Empresas Transnacionais do Agronegócio Brasileiro

setor do agronegócio brasileiro, composto pelas maiores empresas do ramo, está diante de desafios consideráveis, enfrentando uma competição acirrada tanto no mercado doméstico quanto no internacional. Nesse cenário, a sustentabilidade e a responsabilidade socioambiental emergem como questões prementes, impulsionadas pela crescente demanda da sociedade e dos consumidores por práticas mais ecológicas.

Adicionalmente, pressões de organizações ambientais e de direitos humanos destacam temas críticos como desmatamento, trabalho escravo e uso de agrotóxicos, afetando diversos aspectos da cadeia produtiva. Complicando ainda mais o quadro, a instabilidade econômica e política no Brasil pode impactar negativamente o acesso a financiamentos e investimentos.

Como resposta a esses desafios, as grandes corporações do agronegócio têm adotado estratégias diversificadas. A busca por competitividade se reflete na diversificação de produtos e mercados, investimentos substanciais em tecnologia e inovação para impulsionar a produtividade e reduzir custos.

Além disso, esforços significativos estão sendo direcionados para atender às crescentes demandas por práticas sustentáveis, por meio de programas de capacitação inovadores que visam o desenvolvimento de líderes, produtores, e a atração e retenção de talentos. A internacionalização, por sua vez, figura como uma estratégia crucial para a expansão da atuação e a diversificação dos mercados.

Mesmo diante de críticas, o agronegócio permanece como um pilar indispensável para a economia brasileira. Sua contribuição substancial para a geração de empregos, o desenvolvimento regional e o superávit comercial são aspectos inegáveis. O futuro desse setor promissor dependerá, em grande medida, da habilidade das empresas em se adaptarem às mudanças do mercado e às crescentes exigências por sustentabilidade e inovação.

Demonstrando sua resiliência, o agronegócio brasileiro se destaca nos números e iniciativas apresentados nesta edição. As 100 maiores empresas do setor registraram um aumento impressionante de mais de 20% nas vendas, impulsionado pela crescente demanda global por alimentos, fibras e bioenergia. As exportações atingiram recordes históricos, refletindo um desempenho notável no cenário internacional.

Os números apresentados pela lista Forbes Agro100, que integra a edição 113, revelam um impacto econômico imponente. As empresas listadas contribuíram com uma parcela expressiva de 22,5% para o PIB nacional, totalizando R$ 2,23 trilhões.

Além disso, o balanço comercial experimentou um notável aumento de 35%, evidenciando a influência positiva do agronegócio na economia brasileira. Com as vendas externas do setor representando cerca de 47,6% do total exportado pelo Brasil no último ano, fica claro o papel fundamental do agronegócio como motor essencial do comércio internacional do país.

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Cargill teve lucro recorde no Brasil em ano “sem concorrência” para o país

Em 2023, a gente [o Brasil] não tinha concorrência“. Ao contrário, havia fila de clientes querendo comprar produtos de origem brasileira, a única abundante no mercado internacional. Assim Paulo Sousa, presidente da Cargill no Brasil, descreve, à reportagem, o cenário do mercado de soja no ano passado, que levou a companhia a registrar resultados históricos.

O lucro líquido da maior empresa do agronegócio no país dobrou e atingiu o recorde de R$ 2,5 bilhões em 2023. A receita operacional líquida teve leve alta, saindo de R$ 125,8 bilhões para R$ 126,4 bilhões, também recorde, reflexo de um volume de comercialização que alcançou 51 milhões de toneladas, quase 25% superior ao de 2022.

O número inclui todas as mercadorias originadas, processadas e comercializadas pela Cargill, mas soja e milho representam os maiores volumes. E o forte crescimento em relação ao ano anterior se deveu justamente ao aumento das vendas de soja e milho, de acordo com Sousa.

A safra recorde de soja no Brasil em 2022/23, que alcançou 154,6 milhões de toneladas, é uma das explicações para o resultado do ano passado. Mas houve mais. Preços altos de grãos no mercado internacional, em função de incertezas geradas pela guerra na Ucrânia e da quebra da colheita de soja na Argentina, completaram o cenário que levou a Cargill a margens de esmagamento de soja também recorde, como média anual.

