anos 50 e a segunda, na década de 80.

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