Enquanto a Argentina viveu uma “tragédia climática”, com quebra de mais de 50% da safra, o “ Brasil teve um bônus climático”. Houve “muito chuva no período mais importante de formação das safras, não só de verão quanto da safrinha”. O clima favoreceu a safra recorde e fez o Brasil ocupar espaço da Argentina. Ela disponibiliza oferta no mundo no mesmo momento em que os produtores brasileiros.

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Mercado de Máquinas Agrícolas no Agronegócio Brasileiro

O volume de produção e comercialização de máquinas agrícolas, a receita das fabricantes, o número de trabalhadores que se dedicam à atividade e os altos e baixos das exportações ajudam a compor um diagnóstico dessa indústria no Brasil. E ela própria é uma espécie de termômetro do agronegócio nacional. Entender a correlação entre resultados das colheitas e de fabricantes de equipamentos como tratores e colheitadeiras é um exercício que põe em cores vivas elementos que vão de problemas climáticos a juros, de demanda por alimentos a práticas sustentáveis.

Um olhar desatento sobre os resultados da indústria em 2023 e também nos primeiros meses deste ano pode sugerir que o quadro é exclusivamente negativo. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), as fabricantes comercializaram 68,9 mil máquinas agrícolas no ano passado, o que representou uma queda de 13,6% em relação a 2022. No primeiro bimestre deste ano, o volume foi de 6,1 mil unidades, ou 36,4% a menos do que o do mesmo intervalo de 2023. Para 2024, a entidade projeta nova queda de dois dígitos.

Mas esses números não contam toda a história – e as principais empresas do segmento têm usado argumentações do gênero com frequência. Um exemplo: se, por um lado, as vendas de máquinas agrícolas caíram de maneira expressiva em 2023, por outro, o volume de comercialização do ano passado foi o segundo mais alto da história.

A indústria de máquinas agrícolas habituou-se com ciclos de bonança e retração, segundo Pedro Estêvão, presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Equipamentos Agrícolas da Abimaq. “Faz parte do negócio”, disse ele em abril, ao comentar o declínio das vendas em 2023 e no início de 2024. “E mesmo com a queda nas vendas de mais de 20%, o setor só demitiu 1% porque sabe que logo vai precisar do trabalhador qualificado”.

O que a indústria de máquinas agrícolas explicita, com o declínio das vendas, é, principalmente, a desvalorização de soja e milho, as duas culturas agrícolas que mais geram divisas para o país. As cotações dos dois produtos dispararam no mercado internacional a partir de 2020, puxadas pelas restrições de oferta decorrentes da pandemia de covid-19 e, depois, pelas incertezas que surgiram com a guerra entre Rússia e Ucrânia. No ano passado, no entanto, os preços desses grãos entraram em queda, pressionados pela colheita volumosa em produtores importantes como Brasil, Estados Unidos e Argentina.

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Após 30 anos de NAFTA, México cresceu menos diante o Brasil, apesar da proximidade com os EUA

Humberto Saccomandi (Valor, 14/03/2024) informa: a área de livre comércio da América do Norte completou 30 anos em janeiro. Quando ela foi criada havia a expectativa de um grande benefício econômico para o México, o parceiro mais pobre do bloco.

Tem ainda EUA e Canadá. Mas, por vários motivos, esse benefício não se materializou. Nesse período, o México cresceu até menos que o Brasil. Começam a surgir sinais, no entanto, de que isso pode estar mudando.

Nos 30 anos entre 1994, quando o Acordo de Livre Comércio da América do Norte (Nafta) entrou em vigor, e 2023, a economia do México cresceu 79,9%, contra 102,1% da do Brasil. Os dados foram elaborados pelo Valor Data, com base em números oficiais do PIB dos dois países.

O Nafta, que foi renegociado em 2018 e rebatizado de USMCA (EUA-México-Canadá), reúne quase 500 milhões de habitantes, a maior parte com alto poder aquisitivo. Já o Brasil ao longo deste período fez parte do Mercosul, um acordo mais limitado e que inclui ainda Argentina, Paraguai e Uruguai, com cerca de 270 milhões de habitantes.

Abertura comercial deveria trazer mais crescimento e desenvolvimento. Então por que o México cresceu menos que o Brasil nesse período?

Fernando Nogueira da Costa: o ranking dos PIBs na América Latina coloca na seguinte ordem as maiores economias latino-americanas: Brasil com PIB de US$ 2,13 trilhões, México, US$ 1,81 trilhão, Argentina US$ 621,83 bilhões, Colômbia US$ 363,84 bilhões, Chile US$ 344,4 bilhões.

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Debate sobre o Retrocesso da Indústria Brasileira

Pedro Cafardo (Valor, 24/04/24) publicou em sua coluna um debate público relevante sobre a razão de a indústria brasileira ter perdida sua extraordinária pujança do período 1930 a 1980. Essa questão continua provocando divergências e inspirando trabalhos acadêmicos.

Em 26 de março, destacou um “paper” dos professores Antonio Marquetti (PUC- RS) e Pedro Cezar Dutra Fonseca (UFRGS). Analisa o processo histórico e sugere estratégias para a reindustrialização.

Volta ao tema para registrar algumas contestações ao trabalho e réplicas. Em resumo, Marquetti e Fonseca citam vários fatores determinantes da desindustrialização:

1. abandono do projeto nacional e desestruturação do Estado;

2. fortalecimento do poder econômico-político da burguesia financeira, fomentado pela elevação dos juros reais e dos lucros financeiros, enquanto a burguesia industrial perdia espaço;

3. reformas com liberalização do comércio;

4. privatizações de estatais, inclusive de bancos estaduais que financiavam a indústria;

5. aumento da dívida interna por causa dos juros elevados;

6. taxa de câmbio valorizada, com efeito negativo na competitividade da indústria.

Paulo Areas, administrador pela California C. University e empresário, em respeitosa discordância, enumerou seis fatores determinantes para a perda de pujança da indústria:

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Desindustrialização do Emprego

Dani Rodrik, professor de Economia Política Internacional na Escola de Governo John F. Kennedy da Universidade de Harvard, é presidente da AssociaçãoEconômica Internacional e autor de “Straight Talk on Trade: Ideas for a Sane World Economy”. Compartilho abaixo seu artigo (Valor, 19/04/24).

Os Estados Unidos estão numa onda de produção de semicondutores. No início de abril, a Taiwan Semiconductor Manufacturing Company (TSMC) anunciou planos para estabelecer uma terceira unidade no Arizona para fabricar os chips mais avançados do mundo, aumentando seu investimento no Estado para US$ 65 bilhões. O investimento da TSMC é fortemente subsidiado pelo governo dos EUA pelo CHIPS and Science Act. A empresa receberá US $ 6,6 bilhões em subsídios e está elegível para US$ 5 bilhões em empréstimos. Também pode reivindicar crédito fiscal de investimento de até 25% de suas despesas de capital.

Esta notícia segue o recente anúncio da Intel de que receberá uma doação ainda maior de US$ 8,5 bilhões do governo dos EUA (juntamente com US$ 11 bilhões em empréstimos em “generosas condições”). A Lei CHIPS destinou US $39 bilhões para essas subvenções e acordos adicionais estão em preparação. De acordo com a Casa Branca, apenas nos últimos dois anos, quase US$ 300 bilhões em investimentos industriais foram comprometidos nos EUA.

O presidente Joe Biden vê esses acordos como prova de um renascimento da indústria nos EUA. “Onde é que está escrito que não seremos a capital industrial do mundo novamente?”, pergunta ele. Seu governo pode não ter muito em comum com a anterior Casa Branca de Trump, mas certamente partilha uma preocupação com a revitalização da indústria.

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Baixo Investimento no Brasil diante o Resto do Mundo

Lucianne Carneiro (Valor, 10/04/24) informa: a taxa de investimento do Brasil em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) era, em 2022, inferior a nada menos que a de seis diferentes medidas de comparação internacional. O percentual de 17,8% do Brasil era menor que os 26,2% da média mundial, 22,8% do mundo sem incluir a China, 33,7% do grupo de países com renda média superior (os chamados UMICs), 21,7% dos UMICs sem Brasil e sem China, 22,5% das nações de renda alta e dos 21,5% da média da América Latina sem Brasil. E a taxa de investimentos caiu ainda mais em 2023, para 16,5% do PIB.

O retrato da situação dos investimentos no Brasil frente ao contexto mundial é de estudo do economista sênior da LCA Consultores Francisco Pessoa Faria, publicado no blog do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre).

Se a distância entre a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) no Brasil e em outros países é mais debatida, o trabalho traz um recorte adicional, que pouco é tratado nas comparações internacionais da taxa de investimentos: o dos grupos de ativos fixos (construção; máquinas e equipamentos e outros).

A taxa de investimento em construção no Brasil, na média entre 2010 e 2021, era de 8,9% do PIB no Brasil, abaixo dos 9,9% nos países de renda per capita alta e dos 13,9% nos países de renda per capita média alta.

Quando se considera a rubrica de máquinas e equipamentos, no entanto, a taxa no Brasil era de 6,8%, acima dos 6,3% dos países de renda alta e abaixo dos 8,6% dos de renda média alta.

No grupo outros – em que aparecem produtos de propriedade intelectual, como pesquisa e desenvolvimento de softwares -, o investimento no Brasil corresponde a 2,3% do PIB, menos da metade dos 4,9% dos países de renda alta.

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Do desenvolvimentismo à desindustrialização: Brasil, 1930-2022

Pedro Cafardo (Valor, 26/03/24) escreveu o artigo-resenha compartilhado abaixo.

O Brasil foi vítima de um longo e penoso processo de desindustrialização, embora alguns trabalhos ainda sustentem a velha tese de que tudo se tratou de uma natural tendência mundial de crescimento do setor de serviços.

Circula nos meios acadêmicos um novo trabalho dos professores Adalmir Antonio Marquetti (PUC-RS) e Pedro Cezar Dutra Fonseca (UFRGS) que joga mais luzes sobre as mudanças estruturais da economia brasileira de 1930 a 2022 e sugere estratégias para a reindustrialização. O “paper” (“Do desenvolvimentismo à desindustrialização: Brasil, 1930-2022”) explica a vigorosa industrialização do país nos 50 anos do chamado “período desenvolvimentista”, de 1930 a 1980. E analisa a veloz desindustrialização dos 40 anos seguintes, “período de neoliberalismo e financeirização”.

São marcantes a velocidade e a intensidade tanto da ascensão quanto do descenso da indústria brasileira. A indústria ganhou impulso expressivo em plena Grande Depressão. A participação da indústria no PIB passou de 10% em 1930 para 17,5% em 1947 e 27,3% em 1986. Observa-se a intensidade desse processo ao comparar o PIB industrial brasileiro com o dos EUA: em cinco décadas, essa relação subiu de 3,4% para 15%.

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Brasil Rico com Brasileiros Pobres: Baixe o Livro

Segundo a Matriz do Patrimônio Financeiro, elaborada pelo Banco Central do Brasil, em dezembro de 2022, o estoque do Patrimônio Financeiro Bruto (PFB) da economia brasileira, incluindo ativos e passivos com não residentes, alcançou R$ 72,6 trilhões, equivalente a sete vezes o PIB. O saldo consolidado, excluindo posições intrasetoriais (em média, cerca de 18% do PFB), atingiu R$ 59,3 trilhões (seis vezes o PIB).

Interessante registrar: segundo a OXFAM, a riqueza global total em 2022 foi de US$ 454,38 trilhões.  Segundo o Banco Mundial, o PIB do planeta, isto é, a soma da renda gerada em 183 países, naquele ano, alcançou US$ 83,38 trilhões de dólares. A riqueza equivale a quase seis vezes o PIB planetário: é chave, para entender a economia mundial, descobrir onde ela se aloca.

Para uma abordagem sistêmica ou holista, no sentido de entender a essência da economia brasileira, pelo Censo de Capital Estrangeiro, efetuado pelo Banco Central do Brasil, com 2.461 declarantes (participação no capital de 18.285 empresas), o estoque de IDP em 2022 atingiu US$ 1,056 trilhão.  O  estoque IDP (participação no capital) / PIB foi a 42,4% contra 6,1% em 1995, ou seja, a abertura externa como componente-chave da globalização neoliberal levou à grande desnacionalização da economia brasileira.

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Trem bão… Daqui a 7 anos, se sair… Mas sou mineiro desconfiado…

Os trens que vão fazer conexão entre São Paulo e Campinas só devem entrar em funcionamento em 2031, mas as regras para os modelos e serviços estão definidas desde já.

No edital do chamado TIC (Trem Intercidades) Eixo Norte, o Governo de São Paulo detalhou as exigências que a concessionária precisará seguir na construção e operação do trem de média velocidade.

Para a frota, deverão ser adquiridos 15 trens, que poderão ser de dois tipos. O primeiro —e mais comum— é o single decker, com 12 carros de no máximo 300 metros de comprimento e capacidade para até 1.100 passageiros sentados.

O segundo é o double decker, de dois andares, com no máximo 150 metros e capacidade para 860 passageiros.

De acordo com o edital, a concessionária ficará responsável por propor o modelo, demonstrando que o tipo de trem atende a todas as exigências de infraestrutura.

Os veículos também precisarão ter tração elétrica e atingir a velocidade máxima requerida, de 140 quilômetros por hora. Com isso, o deslocamento entre São Paulo e Campinas deve ser percorrido em 1h04.

É obrigatório que os carros tenham ar-condicionado e contemplem uma área “multifunções” ampla para permitir o transporte de carga como carrinhos de bebê, bicicletas e malas de viagem. Além disso, deverão ter suportes que permitam fixar pelo menos quatro bicicletas.

Os bancos serão individuais, podendo ser no esquema 3+2. As poltronas terão espaço para esticar as pernas, além de tomada e mesa dobrável.

O governo também determinou que a tarifa máxima para a viagem de São Paulo a Campinas seja de R$ 64. A concessionária vai poder cobrar os R$ 64, mas haverá outras faixas de preço para que se atinja a média de R$ 50.

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Importação menor reduz Déficit Comercial da Indústria

O déficit do balanço comercial da indústria de transformação caiu de US$ 61,1 bilhões em 2022 para US$ 41,2 bilhões em 2023, mas foi influenciado sobretudo pela queda de importações. A redução do saldo negativo contribuiu para o superávit recorde de US$ 98,8 bilhões da balança comercial total do país em 2023.

Em 2023, as vendas externas de bens da indústria de transformação encolheram 2,3% ante 2022, para US$ 177,2 bilhões. Foi a primeira vez desde o choque da pandemia de covid-19, em 2020, que houve queda. Ao mesmo tempo, as importações da indústria recuaram 10% contra 2022, uma queda de magnitude comparável ao recuo de 13,2% em 2020, como resultado da pandemia de covid-19. Os dados são do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi).

A origem da queda de importações é creditada ao baixo dinamismo da indústria de transformação, cuja produção caiu 1% em 2023, mas também ao recuo de alguns preços internacionais, influenciados pelas cotações de commodities, como derivados de petróleo e produtos químicos.

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Economia do Futuro: Estratégia para o Brasil

Glauco Arbix é professor da USP, pesquisador do Observatório da Inovação e do Centro de Inteligência Artificial-USP-Fapesp-IBM.

Fernanda De Negri é especialista em inovação e diretora do Ipea.

Helena Nader é professora emérita da Unifesp e presidente da Academia Brasileira de Ciências

Laércio Cosentino é engenheiro pela Escola Politécnica-USP e chairman da Totvs.

Pedro Wongtschowski é doutor em engenharia, empresário e membro do conselho de diversas empresas e de entidades da área de CT&I

Apesar do “viés uspiano”, publicaram artigo importante para o debate público (Valor, 04/03/24).

O grupo de Economia do Futuro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social Sustentável (o Conselhão) apresentou ao Presidente da República a sugestão de um programa para a construção de Polos Tecnológicos de Alto Impacto, a serem articulados pelo governo federal com empresas, universidades, governos estaduais e municipais, e que podem potencializar a inovação e a pesquisa em diferentes regiões do país. O Brasil tem ciência, tecnologia e empreendedores capazes de entregar resultados transformadores da nossa economia e de gerar produtos para o mercado mundial.

A proposta apresentada no Conselhão recomendou o polo de combustíveis do futuro baseado na expertise e capacidade de articulação da USP; e sugeriu a construção de um centro de biotecnologia avançada, via parceria da Fiocruz com Butantan, para direcionar os esforços da saúde para terapias de impacto que o país ainda não domina, como produção de vacinas e outros insumos com base nas tecnologias de mRNA e das técnicas para produção de imunoterápicos.

Com o mesmo olhar para o futuro, foi recomendado um programa para potencializar o que temos de melhor na Amazonia, com base na biodiversidade, na floresta e no conhecimento acumulado ao longo de décadas; e ainda uma articulação nacional dos núcleos de pesquisa em Inteligência Artificial (IA) para tratar do grande ativo brasileiro sedimentado em bancos de dados preciosos do SUS, IBGE, Inep e outros.

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